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Façamos de Elisa Branco nossa inspiração na luta de solidariedade à Venezuela


O imperialismo norte-americano e a tríade dos governos fantoches da Colômbia, Peru e Brasil têm tentado, abertamente, arrastar os povos latino-americanos para uma guerra de agressão contra a Venezuela. Nossos povos e nem mesmo as burguesias locais, com exceção de um pequeno e riquíssimo setor de grandes compradores e burocratas, acomodados com o poder do velho Estado, têm algo a ganhar com tal guerra, mas tudo a perder. Só quem ganha são os conglomerados industrial-militares dos Estados Unidos e Israel, suas oligarquias financeiras e industriais. Querem destruir a Venezuela e ali causar um genocídio e destruição em massa para que posteriormente suas empresas acumulem lucros bilionários com projetos de “reconstrução”. De brinde, apoderam-se das maiores reservas de petróleo da humanidade até então conhecidas.

Bolsonaro e Mourão tentarão jogar os filhos do povo, principalmente os mais pobres, para morrerem na Venezuela e nas fronteiras, ou como bucha de canhão ou por doenças comuns na região. Ademais, nunca uma guerra de agressão contra a Venezuela limitar-se-ia a seu território. Sem sombra de dúvidas, deflagraria conflitos armados por toda a América Latina, transformando nosso continente num novo Oriente Médio.

Por esta simples razão, a solidariedade à Venezuela e seu povo e a luta contra a guerra imperialista que está por se gestar são tarefas para ontem, que cabem a todo o campo democrático e progressista de nosso país. Não se trata apenas de uma sagrada tarefa internacionalista de defesa de um povo irmão e fraterno, dado que a eclosão de uma guerra de agressão, como defendemos, traz implicações profundas para o Brasil e nosso povo. Ingênuos ou traidores são os que recuam ou negam abertamente a centralidade de tal tarefa, sob pretexto de a “esquerda”, por seu caráter “humanista”, não poder apoiar “ditadores” ou “regimes autoritários” como aquele que supostamente haveria na Venezuela.

A despeito de todos os alaridos por parte dos vendilhões de nossa pátria e da “esquerda” de fachada, os verdadeiros democratas e patriotas seguem fundando comitês de solidariedade à Venezuela por todo o país e desenvolvendo grandes e criativas ações em apoio ao país e contra a guerra de agressão.

O movimento brasileiro de solidariedade à Venezuela e seu povo (ou, mais exatamente, os movimentos), bem como os agrupamentos ou comitês que deste derivam, terão muito mais ânimo e poderão se fortalecer muito mais caso conheçam os exemplos históricos de solidariedade anti-imperialista pela paz e de luta contra as guerras de agressão. Ainda que não sejam amplamente conhecidos, tais exemplos de luta existem orgulhosamente na história do movimento comunista brasileiro.

Em meados do ano de 1950, o imperialismo norte-americano, em conluio com as tropas da Coreia do sul, iniciou uma guerra de agressão contra a Coreia do norte que seguia pelo caminho democrático-popular e pela perspectiva da construção do socialismo. Nesta guerra injusta e de agressão, o lobby americano conseguiu mobilizar tropas de quinze países satélites, muitos dos quais países do Terceiro Mundo como o nosso.

O então “presidente” brasileiro, Gaspar Dutra, capacho dos norte-americanos, declara sua intenção de enviar um exército “voluntário” (com muitas aspas!) de 20 mil soldados brasileiros para derramar seu próprio sangue e o sangue do povo coreano ao lado dos bandidos imperialistas.

Tal declaração gerara uma enorme indignação entre o povo brasileiro. A partir desta época, o Partido Comunista do Brasil (PCB), conduzira uma grande e criativa campanha de solidariedade anti-imperialista ao povo coreano e aos povos asiáticos em luta, pela paz, e contra o envio de tropas brasileiras para lutarem na Guerra da Coreia.

Nesta histórica campanha de solidariedade e contra a guerra imperialista, destacou-se mais que ninguém a grande militante comunista Elisa Branco.

Então uma jovem operária costureira, que ingressara no PCB pela grande admiração que tinha por Luís Carlos Prestes, conta uma anedota da época que, numa sede do Partido em São Paulo, quando todos escutavam o rádio, de repente começou o pronunciamento de Gaspar Dutra falando sobre enviar tropas brasileiras para a Coreia. Com a notícia, iniciou-se uma acalorada polêmica entre os presentes, uns recuando nas propostas de ações mais ousadas de solidariedade, outros insistindo na necessidade de se conduzir ações solidárias à Coreia a despeito de todas as dificuldades. Elisa Branco, que estava presente na ocasião, colocou-se ao lado dos segundos.

Durante as comemorações da farsa do “Dia da Independência” do 7 de setembro do ano de 1950, realizadas no Vale do Anhangabaú da cidade de São Paulo, Elisa Branco saiu em meio à multidão e estendeu diante de todos, até mesmo dos soldados, uma grande faixa de protesto com os seguintes dizeres: “Os soldados, nossos filhos, não irão para a Coreia!” Tal ação de protesto, que pareceria modesta em períodos de maior liberdade política, fora de uma ousadia sem tamanho numa época de grande repressão fascista em nosso país, quando não fazia muito tempo que Dutra, seguindo os ditames do chefão do imperialismo ianque, Harry Truman, cassara os mandatos da bancada de deputados do PCB.

Após estender a faixa contra o envio de tropas brasileiras para a Coreia em meio à marcha militar, Elisa Branco não conseguiu correr e fora logo em seguida detida e posteriormente encarcerada pela polícia de Dutra. A detenção que imaginara durar apenas algumas semanas logo se estendeu por quase dois anos. O regime fascista de Dutra enquadrou-a uma lei “anti-subversiva” da época que pretendia mantê-la encarcerada, na verdade, por muitos e muitos anos.

Ainda que imaginasse conseguir com tal ação criminosa espalhar pânico entre os membros do PCB e os movimentos de massas democráticos, Dutra não calculara que manter Elisa Branco presa por quase dois anos fora na verdade um grande tiro no pé. Longe de amedrontar o PCB e os movimentos de massas, a campanha que o Partido começara a conduzir pela libertação de Elisa Branco ganhara repercussões internacionais e desmoralizava politicamente ainda mais o regime de Dutra. Paralelamente à campanha pela liberdade de Elisa Branco, a campanha de solidariedade à Coreia e contra o envio de tropas brasileiras ganhara formas ainda mais ousadas e combativas.

Durante as madrugadas, a juventude do PCB organizava-se às centenas para sair por São Paulo e outras grandes cidades, pintando em dezenas e centenas de muro palavras de ordem clamando por liberdade para Elisa Branco e solidariedade ao povo coreano em sua luta anti-imperialista e pela paz.

Nas fábricas e empresas, não passava uma semana sequer sem que os operários e empregados escutassem do PCB a verdade sobre o que se estava a passar na Coreia.

Nos blocos de carnaval, criativamente o PCB e seus membros faziam paródias com marchinhas de carnaval que animavam os foliões a cantarem contra a guerra de agressão à Coreia. Modificando a famosa marchinha É com esse que eu vou, assim o povo brasileiro nos blocos de carnaval cantava, aos milhares: Pra a Coreia não vou nem amarrado/Não vou não/Pra a Coreia não vou/Não dou pra bucha de canhão/Quem quiser me mandar/Que vá primeiro lá por mim/E me diga se é bom morrer assim.

Conta-se também que, na época, o conglomerado midiático Diários Associados realizava em seus jornais uma campanha quase que diária para o envio de tropas brasileiras para a Guerra da Coreia, “causa” esta cujo dono, o fascistóide Assis Chateaubriand, era um grande entusiasta. Num certo dia, milhares de membros da juventude do PCB entraram na sede do prédio onde funcionava a Diários Associados, seus dirigentes fizeram calorosos discursos contra o envio de brasileiros para lutarem na Coreia, enquanto pichavam nas paredes do prédio palavras de ordem anti-imperialistas e saíram após colocarem fogo num boneco de Chateaubriand.

O movimento democrático conduzido pelo PCB ganhava tamanha repercussão que, contando também com o apoio do movimento democrático mundial encabeçado pela União Soviética e outros países socialistas, o regime de Dutra passava a ter muito mais a perder do que ganhar mantendo presa Elisa Branco e enviando soldados seus para morrerem na Coreia. Por fim, o movimento pela paz e pela libertação de Elisa fora vitorioso. Em meados de 1952, a mesma fora solta e acabou por receber anistia do regime de Dutra, ganhando fama mundial pelo seu heroísmo e resistência contra a guerra imperialista. No final deste mesmo ano, Elisa fora recebida na Polônia socialista com honras típicas de chefe de Estado, e recebera das mãos de históricos dirigentes comunistas o Prêmio Stálin da Paz. A heroína comunista falecera em São Paulo no ano de 2001, com 88 anos de idade.

Mesmo que estas histórias tão heroicas de luta sejam ainda desconhecidas pela maior parte de nosso povo e mesmo pela maioria dos que em nosso país se reivindicam socialistas ou comunistas, ainda assim o povo brasileiro em sua indignação já parece seguir caminhos parecidos aos traçados pelos grandes comunistas no passado. Gritos e palavras de ordem de escracho já estão desmoralizando e desgastando o rato fascista Bolsonaro e, na esteira, todo o atraso cultural e obscurantismo que este representa. Nos mesmos blocos de carnaval, faixas de solidariedade à Venezuela e contra a guerra imperialista foram erguidas em diversos estados do país.

Durante manifestações do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora da última sexta-feira, na Avenida Paulista, mulheres e moças militantes levantaram faixas com os dizeres “América Latina resiste! Fora Trump e Bolsonaro da América Latina!”.

A necessidade do amplo movimento de solidariedade à Venezuela está dada, e a figura de Elisa Branco está aí para nos motivar e inspirar.

Ao trabalho.

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