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Eleições nos EUA: duas faces da mesma moeda


Mais uma crise do sistema capitalismo/imperialismo assola o mundo. O império do caos em decadência, que impõe aos povos livres da terra políticas destrutivas, não se encontra nos seus melhores momentos. A sua liderança mundial no plano diplomático, geopolítico, financeiro e econômico está na corda bamba graças ao fortalecimento de uma integração euroasiática que possui como protagonistas Rússia e China. Está se configurando a disputa crucial que poderá definir os rumos do século XXI: OTAN (EUA) x integração da Eurásia. Além da perda de suas zonas de influência no Oriente Médio e em outras localidades, acontecimentos forçam os EUA a se virarem para o seu quintal, a América Latina, golpeando todas as ilusões progressistas do século XXI. Uma possível reorganização na ordem mundial pode estar sendo efetuada, possibilitando algum limite para a tirania exercida pelo imperialismo chefiado pelos Estados Unidos.

O passado nos ensina que uma potência é mais perigosa quando está prestes a perder sua hegemonia do que em seu auge. O medo dos EUA em perder sua liderança mundial não vem de hoje, mas remonta os anos da Guerra Fria:

"Nosso primeiro objetivo é impedir a re-emergência de um novo rival (...). Para isso, temos de assumir a missão de impedir que qualquer potência hostil domine uma região cujos recursos sejam, sob controle consolidado, suficientes para gerar poder global. Essas regiões incluem a Europa Ocidental, o Leste da Ásia, o território da União Soviética e o sudoeste da Ásia.” (Manual de Defesa de Planejamento do Pentágono após queda da URSS.)

Como em muitos momentos do século XX, as eleições nos Estados Unidos vão moldar os eventos que se avizinham ao redor do globo por no mínimo quatro anos. Qualquer um que for eleito irá se deparar com a missão de conduzir o Império em uma de suas maiores crises. Muitos esquecem que nos EUA, acima dos candidatos, existe o que se costuma chamar de “política de Estado”. O poder é regido por um pequeno grupo mafioso que se articula em prol de seus interesses financeiros e militares. Em resumo, independentemente de quem for eleito, terá que dançar conforme a música. O futuro presidente terá que se desdobrar perante a conjuntura interna e externa. O dito terceiro mundo se desterritorializou, hoje ele se encontra na Europa, Japão e Estados Unidos. A pobreza não cessa de crescer (1) e a desigualdade social vêm aumentando. “Neste país que tanto vocifera sobre a “igualdade” e “felicidade de toda a população” o número de moradores de rua chega a mais de 500 mil, dos quais os negros africanos são 40,4%.”.(2)

O sistema de saúde dos EUA é um dos mais assassinos do mundo; a economia está beira da recessão; o descontentamento da opinião pública sobre as aventuras bélicas pelo mundo só cresce; o massacre da população negra pela polícia aumenta (3); o trabalho infantil estima que ''milhares de menores, em sua maioria filhos de imigrantes latino-americanos, trabalham até 50 e 60 horas semanais só nas plantações de tabaco, sem contar quantos milhares estão noutros trabalhos não menos perigosos.” (4) e a violência e o desemprego, que só crescem neste país que espalha para o mundo os valores de liberdade e dos direitos humanos.

“Hoje também, sob a “estátua da deusa libertadora” dos EUA, vagueiam os desempregados e as pessoas vivem a intempérie e cometem cada vez mais homicídios, sabotagens e crimes de toda índole. O terrorismo estatal, tortura, discriminação racial, violência horrível e outros atos ilícitos contínuos estão ameaçando os direitos e a vida do ser humano.” (5)

Como escreveu o economista estadunidense Joseph Stiglitz: os Estados Unidos se tornou um país “dos 1%, pelos 1% e para os 1%”.

Em relação às questões externas, as dificuldades aumentam com o acirramento dos conflitos na Síria, Ucrânia, Afeganistão, Iraque, Iêmen e Somália. E o pior cenário de todos: um possível conflito de maiores proporções contra o eixo Moscou-Pequim. O poder dos EUA pode estar minguando em âmbito global, tanto na questão militar como diplomática.

Exposto o cenário interno e externo, vamos aos candidatos. O odioso Donald Trump é um empresário bilionário que representa a extrema direita norte-americana, agrupada no TeaParty, que atua dentro do Partido Republicano. O discurso nacionalista, xenofóbico e racista que caracteriza a sua forma estúpida e grosseira de se expressar é o retrato da degradação extrema pela qual passa este Partido.

Uma das bandeiras principais levantadas por Trump e sua camarilha é a questão dos imigrantes. Ele defende a deportação dos latinos que moram nos EUA; defende a ideia estapafúrdia da construção de um muro na divisa com o México, além de querer proibir a entrada de muçulmanos – população que ruma em direção a Europa e América devido à destruição causada pela política imperialista de potências como EUA, França e Alemanha em seus países. O candidato do Partido Republicano alega que os imigrantes levam o sistema de saúde e educação ao colapso, provocam o rebaixamento dos salários, além de “roubarem” os empregos dos estadunidenses. Discurso puramente fascista, que lembra o ódio disseminado contra os judeus durante o III Reich. Trump é o representante dos policiais, dos racistas fanáticos e extremistas.

Donald Trump vem reproduzindo uma oratória relativamente pacífica perante as relações entre EUA e Oriente Médio/Rússia. Deseja mudar a posição de Washington sobre a OTAN, tirando os Estados Unidos da América dos conflitos internacionais. Posicionamentos que tendem a não se concretizar, caso ele seja eleito, dada a própria natureza do imperialismo. O governo não descarta a possibilidade de um ataque nuclear contra a Rússia, evento que Hillary Clinton apoia efusivamente; enquanto Trump diz que “não vai disparar o primeiro ataque.”

Do outro lado, Hillary Clinton é uma advogada que sempre esteve envolvida com a política. É esposa do ex-presidente americano Bill Clinton. Em 2000 se elegeu senadora pelo Estado de Nova York e no ano de 2008 disputou as primárias pelo Partido Democrata. No dia 1º de dezembro, Obama anunciou formalmente que Hillary seria a sua candidata à secretária de Estado. Clinton se posta como a candidata da democracia e da liberdade (velho discurso ardiloso) e das minorias, como os homossexuais e latinos. Mas sabemos qual é a verdadeira face da “açougueira”.

Ela pertence à ala neoconservadora do Partido Democrata, que no presente momento substitui os republicanos como partido da guerra. Hillary é a representante do Pentágono e da OTAN, como também do complexo de Wall Street/Indústria militar e de espionagem. Isso fica evidente no financiamento de sua campanha, pois nos EUA o “dinheiro serve de nutriente da política” (6), ou seja, Clinton é a representante do todo poderoso establishment estadunidense e a menina dos olhos dos sionistas.

A ex-Secretária de Estado integra um quadro obsoleto do Partido Democrata que não apresenta nenhum ar de renovação como parecia ser a figura de Obama, o primeiro presidente negro, nas eleições de 2009. Hillary e seus apoiadores adotam o discurso de “primeira mulher presidente” para suavizar a imagem da “candidata dos drones”: a personificação da violência imperialista.

No 1º mandato de Obama (2009-2013), Hillary comandou um dos mais horrendos crimes das últimas décadas: a total destruição da Líbia de Gaddafi, em 2011. Na época, devido a sua grande insistência e ao apoio dos EUA, a OTAN lançou 9.700 “incursões de ataque” contra o país africano, dizimando a vida de milhões de civis. Entre 2011 e 2012 Hillary usou o seu telefone celular para aprovar assassinatos por via de drones no Paquistão e em muitos países(7). Hillary também foi articuladora da deposição de governos em países como Egito e Tunísia, e vem desempenhando papel destrutivo na Síria.

Trump e Hillary darão continuidade à política incisiva de agressão externa que remonta aos anos 90 com Bill Clinton. A chamada 2ª Guerra Fria (para não falar de um conflito direto entre potências), como defendem alguns analistas, a desestabilização de governos que batem de frente com os interesses norte-americanos, independentemente de quem venha a ser eleito, também tendem a continuar a todo vapor.

Tomando como base o passado horrífico da candidata belicista, acaso seja eleita, podemos pensar que logo as agressões da OTAN à Rússia e China podem se acirrar, bem como na Ucrânia e Oriente Médio. Na Síria de Assad, Clinton vai tentar reverter o quadro adverso para o imperialismo deixado por Obama nos seus últimos anos de governo.

A questão do Mar da China também assombra a representante dos senhores da guerra, já que metade do comércio mundial se movimenta por essas águas. Em 2010, Hillary anunciou na conferência de Hanói, capital do Vietnã, que os EUA possuíam interesse em ver respeitada a lei internacional no Mar da China. Analistas apontam que foi a partir daí que o choque entre os Estados Unidos e a potência asiática se iniciaram neste delicado assunto. A eleição do presidente anti-imperialista Rodrigo Duterte nas Filipinas também vem complicando a vida do imperialismo nessa região nevrálgica.

A candidata deixou claro que poderá usar a força militar e fazer, se necessário, “mudanças de regime” em países que se intrometam no caminho dos interesses norte-americanos. Clinton está pronta para ir à guerra contra a Rússia na Síria, reinventando a doutrina George W. Bush. Agora teremos um “eixo do mal remixado: Rússia, Irã e o regime Assad” (porque não também Coréia do Norte e Venezuela?), como diria o jornalista especialista em análises geopolíticas Pepe Escobar.

Basta estudar a história dos Estados Unidos, bem como o caráter do imperialismo, para sabermos que seja com Republicanos ou Democratas na presidência, nada de estrutural mudará. O imperialismo norte-americano insiste em levar a sua “democracia” para os “povos bárbaros”, mas sabemos que os EUA é um dos países menos democráticos e dos mais tirânicos do mundo, sendo o carro-chefe do imperialismo mundial. “Onde quer que os Estados Unidos intervieram, como o “specific goal of bringing democracy”, a democracia constitui-se de bombardeios, destruição, terror, massacres, caos e catástrofes humanitárias. “Entraram para defender suas necessidades e interesses econômicos e geopolíticos, seus interesses imperiais.” (8).

O economista marxista argentino Jorge Beinstein definiu perfeitamente a conjuntura das eleições presidências nos Estados Unidos: “Tanto Clinton como Trump oscilarão entre o belicismo, cada vez mais ensandecido, e a busca de acordos provisórios com os seus rivais. Cada um deles fará de acordo com o seu estilo. Trump aos gritos e Clinton com bons modos.” Em 239 anos de existência dos EUA, 218 foram anos de guerra, apenas 21 de paz, e quem sentar na cadeira de presidente vai dar continuidade à política imperialista da destruição.

Fontes:

1- http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/02/internacional/1451775291_943339.html

2-http://www.novacultura.info/single-post/2016/10/14/Desenfreia-se-impunemente-a-discrimina%C3%A7%C3%A3o-racial-nos-EUA

3-http://www.novacultura.info/single-post/2016/10/14/Desenfreia-se-impunemente-a-discrimina%C3%A7%C3%A3o-racial-nos-EUA

4-http://www.novacultura.info/single-post/2016/07/02/Estados-Unidos-e-o-trabalho-infantil

5-http://www.novacultura.info/single-post/2016/10/04/EUA-l%C3%ADder-da-viola%C3%A7%C3%A3o-dos-direitos-humanos

6-http://www.novacultura.info/single-post/2016/09/20/Divers%C3%A3o-com-dinheiro-elei%C3%A7%C3%B5es-presidenciais-nos-EUA

7-https://br.sputniknews.com/mundo/201606115047767-hillary-clinton-celular-aprovar-assassinatos-drones/

8- “A Desordem Mundial: O Espectro da Total Dominação” Luiz Alberto Moniz Bandeira (p.513).

por André de Lucas

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