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A ofensiva reacionária de Witzel no Rio de Janeiro


A eleição de Wilson Witzel para governador do Estado do Rio de Janeiro em apenas seis meses já mostra a que veio, chocando o mundo inteiro com o avanço incessante da política de extermínio e humilhação do povo marginalizado do estado. O governador que por sua vez foi eleito surfando na popularidade da candidatura de Bolsonaro, surfa agora na impopularidade crescente do mesmo, buscando desvencilhar-se da imagem à qual outrora buscou proximidade. Visando uma possível candidatura à presidência em 2022, Witsel tenta a todo vapor criar uma imagem positiva entre os setores mais reacionários e despolitizados da sociedade, fantasiando uma imagem de combate rigoroso à criminalidade - intenta passar uma sensação de que não é ineficiente como o presidente para lidar com essas questões, mostrando-se alguém capaz de levar a cabo o discurso “antibandido” - com um altíssimo crescimento nos números de apreensões, prisões e mortes de supostos bandidos. O povo do Estado do Rio, portanto, sofre em níveis cada vez maiores com a vitrine criada para a campanha política do governador e não somente, haja vista o absurdo caráter anti-povo do “trabalho” dos deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) que dão todos os sinais de que pretendem coadunar com a política de reacionarização e aumento da repressão por parte do Governo do Estado. Os custos desse avanço já caracterizam um terrível recorde que o povo, sobretudo pobre, está sendo forçado a arcar com.

Os primeiros seis meses de 2019 já produziram um número gritante de casos emblemáticos de injustiça, covardia e genocídio que marcarão eternamente a história do povo Fluminense desde então. O recrudescimento da militarização do estado aumenta exponencialmente e deixa em alerta todos os setores minimamente democráticos da sociedade. Dificilmente será possível o esquecimento do músico negro alvejado por 80 tiros quando estava no carro com sua família; dificilmente serão esquecidos aqueles seis jovens assassinados em apenas cinco dias, condenados por serem pretos/pardos e pobres. Ou as granadas atiradas por cima das casas de moradores da comunidade Cidade de Deus, como esquecer!? Não há demagogia nem cara de pau no mundo que apague o fato de que nesse primeiro semestre a polícia bateu seu recorde de assassinatos: é a polícia mais assassina que o povo do RJ já testemunhou em vinte anos! Os dados evidenciam aquilo que a população periférica enfrenta em seu dia a dia. De acordo com o​ Instituto de Segurança Pública (ISP), só em julho desse ano os policiais assassinaram 194 pessoas. Do início do ano até o sexto mês foram 900 mortes que, agora, nesse início de setembro, já converteram-se em quase 1100. Contudo o senhor governador, cínico e canalha como é, chega ao absurdo de atribuir esse número de mortes de inocentes aos “defensores dos direitos humanos”.

O mais curioso dentro desse levantamento de tenebrosos dados se dá no fato de que, nesse primeiro semestre, dentre toda essa pilha de cadáveres acumulada pelo braço armado e genocida do Estado do Rio, nenhuma dessas mortes se deu em áreas controladas pelas milícias. 900 pessoas foram assassinadas em 6 meses no RJ e nenhuma delas morreu em território miliciano. Isso, por si só, já seria suficiente para no mínimo levantarem seríssimas suspeitas sobre o envolvimento de Witzel com as milícias, ao utilizar seu aparato de violência para garantir que as milícias tenham êxito em suas contradições com alguns setores do crime organizado e com a própria população, ajudando a milícia a se estabelecer e conquistar mais territórios em função de uma completa militarização do estado e subjugação do povo. Contudo isso não é tudo, haja vista que o Secretário da

Polícia Militar de Wilson Witzel, Rogério Figueredo, era o comandante do 18​º Batalhão da Polícia Militar do Estado, que por sua vez recebia propinas da milícia comandada por Orlando Curicica, para atuar com liberdade na região. Isso explica o grande salto militar que o governador sinaliza querer dar ao defender o fim das delegacias de polícia, substituídas por Distritos Policiais comandados pela prórpia PM, não mais pela Polícia Civil. Wizel quer retirar dessa segunda a função de registro de ocorrências e atendimento ao público, limitando a mesma aos serviços investigativos para que, nas palavras do próprio, somente a PM lide com a população, defendendo em todas as letras o fechamento de portas das delegacias:  "A porta de acesso da população ao sistema de Justiça tem que ser a Polícia Militar. (...) O policial militar na rua não precisa ir à delegacia. A mesma coisa é o termo circunstanciado. Criamos alguns dogmas que termo circunstanciado não pode ser lavrado por autoridade policial que não seja judiciário. Outro paradigma que não tem sentido. Precisamos evoluir sem essa pilastra. Lavratura de boletim de ocorrência dos PMs nas ruas"

A fala do governador foi prontamente rechaçada pelos delegados da Polícia Civil, sobretudo por se tratar de uma intenção que fere a constituição. Alguns chegaram inclusive a entrar no mérito de criticar a militarização desenfreada do estado, denotando que até setores à direita da sociedade estão se assustando com as políticas militaristas do governo. É evidente que as delegacias de polícia não cumprem, longe disso, qualquer função democrática à população, pelo contrário, age a serviço da justiça reacionária anti-povo. Contudo deve ser identificada nessa política militarista o absurdo que é. A política do governador Witzel não é de fato orientada a melhorar a relação da população com o sistema de justiça, mas sim entregar toda a autonomia possível aos seus cães armados e treinados para prender, matar e extorquir, para agudizar em níveis qualitativos a militarização das vidas do povo Fluminense.

O governador, contudo, não é o único no Estado a se debruçar sobre o recrudescimento da militarização do cotidiano que visa colocar a PM corrupta e fascista como elemento cada vez mais soberano (justamente por essa refletir na prática as políticas reacionárias do Estado burocrático da maneira mais crua possível) e incontestável. Deputados do PSL intentam agora expandir essa super militarização para dentro das Universidades Estaduais do Rio, através dos Projetos de Lei 623/2019 que por sua vez encarrega a PM de planejar a segurança dos espaços universitários, e o PL 635/2019 que, para piorar, autorizaria o estabelecimento fixo de Unidades de PMs dentro das universidades estaduais. O estado, tanto representado pelo governador quanto pelos deputados, se debruçam sobre uma política grosseira de super militarização forçada e rápida. O estado do Rio de Janeiro planeja expandir ao máximo possível seus tentáculos militarizados para sufocar e abafar o povo. O objetivo está dado e ele é claro: aumentar cada vez mais a disparidade de forças, investir na completa submissão da população diante de um Estado armado até os dentes para pisar, roubar, matar e humilhar o povo.

Por Ângelo Martínez.

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HISTÓRIA DAS
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