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"Balanço do colapso da URSS: sobre as causas de uma traição"



Na União Soviética, primeiro Estado socialista do mundo, país natal de Lenin e de Stalin, onde, após esforços heroicos e sacrifícios imensos, os trabalhadores criaram uma nova sociedade sem classes exploradoras, neste país, caro aos revolucionários do mundo inteiro, o capitalismo foi agora restaurado.


É dever de todos os revolucionários do mundo inteiro refletir sobre as causas desta tragédia e fazer uma análise meticulosa dos fatos.


Obviamente, capitalistas dos cinco continentes aproveitaram este acontecimento inesperado para propagar milhões de vezes a mensagem de que “o socialismo não funciona e o capitalismo cria prosperidade”. E, em todos os países, os oportunistas desertaram para o lado da democracia imperialista, fechando os olhos ao fato do capitalismo, que “funciona tão bem”, assentar-se sobre milhões de cadáveres, vítimas da opressão e da exploração do Terceiro Mundo.


Porém, ecoava ainda o clamor da vitória histórica do capitalismo, tivemos de concluir que o restabelecimento do capitalismo na Europa Oriental e na União Soviética havia agravado todas as contradições fundamentais no mundo e que nos aguardavam convulsões e agitações. Longe de testemunharmos o fim da história, como havia declarado um membro do governo norte-americano, ou assistirmos ao fim da luta de classes, estávamos no início de uma nova fase da luta global dos oprimidos contra um sistema imperialista mundial que se tornara incompatível com a simples sobrevivência de centenas de milhões de seres humanos. Efetivamente, a revolução socialista transformara-se em uma questão de sobrevivência para a vasta maioria da população mundial. A traição final do revisionismo não podia apresentar com maior clareza esta situação.


No entanto, se a parte oprimida da humanidade tem de avançar para sua libertação, esta precisa da ajuda de organizações combativas que tenham uma compreensão clara das leis fundamentais da revolução. Os comunistas de todo o mundo têm que reavaliar o rumo tomado na União Soviética. Terão de distinguir claramente revolução de contrarrevolução e marxismo-leninismo de revisionismo. O resultado do curso oportunista tomado na URSS permite-nos colocar algumas questões fundamentais, que têm sido objeto de acaloradas discussões desde 1956. As experiências positivas bem como as negativas provam que a adoção de uma linha orientadora justa é decisiva para o futuro do Partido Comunista e da revolução.


Lenin, Stalin e a ditadura do proletariado

As primeiras fábricas, os germes da sociedade industrial europeia, surgiram na sequência do genocídio dos povos da África negra e da América. Levando a “civilização” aos impérios asteca e inca, os exploradores europeus causaram cerca de 60 milhões de mortos entre a população nativa. Isto, é claro, além de ter saqueado enormes quantidades de ouro e de prata. Desde princípios do século XVI, os comerciantes europeus capturaram e venderam entre 100 milhões e 200 milhões de escravos africanos. Dezenas de milhões de homens e mulheres perderam suas vidas na Ásia e na África à medida em que as conquistas coloniais do século XIX lançavam as sociedades locais ao caos, provocando a fome, transmitindo doenças desconhecidas, difundindo o abuso do álcool e do ópio. Durante os séculos XVIII e XIX, a Revolução Industrial na Europa causou, entre outras convulsões, a expulsão violenta de milhões de camponeses de suas terras e o trabalho forçado de mulheres e crianças por 15 horas por dia. Na Primeira Guerra Mundial, os estados burgueses europeus lançaram-se às gargantas uns dos outros, com o fim de uma nova partilha dos domínios coloniais. Dez milhões de trabalhadores pagaram com suas vidas esta rivalidade colonial.

Perante estas realidades, o socialismo não podia desenvolver-se e sobreviver senão através da organização da ditadura do proletariado, para unir todas as classes populares contra a burguesia. Esta experiência fundamental de Lenin e de Stalin adquiriu um importante significado no recente contexto dos povos que aspiram a libertar-se da “democracia” imperialista. A derrota da via reformista no Chile em 1973 e a eliminação do poder sandinista na Nicarágua, depois de amplas concessões à burguesia, mostram a importância destes princípios revolucionários defendidos pelos camaradas Lenin e Stalin.


Os operários e camponeses russos já sofriam a opressão czarista há séculos quando pagaram um preço excessivamente alto durante a Primeira Guerra Mundial: quase três milhões de mortos. Deste sofrimento insuportável, os bolcheviques extraíram a energia, a coragem e a determinação necessárias para organizar a revolução socialista e quebrar a ditadura burguesa pela força. A terra e os meios de produção tornaram-se propriedade pública, a máquina opressiva do Estado do regime czarista foi sistematicamente desmantelada e substituída por um Estado de operários e camponeses.


Apoiados pelos exércitos intervencionistas britânicos, franceses, tchecos e outras tropas estrangeiras, as classes reacionárias e as forças czaristas desencadearam o Terror Branco contra o socialismo. Praticamente sozinhos contra o resto do mundo, os bolcheviques conseguiram trazer para o lado da classe operária as amplas massas de camponeses e organizaram o terror em massa contra seus inimigos. Neste batismo de fogo, o bolchevismo criou raízes firmes nas classes do campesinato e entre os pobres. Sem este decidido Terror Vermelho, o socialismo não teria triunfado na Rússia e o Terror Branco teria restabelecido o aparelho opressivo, que mantém os operários e povos inteiros sob seu jugo. Teria reinstalado esse baluarte da reação mundial, que constituía o czarismo.


Foi Lenin que elaborou os princípios essenciais do desenvolvimento socialista sob a ditadura do proletariado. Todavia, quando morreu em 1924, seu trabalho tinha apenas começado.

Entre 1924 e 1953, o Partido Bolchevique, sob a liderança do camarada Stalin, levou a cabo parte essencial dos planos de Lenin. Com um heroísmo popular sem precedentes, a União Soviética construiu o sistema socialista e defendeu-o da agressão fascista. Em geral, o Partido Bolchevique e o povo soviético, sob a liderança de Stalin, conseguiram realizar as tarefas colocadas por Lenin.


O Partido Bolchevique realizou a industrialização socialista entre 1921 e 1941, o que permitiu responder às necessidades básicas dos trabalhadores e adiar o ataque dos exércitos fascistas. A coletivização da agricultura contrariou eficazmente a tendência espontânea para a diferenciação de classes no campo, em particular o desenvolvimento dos kulaks, a classe dos proprietários fundiários ricos, que seriam uma ameaça fatal para o desenvolvimento do socialismo na URSS. Graças à coletivização, o sistema foi capaz de alimentar a população urbana em rápida expansão.


Com a organização da revolução cultural, a União Soviética conseguiu, em apenas 15 anos, que dezenas de milhões de camponeses analfabetos, que viviam em condições medievais, entrassem no século XX. Este esforço produziu um exército de técnicos e especialistas bem qualificados e politicamente conscientes, que desempenharam um importante papel na guerra antifascista.


Dos anos 20 até os anos 50, o Partido Bolchevique contribuiu decisivamente para o reforço do movimento comunista internacional. A simples existência da União Soviética tornou possíveis revoluções socialistas na Europa Oriental e a revolução na China, que foi uma vitória com ressonância mundial. O êxito da reconstrução socialista na URSS, combinado com uma política externa que promovia a independência e a paz, deu forte impulso ao movimento de descolonização na África e na Ásia.


Posto isto, é importante refletir um pouco sobre certos aspectos da luta liderada por Stalin, que continua a provocar intensa controvérsia. Referimo-nos à coletivização e aos expurgos.

Na União Soviética, em 1928, 7% dos camponeses não tinham terra, 35% eram camponeses pobres, 53% podiam classificar-se como relativamente abastados e 5% eram agricultores ricos, os chamados kulaks, que controlavam 20% dos cereais comercializados. O curso natural da situação reforçou esta classe de ricos agricultores, dado que, através do seu crescente controle sobre os estoques de cereais colocados no mercado, podiam privar de alimentos as cidades e sabotar a industrialização socialista.


A modernização da agricultura medieval, em que predominavam ainda os arados de madeira e a tração animal, era uma necessidade absoluta para o êxito da industrialização. Se a mecanização fosse introduzida no campo, mediante os meios de capital fornecidos pela classe rica dos kulaks, a exploração, a miséria e a fome teriam sido uma consequência inevitável para a maioria dos camponeses. Além disso, uma classe burguesa agrária revigorada teria indubitavelmente atacado o socialismo, assim que se sentisse capaz disso. Para defender o poder dos trabalhadores não existia outra via senão a coletivização.


Neste processo libertou-se o ódio reprimido durante anos pelos camponeses pobres contra a classe rica dos kulaks. Esta luta de classes organizada pelos camponeses pobres e médios demonstrou ser o fato decisivo na coletivização. Como o Partido Bolchevique não dispunha mais do que 200 mil membros no campo, seu impacto permaneceu limitado naqueles primeiros anos. O processo de coletivização decorreu à medida em que a guerra civil eclodia novamente no campo. Os ricos proprietários fundiários assassinaram um grande número de quadros e líderes camponeses e abateram parte do gado para sabotar a economia coletiva. A repressão conduzida pelos camponeses pobres contra os kulaks foi em grande parte uma reação a séculos de opressão e de humilhação que se tornou incontrolável.


Os expurgos organizados pelo Partido Bolchevique, entre 1937 e 1938, justificavam-se tendo em conta a aproximação da guerra. No entanto, estes expurgos foram acompanhados de graves erros, na sua maior parte inevitáveis dada a complexidade da luta. Stalin sabia que a deterioração da situação internacional e a possibilidade crescente da guerra de agressão contra a URSS lançava uma luz particular sobre a luta política no interior do Partido. Tendo em conta a aproximação do conflito mundial, suspeitou justamente que a Alemanha nazista e outras potências imperialistas enviavam espiões, sabotadores e outros agentes para o país. Entre as classes burguesas derrotadas, dentro e fora da URSS, havia muitos candidatos ciosos de vingança para ajudar a causa imperialista. Oportunistas e derrotistas no Partido, impressionados pela “superioridade” do sistema imperialista, podiam tentar estabelecer contato com o inimigo. Stalin organizou vasta mobilização do povo em apoio ao expurgo. A depuração do movimento visava dois tipos de adversários do socialismo.


O primeiro tipo eram elementos das antigas classes opressoras, que desejavam vingar-se da sua derrota, capitulacionistas e elementos pró-germânicos, que esperavam que o ataque nazista os viesse “libertar”. O segundo tipo de inimigos que o poder popular combateu eram burocratas e tecnocratas, que tinham se afastado das massas e estavam rapidamente a transformar-se em uma nova burguesia, pronta a submeter-se ao mais poderoso, ou seja, à Alemanha de Hitler, para defender as suas posições. Assim, o expurgo do movimento socialista era uma necessidade política absoluta. Nas condições da época, isso também significava que muitos erros seriam seguramente cometidos.


Por vezes, burocratas conseguiam desviar o escrutínio para pessoas inocentes, com o fim de defender as suas posições. Oportunistas faziam acusações falsas para subir em suas carreiras partidárias. Agentes inimigos infiltrados no Partido fabricavam “provas” para incriminar comunistas leais, e comunistas honestos cometeram excessos esquerdistas. Em geral, no entanto, os expurgos atingiram seus objetivos.


Isto ficou demonstrado na guerra antifascista, quando, contrariamente à situação de outros países, houve muito poucos colaboracionistas que apoiaram os nazistas na União Soviética. Na Europa Ocidental, como Stalin previra, muitos oportunistas juntaram-se às fileiras das forças nazistas ocupantes. Proeminentes figuras dos socialdemocratas belgas aclamaram publicamente Hitler como um libertador. Na França, a maioria dos social-democratas votou a favor da atribuição de plenos poderes ao regime colaboracionista de Pétain. Se tivermos em mente estes fatos, não surpreende que as facções burguesas denunciem unanimemente os “expurgos criminosas” organizadas pelo Partido Bolchevique. O poder estabelecido, maior parte dos barões da indústria, os banqueiros, quadros de partidos nacionalistas, partidos cristãos, liberais e socialdemocratas, todos colaboraram com os nazistas enquanto a sua vitória parecia assegurada.


Perante a recente restauração completa do capitalismo na URSS sob Gorbatchev, podemos agora compreender melhor alguns aspectos dos expurgos de 1937/38. Stalin afirmou que os trotskistas, os partidários de Bukharin e os nacionalistas burgueses defendiam uma política burguesa e, de fato, os interesses das classes opressoras derrotadas. Com suas ações ajudaram estas classes e outros grupos antissocialistas a reagrupar forças. Khrushchev iniciou o processo afirmando que esta análise era errônea e tinha levado a atos arbitrários. As teses nacionalistas e as ideias de Trotsky e de Bukharin começaram a reaparecer nas políticas do PCUS. Finalmente, Gorbatchev reabilitou os trotskistas, os bukharinistas e os nacionalistas burgueses como “boa gente” e “vítimas do stalinismo”. Dois anos mais tarde, a restauração do capitalismo tornou-se um fato. A história provou que visão de Stalin sobre esta questão estava inteiramente correta.


Khrushchev: a primeira ruptura com a revolução

Recordemos agora quatro teses essenciais apresentadas há trinta anos por Khrushchev, que nos permitirão compreender melhor os acontecimentos recentes na URSS.


Primeira tese: Na União Soviética o poder deixou de ser da classe operária. O Estado da classe operária foi substituído pelo Estado de todo o povo, um Estado para todas as classes.


Assegurada a vitória total e definitiva do socialismo – a primeira fase do comunismo – e a transição da sociedade para a construção em grande escala do comunismo, a ditadura do proletariado cumpriu sua missão histórica e, do ponto de vista dos objetivos do desenvolvimento interno, deixou de ser necessária na URSS. O Estado, que surgiu como Estado da ditadura do proletariado, transformou-se na atual nova etapa no Estado de todo do povo, em um órgão que expressa os interesses e a vontade de todo o povo.


Esta ideia conduziu ao abandono da luta contra as tendências burguesas e reacionárias sob influência do imperialismo. Igualmente tornou possível uma espécie de tranquilidade para a burocracia que procurava separar-se dos trabalhadores. Em um “Estado de todo o povo”, esta burocracia podia instalar-se confortavelmente, adquirir privilégios e obter benefícios pessoais através dos cargos políticos e econômicos. Afinal de contas, já não podiam desenvolver-se contradições de classe entre ela e as massas laboriosas, pelo menos assim foi declarado.

Segunda tese: Khrushchev anunciou, em 1962, que a União Soviética alcançaria o comunismo em 1980 e que, nesta altura, teria ultrapassado os Estados Unidos.


Não demorará muito até que a União Soviética ultrapasse os Estados Unidos no campo econômico. Nesta competição pacífica com os EUA, a URSS alcançará uma vitória histórica de importância universal (...). Teremos nós tudo o que é preciso para criar a base material e técnica do comunismo no espaço de duas décadas? Sim, camaradas, temos tudo o que precisamos.


Assim, atualmente, a URSS deveria gozar a eterna felicidade do comunismo totalmente desenvolvido, abundância para todos, e tudo isto desde 1980. Na realidade, tais promessas de um futuro ideal serviram para acalmar as massas, nas quais as ideias da revolução, do socialismo e do comunismo eram muito populares, e para consolidar as posições dos burocratas e tecnocratas no poder.


Terceira tese de Khrushchev: declarou que o capitalismo entraria em colapso em todo o mundo à medida em que o socialismo marchava para a vitória final. O rápido progresso da União Soviética atrairia a simpatia dos trabalhadores em todo o mundo, enquanto o capitalismo, gravemente enfraquecido, não seria capaz de resistir. Explicava-se assim que seria possível tomar o poder na Europa e no resto do mundo por via pacífica e parlamentar. Na sequência da vitória do socialismo na URSS, surgiram condições mais propícias para a vitória do socialismo em outros países. O vasto campo de países socialistas, cuja população já ultrapassa 900 milhões de habitantes, continua a crescer e a reforçar-se. As ideias do socialismo criaram profundas raízes no espírito em toda a classe operária. O capitalismo tornou-se muito mais fraco. Os partidos burgueses de direita e os seus governos fracassam cada vez mais. Isto cria a possibilidade de “conquistar uma maioria sólida no parlamento e transformar este parlamento em um instrumento de verdadeiro poder popular”. Estas posições, que embelezam a sociedade imperialista e a ditadura da burguesia, constituem uma mudança radical de política.

O quarto ponto de Khrushchev refere-se à atitude ante os Estados Unidos. A superpotência imperialista havia sido até então considerada como a polícia mundial número um, intervindo e perseguindo agressivamente seus interesses nos cinco continentes. Entretanto, Khrushchev declarou: “queremos ser amigos dos EUA e cooperar na luta pela paz e segurança dos povos. Comprometemo-nos a alcançar este fim com boas intenções e sem propósitos ocultos”. Isto foi dito em um momento em que as nações do Terceiro Mundo, em sua maioria, sejam na Ásia, África ou América do Sul, estavam envolvidas em um terrível luta contra o imperialismo estadunidense, que queria submetê-las ao domínio neocolonial


Brejnev: a degeneração acelera-se

Depois chegou Brejnev. Alguns comunistas pensaram que ele se tinha distanciado pessoalmente dos erros mais flagrantes de Khrushchev. A análise dos quatro congressos realizados sob a sua presidência não confirma esta opinião. Khrushchev tinha proclamado três temas chave: o fim da luta de classes, um Estado de todo o povo e a defesa da burocracia privilegiada. Brejnev continuou por este caminho. Apresentou ao público imagens brilhantes de uma sociedade sem classes, que ocultava uma crescente diferenciação de classes e estratos sociais.


Aplaudiu à “eliminação do fosso entre classes e grupos sociais”. “A nossa intelligentsia considera ser seu dever dedicar toda a sua energia criativa à construção da sociedade comunista”. Dizia isto apesar de que nesse momento uma parte importante desta intelligentsia já estar completamente despolitizada e fascinada pelo Ocidente. Nos sonhos de Brejnev, não eram somente as diferenças de classe que desapareciam, mas também as distinções entre nacionalidades. Brejnev inventou a noção de “povo soviético”, segundo a qual as classes e as nacionalidades teriam desaparecido sem deixar rastro. “Em nosso país temos sido testemunhas da formação de uma nova comunidade histórica: o povo soviético. Novas relações harmoniosas entre classes, grupos sociais e entre nações e nacionalidades surgiram do trabalho comum”. Com Brejnev, o marxismo-leninismo transformou-se de ciência da luta de classes em ideologia. Por “ideologia” entendemos aqui a falsa consciência que representa os interesses de um grupo privilegiado separado dos trabalhadores.


Nunca naqueles quatro congressos, Brejnev abordou a realidade viva das diferentes classes, estratos sociais e forças políticas, com vista a definir algumas orientações de luta ou de mobilização.


Sob o regime de Brejnev, a elite burocrática entrincheirou-se quase completamente. O brejnevismo assegurou o conforto à nova classe burguesa. Um dos partidários de Khrushchev, Jaurés Medvedev, escreveu:


“Na época de Stalin, os dirigentes do Partido sentiam mais a potencial ameaça do aparelho de segurança do que os cidadãos comuns”. E acrescenta: “Brejnev não era um verdadeiro líder em 1964. Era mais o representante da burocracia, que procurava uma vida fácil com privilégios crescentes e garantidos. O seu eleitorado era a elite burocrática. Neste aspecto, Brejnev também mudou o sistema porque, mais do que qualquer outro, criou condições propícias para a expansão de uma autêntica elite privilegiada, uma autêntica nomenclatura”.


Com uma vida confortável assegurada, os membros da elite não se contentaram com seus rendimentos legais. A estabilidade garantida à elite teve ainda outro efeito negativo. A corrupção dos funcionários desenvolveu-se rapidamente em todos os níveis. A disciplina do Partido diminuiu, o nepotismo tornou-se prática recorrente e o prestígio ideológico e administrativo do Partido foi danificado. A corrupção dos altos funcionários soviéticos tornou-se em uma espécie de “doença profissional”. A distinção entre propriedade pública e privada deixou de ser respeitada.


Longe de denunciar os erros de Khrushchev, Brejnev seguiu pelo mesmo caminho desastroso, tornando ainda pior o desvio revisionista.


Além disso, Brejnev imprimiu uma orientação militarista a toda a política soviética. Contava quase exclusivamente com a expansão do poder militar soviético para defender e ampliar as posições da URSS. “O reforço do Estado soviético pressupõe a expansão máxima da capacidade de defesa da nossa pátria”. Congratulou-se com “o equilíbrio militar e estratégico atingido pela União Soviética e pelos Estados Unidos”. O caminho para a “paridade militar e nuclear” com o complexo militar-industrial ocidental não era praticável, além de destrutivo para um país socialista. Estando já no museu da História a mobilização das massas, a continuação da luta de classes e a educação revolucionária, Brejnev optou por um conceito militar digno dos seus adversários. Tudo aquilo que constituía a força de defesa do socialismo na época de Stalin desapareceu. O esforço militar desproporcionado minou por completo a economia civil da União Soviética.


Efetivamente, através dos efeitos combinados do revisionismo e do hegemonismo, Brejnev arruinou o movimento comunista internacional. Em 1966, “excomungou” a China e a Albânia, acusando estes países de “stalinismo” e de “desvios esquerdistas”, porque tinham manifestado sua desaprovação ao revisionismo de Khrushchev. Três anos mais tarde, Brejnev transformou a política de confrontação com a China em um conflito armado. Intoxicados com as “novas ideias” de Khrushchev, numerosos partidos comunistas inclinaram-se para a reconciliação com a burguesia nos seus próprios países, provocando a ulterior desintegração do movimento comunista internacional. Nos países socialistas da Europa do Leste, Dubcek e outros da sua laia propuseram a liquidação dos últimos vestígios da ditadura do proletariado e a introdução do sistema socialdemocrata burguês. Os partidos que recusaram aceitar o modelo soviético como única referência e que se opuseram aos ditames e à intervenção soviética foram marginalizados por Brejnev por “nacionalismo” e “antissovietismo”. Finalmente, só restaram aqueles que demonstravam uma lealdade incondicional à URSS. Brejnev chamou-lhes “autênticos marxista-leninistas”. Dado que o revisionismo corroía as bases do socialismo na Europa do Leste, Brejnev recorreu ao controle militar para manter a aparência de unidade no seu campo. Proclamou então: “As fronteiras da comunidade socialista são invioláveis e inexpugnáveis. A irmandade dos países socialistas unidos é a melhor defesa contra as forças que tentam atacar e enfraquecer o campo socialista. Sob qualquer ponto de vista, a URSS demonstra deste modo a sua lealdade ao internacionalismo proletário”.


Mas sua interferência e tendência crescente para o controle direto desgastaram este socialismo enfermo. A teoria de “defender a União Soviética como a melhor proteção do socialismo” era um fiasco. A melhor defesa do socialismo será sempre a mobilização dos trabalhadores, o desenvolvimento da sua consciência, o seu esforço independente para defender o seu poder. Nesta base, um país socialista pode pedir ajuda a outra nação amiga, mas apenas em circunstâncias excepcionais e por um período de tempo limitado. Assim fez por exemplo a República Popular Democrática da Coreia quando foi atacada pelo exército dos EUA em 1950.

A “revolução mundial”, tal como era vista por Brejnev, consistia essencialmente no alargamento da influência soviética a todo o globo, seguindo o modelo da Europa do Leste. Brejnev negou que o socialismo mundial nasceria da mistura de diferentes experiências revolucionárias nacionais. Não reconheceu o fato de que os partidos revolucionários têm que se ancorar na realidade específica do seu país, que devem mobilizar amplas massas para a luta revolucionária e que têm que esmagar o imperialismo e a reação local. Brejnev rejeitou a ideia de que só as massas populares armadas podem constituir um baluarte eficaz contra o imperialismo e a reação. Continuou a enganar os povos do Terceiro Mundo apresentando o Exército Soviético como o garante da sua liberdade. Brejnev: “o socialismo é a melhor defesa dos povos que lutam pela sua libertação e independência”. Sob a liderança de Brejnev, a URSS apoiou reformistas (Chile), putchistas e aventureiros (Etiópia, Afeganistão), militaristas (Egito, Síria), os quais apresentava invariavelmente como artesãos da revolução socialista. Como a URSS estava ao “seu lado” e seu exército “constituía a melhor defesa da sua liberdade”, Brejnev interveio em vários países para manter forças reformistas pró-soviéticas no poder. A política aventureira atingiu o auge nas invasões do Kampuchea e do Afeganistão.


Gorbatchev: a restauração do capitalismo

A melhor análise das realidades existentes nos países socialistas durante o período entre 1956 e 1990 continua sendo a feita, nos anos 60, por Mao Tsé-tung. Hoje, esta análise pode ser definida com maior precisão e corrigida em alguns pontos, à luz dos recentes acontecimentos ocorridos na Europa do Leste, na União Soviética e na China. O camarada Mao via assim o futuro do socialismo:


“A sociedade socialista cobre um período histórico extremamente largo. Durante todo este período a luta de classes entre a burguesia e o proletariado segue. A questão sobre qual sistema sairá vitorioso, o capitalismo ou a via socialista, permanecerá em aberto durante este período. Isto significa que o perigo da restauração do capitalismo se mantém”.


“A revolução socialista realizada apenas no campo econômico (no que respeita à propriedade dos meios de produção) não é suficiente e não garante a estabilidade. É preciso haver também uma revolução socialista completa nos campos da política e da ideologia. No domínio da política e da ideologia, a luta para decidir a disputa entre capitalismo e socialismo prolongar-se-á por muito tempo. Algumas décadas certamente não serão suficientes; cem, talvez centenas de anos serão necessários para a vitória final. Durante este período histórico do socialismo temos que manter a ditadura do proletariado e levar a revolução socialista até o fim, se quisermos prevenir a restauração do capitalismo. Temos que realizar a reconstrução socialista de modo a criar as condições necessárias para a passagem ao comunismo”.


“Antes de Khrushchev chegar ao poder, as atividades dos novos elementos burgueses eram limitadas e em grande parte reprimidas. Mas desde que Khrushchev alcançou o poder, e gradualmente tomou o controle da direção do Partido e do Estado, esses novos elementos burgueses apareceram em posições dominantes no coração do Partido e do governo, no campo da economia, assim como no setor da cultura e outros. Tornaram-se uma classe privilegiada na sociedade soviética”.


“Mesmo sob o domínio de Khrushchev e da sua facção, a massa dos membros do PCUS e do povo seguiu as gloriosas tradições revolucionárias cultivadas por Lenin e Stalin, aderindo ao socialismo e aspirando avançar para o comunismo. Um grande número de quadros soviéticos continua a apoiar as posições revolucionárias do proletariado na via para o socialismo. Estão firmemente contra o revisionismo de Khrushchev”.


“A luta de classes, a luta pela produção e a experimentação científica são os três movimentos revolucionários principais na construção de uma nação socialista poderosa. Estes movimentos representam uma garantia segura, que permite aos comunistas combater a burocracia, armar-se eles próprios contra o revisionismo e dogmatismo e manter-se invencíveis para sempre. Constituem a garantia futura que permitirá ao proletariado unir as amplas massas laboriosas e praticar uma ditadura democrática. Vamos supor que, na ausência destes movimentos, os latifundiários, os agrários ricos, os contrarrevolucionários, os elementos obscuros e outras criaturas de diversos tipos terão rédea solta. Suponhamos ainda que, em certos casos, nossos quadros fecham os olhos e já não distinguem entre o inimigo e nós próprios e que colaboram com o inimigo e se deixam corromper e desmoralizar. Se nossos quadros foram atraídos desta forma para o campo do inimigo ou se o inimigo logrou infiltrar-se nas nossas fileiras e se muitos dos nossos operários, camponeses e intelectuais ficaram indefesos perante as táticas brutais do inimigo, se estas suposições se tornarem realidade, então em um curto espaço de tempo, talvez alguns anos ou uma década, terá lugar inevitavelmente uma restauração contrarrevolucionária em escala nacional. Neste caso, não demorará até o Partido marxista-leninista tornar-se um partido revisionista ou fascista e a China mudará de cor”.


No país de Lenin, Khrushchev tomou o poder em 1956, após três anos de hábeis manobras e complexos preparativos. Depois de assumir o controle, teve que consolidar seu poder dentro do partido eliminando a maioria do Birô Político, no decurso da luta contra o “grupo antipartido de Molotov, Malenkov e Kaganovitch”. Com ataques políticos e ideológicos contra os princípios essenciais da construção do socialismo, Khrushchev prosseguiu a alteração da orientação fundamental do PCUS. Isto serviu de pretexto para permitir que os quadros burocráticos e oportunistas adquirissem privilégios e se desenvolvessem em uma classe social distinta. Já depois do afastamento de Khrushchev, alguns quadros destacados fizeram tentativas para regressar aos princípios marxista-leninistas. A base da sociedade do socialismo ainda não tinha sido destruída e milhões de comunistas prosseguiam seu trabalho revolucionário. No entanto, durante o período de Brejnev, a classe dirigente continuou a acumular privilégios e a enriquecer por vias ilegais, vegetando como parasitas em uma base econômica e política que não lhes pertencia. Os verdadeiros comunistas defendiam o conjunto de conquistas da classe operária. As leis socialistas, medidas favoráveis aos trabalhadores e a ideologia marxista-leninista continuavam a exercer uma grande influência em toda a sociedade. Contudo, a classe dirigente reduziu o marxismo a uma série de fórmulas feitas e importou todo tipo de teorias ideológicas do Ocidente. Enquanto o pensamento socialista era mutilado, ideologias burguesas ultrapassadas ganhavam novo impulso. Em um número crescente de setores, os novos elementos burgueses transformaram os meios de produção e a propriedade do Estado em propriedade privada sua. Permitiam o alargamento do setor informal e faziam acordos secretos com os novos capitalistas, cujo surgimento favoreceram.


No final da era Brejnev, uma nova classe capitalista tinha-se consolidado e perseguia seus próprios interesses, opostos aos interesses dos trabalhadores. Esta nova classe, agora totalmente desenvolvida, tentava cada vez mais instalar abertamente sua própria ditadura. Para isto tinha que desenvencilhar o país das últimas influências e aparências do marxismo-leninismo. Em Gorbatchev encontrou uma bandeira, na glasnost um meio de expressão e na perestroika a legitimação dos seus projetos restauracionistas.


Depois de um período de paralisia, conformismo e militarismo, sob liderança de Brejnev, tivemos a impressão de que as coisas estavam a mudar e que alguns dos erros mais graves de Brejnev seriam revelados. Porém, depressa se tornou claro que Gorbatchev criticava Brejnev a partir do ponto de vista dos liberais e pró-ocidentais. Gorbatchev somente aprofundou o revisionismo de Khrushchev e de Brejnev, o que conduziu à renúncia total e aberta dos princípios marxista-leninistas.


A União Soviética teve dois pontos de ruptura com o socialismo: o relatório de Khrushchev, em 1956, que continha a rejeição de alguns princípios essenciais do leninismo, e a perestroika de Gorbatchev, que preparou o terreno para o restabelecimento da economia de mercado em 1990. O revisionismo de Khrushchev abriu o período de transição do socialismo para o capitalismo. Os velhos e novos elementos burgueses precisaram de 30 anos para ganhar força suficiente para tomar e consolidar suas posições na política, no campo da ideologia e na economia. O processo de degeneração, iniciado em 1956, precisou de três décadas para acabar com o socialismo.


Os ataques contra o legado de Stalin desempenharam papel importante ao longo de todo este processo de degeneração. Na URSS, os revisionistas trabalharam 35 anos para demolir Stalin. Uma vez Stalin demolido, Lenin seguiu o mesmo caminho. Khrushchev incitou todos contra Stalin e Gorbatchev, durante os 5 anos da sua glasnost, prosseguiu a cruzada contra o stalinismo. Alguém terá reparado que a demolição das estátuas de Lenin não foi precedida de nenhuma campanha política contra sua obra? A campanha contra Stalin foi suficiente. Dado que todas as ideias políticas de Stalin foram atacadas, denegridas e arrasadas, era simples concluir, ao mesmo tempo, que as ideias de Lenin também tinham sido destruídas. Khrushchev iniciou sua missão destruidora, destacando a crítica ao “culto da personalidade” de Stalin, para restabelecer o leninismo em sua forma pura e melhorar o sistema comunista. Gorbatchev fez a mesma promessa enganosa para desorientar as forças de esquerda. Hoje podemos ver o óbvio: com o pretexto de “regresso a Lenin”, Gorbatchev convidou o czar, e com o pretexto de melhorar o socialismo, implantou o capitalismo.


As lições históricas da experiência da URSS e dos países do Leste da Europa: a liderança do Partido Comunista é decisiva na construção do socialismo

No curso do desenvolvimento da luta de classes vimos, em muitos países, que todos partidos burgueses e pequeno-burgueses tentam contrariar as forças revolucionárias. Em países tão distintos como Rússia, China, Cuba ou República Democrática Alemã, a revolução triunfou sob a direção do Partido Comunista, o único partido verdadeiramente revolucionário. Para a vitória da revolução e a construção do socialismo é necessária a justa direção política do Partido Comunista, aplicando criativamente os princípios do socialismo científico, de acordo com a realidade de cada país. Fora do Partido não pode haver futuro para o socialismo!


Para a burguesia, que vive sob o socialismo, a questão fundamental é: Como alargar a democracia? Para os burgueses é muito importante criar um espaço legal para seus velhos partidos destroçados durante a revolução. Para o proletariado e os trabalhadores a pergunta chave é a seguinte: como assegurar que o Partido Comunista mantenha seu espírito revolucionário, sua linha socialista e sua ligação com as massas?


Se o Partido cometer muitos erros graves, a revolução será derrotada ou a construção do socialismo entrará em uma crise que pode ser fatal. O revisionismo no Partido Comunista representa a influência e a pressão da burguesia e do imperialismo. Se os quadros agem de forma burocrática, perdem o contato com as massas, se apropriam de vantagens e privilégios e se comportam como tecnocratas sem consciência revolucionária, sucumbindo à corrupção, então, inevitavelmente, desenvolve-se uma tendência oportunista no Partido favorável ao retorno à velha ordem, baseada na sociedade de classes e na exploração do homem pelo homem.


No socialismo, a luta de classes tem que seguir para consolidar a ditadura do proletariado

Os trabalhadores têm que estar ideológica e praticamente preparados para a batalha contra as forças antissocialistas, desenvolvida pelos inimigos de classe e encorajada pela intervenção e subversão imperialista.


Enquanto existir, o imperialismo nunca deixará de preparar seu regresso aos países socialistas. Primeiro, tentará ocupar o campo político-ideológico, apoiar forças hostis ao Partido Comunista, exigir liberdade para a imprensa burguesa, encorajar sindicatos a agir independentemente do Partido e criando partidos legais e ilegais hostis aos comunistas.


A luta para eliminar as bases internas e externas para a restauração do capitalismo é uma luta de várias gerações. Durante um longo período histórico, a ditadura das massas laboriosas deve ser mantida contra velhos e novos exploradores. Se a ditadura das massas laboriosas é relaxada, a burguesia renascerá e iniciará a batalha para a restauração da sua ditadura.


Na União Soviética fomos testemunhas disso: mesmo passados 70 anos da sua derrota, os partidários do czarismo, os feudalistas, os burgueses e kulaks tinham conseguido se manter e, mais tarde, ampliar sua influência ideológica e política em uma parte das massas.


Tendo em conta o desenvolvimento das forças produtivas e o aumento da produção em geral, é possível que um país socialista seja obrigado a aceitar, durante um período de tempo significativo, a existência de um setor de pequenos capitalistas e empresários privados e mesmo investimentos capitalistas estrangeiros. Será igualmente necessário aceitar várias formas de relações comerciais, financeiras e científicas com o mundo imperialista. Todos estes fatores tornam o reforço do trabalho ideológico e a manutenção da ditadura do proletariado uma necessidade absoluta. No socialismo, o Partido deve utilizar a ciência marxista para analisar de modo materialista a diferenciação social que se desenvolve no seio da sociedade.


Na URSS, os revisionistas afirmaram que as camadas exploradoras já não existiam e que os operários, camponeses e intelectuais tinham o mesmo interesse na defesa do socialismo. Fomentando e

ste ponto de vista, destruíram a vigilância de classe e permitiram o desenvolvimento da burocracia, do oportunismo e da tecnocracia nas fileiras dos quadros e intelectuais. Assim, uma nova classe surgiu no coração da sociedade.


O Partido Comunista é o instrumento essencial para a correta aplicação da ditadura do proletariado. Se o Partido for tomado por tendências oportunistas, o coração do socialismo será infectado. O Partido tem que permanecer como uma organização de luta política, educando e mobilizando os trabalhadores para a consolidação do seu poder. O exército socialista e a milícia popular têm que estar prontos para responder eventuais ações e agressões das forças imperialistas em geral.


O socialismo consolida-se através da democracia socialista

Se o Partido Comunista atuar de maneira verdadeiramente revolucionária, e a luta de classes for mantida corretamente contra os inimigos do socialismo, a democracia socialista tem um amplo espaço para se desenvolver. O modo como a democracia socialista se desenvolve depende, naturalmente, da situação nacional e internacional da luta de classes.


O Partido Comunista tem que se esforçar para aperfeiçoar e alargar continuamente a democracia socialista. Um dos aspectos mais fundamentais desta democracia é a possibilidade de as massas laboriosas poder observar e julgar as ações e posições dos membros e quadros do Partido e dos funcionários do Estado socialista. Para desenvolver esta democracia, o governo socialista tem de assegurar uma educação geral científica de alta qualidade, treino e educação política a todos os cidadãos.


O Partido deve criar as condições para a participação ativa dos trabalhadores e das suas organizações representativas de massas na administração dos assuntos locais e no âmbito regional e nacional. A lei deve estabelecer direitos e obrigações dos cidadãos na sociedade socialista.


A revolução científica e tecnológica é essencial para demonstrar a superioridade do socialismo

O desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem grande importância na luta global entre socialismo e capitalismo. Nestes campos, apoiando-se em cinco séculos de pilhagem em todo o mundo, o imperialismo continua a dispor de grande vantagem. O socialismo não poderá nunca se alicerçar sem adquirir o conhecimento científico mais avançado. A revolução cultural, científica e tecnológica deve ser firmemente estimulada sob a direção da ideologia socialista. Um país socialista deve fazer todos os esforços para assimilar as descobertas científicas e tecnológicas e o uso das técnicas desenvolvidas no mundo capitalista.


Não obstante, é preciso ter sempre em conta que todas estas descobertas foram feitas no contexto da estrutura social burguesa baseada na exploração dos trabalhadores. Com frequência, pertencendo à burguesia e vivendo em condições privilegiadas, a maioria dos cientistas, engenheiros e gestores do mundo capitalista mantêm uma visão burguesa ou mesmo reacionária do mundo. Esta ideologia reflete-se inclusive na concepção e aplicação de algumas das suas descobertas científicas. A assimilação da ciência e da tecnologia do mundo capitalista deve ser feita sob a direção do Partido e a partir de um ponto de vista socialista. A educação marxista-leninista e a luta política contra as influências burguesas têm que acompanhar este processo de assimilação. Este é um aspecto importante da luta de classes sob a ditadura do proletariado. Efetivamente, a experiência da URSS demonstra o papel contrarrevolucionário desempenhado por numerosos cientistas e outros intelectuais altamente prestigiados, que se comprometeram inteiramente com a concepção burguesa do mundo.


O Partido deve manter o marxismo-leninismo e o internacionalismo proletário ao adotar uma posição independente

Há aqui dois aspectos de uma contradição, cujas relações e oposições devemos discernir com clareza. Acima de tudo, o essencial é a linha marxista-leninista e uma prática consistente do internacionalismo proletário. A classe operária é eminentemente uma classe internacionalista. Sua posição em todas as sociedades exploradoras é fundamentalmente a mesma, e as leis básicas que podem ser deduzidas da luta revolucionária são, em sentido lato, comuns a todos os países.


Beneficiando-nos de uma visão retrospectiva, podemos ver claramente que certos oportunistas recusaram estas posições básicas, invocando injustamente o princípio de uma “posição independente”. Em 1948, Tito defendeu “o direito de seguir na Iugoslávia uma via específica para o socialismo”. Sob este pretexto, apregoou, de fato, uma política de reconciliação e de oposição à ditadura do proletariado. A recente catástrofe na Iugoslávia, devastada por guerras civis de tipo nacional e fascista, foi a última consequência desta posição de Tito.


Durante os anos 70 e 80, o Partido Comunista Italiano fez grande alarde sobre sua “independência”, com os méritos da “via italiana para o socialismo”. Sob esta bandeira, desfizeram-se dos últimos princípios do marxismo-leninismo, romperam todos os laços com a URSS e finalmente entraram no campo das posições verdadeiramente socialdemocratas.

Se um Partido Comunista faz uma virada para uma direção oportunista, a intervenção de outros partidos comunistas nos assuntos internos desse Partido não pode resolver o problema, pelo contrário. Não obstante, o internacionalismo proletário significa que outros partidos, durante suas discussões com o Partido em causa, devem travar uma luta de princípios contra o oportunismo e o revisionismo. O partido criticado pode, com toda a independência, aceitar ou recusar esta análise e observações, uma vez que continuará a ser o único responsável por sua linha política perante a classe operária e o povo do seu país.


Um problema de natureza completamente diferente surgiu nos países socialistas do Leste da Europa. Em 1945, os partidos comunistas destes países eram muito fracos, mas com a ajuda do Partido Bolchevique, travaram a luta de classes, implantaram a ditadura do proletariado e lançaram as fundações de uma economia socialista independente. Após a morte de Stalin, Khrushchev interveio nos seus assuntos internos para afastar os quadros revolucionários que foram rotulados de “stalinistas”.


Os oportunistas que posteriormente chegaram ao poder aceitaram todas as teses antimarxistas de Khrushchev. A maioria não só liquidou o marxismo-leninismo, como também vendeu barato sua independência, seguindo todas as voltas e reviravoltas da política soviética. O Partido Comunista da Romênia, embora tenha também secundado as posições advogadas por Khrushchev, manteve, no entanto, certa independência. A rejeição do marxismo-leninismo e do princípio da independência foi a causa do fracasso do socialismo nos países do Leste da Europa.

Na época, todavia, um outro pequeno país socialista mostrou uma via alternativa. O Partido do Trabalho da Coreia manteve sempre contatos com os partidos do Leste da Europa, que poderiam ter se beneficiado da experiência coreana. Na verdade, mesmo antes de o revisionista Khrushchev ter tomado o poder, Kim Il Sung afirmou o seguinte:


O que é que nós estamos a fazer? Não estamos a fazer a revolução em um país estrangeiro, mas sim a revolução na Coreia. Todo trabalho ideológico tem que se subordinar aos interesses da Revolução Coreana. Se estudamos a história do PCUS ou da Revolução Chinesa, ou se estudamos os princípios universais do marxismo-leninismo, apenas o fazemos com vista a realizar corretamente nossa revolução. Devemos estudar cuidadosamente nossa própria realidade e aprender a conhecê-la muito bem. Do contrário, não seremos capazes de resolver os novos problemas, com que nos confrontaremos, de forma criativa, que esteja em consonância com nossa realidade. Vários camaradas bebem de um trago o marxismo-leninismo ao invés de digeri-lo e aprendê-lo a utilizá-lo. É perfeitamente lógico que não possam empreender iniciativas revolucionárias. Devemos reger-nos inexoravelmente pelos princípios marxista-leninistas e aplicá-los de modo criativo, em função das condições concretas do nosso país e da nossa nação. O marxismo-leninismo não é um dogma, é um guia para a ação e uma doutrina criativa. O marxismo-leninismo só pode dar provas do deu poder invencível se for aplicado de forma criativa em função da situação concreta de cada país.


Em 1970, quando Brejnev praticava a política de “soberania limitada” Kim Il Sung expôs o conceito fundamental da independência com ainda maior clareza:


O estabelecimento da ideia Juche significa a adoção de uma boa atitude em relação à revolução e à reconstrução do próprio país. Significa manter uma posição independente, rejeitando o espírito de dependência em relação aos outros; significa ter confiança nos próprios líderes e nas nossas próprias forças e, mantendo um espírito revolucionário, resolver sempre os problemas assumindo nossa própria responsabilidade. Também significa adotar uma posição criativa, contrária ao dogmatismo. Os princípios universais do marxismo-leninismo e as experiências de outros países devem ser aplicadas de acordo com as condições históricas e características nacionais do nosso próprio país. A experiência histórica mostra que se o Partido se submeter às grandes potências, isso conduzirá ao declínio da revolução.


É importante sublinhar que o conceito de independência desenvolvido por Kim Il Sung se baseia na lealdade aos princípios revolucionários. Manter uma posição independente é, acima de tudo, confiar nas próprias forças para fazer a revolução e construir o socialismo, dando assim uma importante contribuição para a luta pela libertação do proletariado mundial. Não obstante, o Partido não pode vencer um inimigo poderoso, levar a cabo experiências sociais e resistir à pressão, à sabotagem e à intervenção imperialista se não educar o povo em um autêntico espírito marxista-leninista. Sem este espírito, o Partido não poderá sustentar-se sobre seus próprios pés (ou seja, suas massas conscientes e organizadas) e, por conseguinte, não será capaz de manter o sistema socialista e sua independência face à interferência e agressão do mundo imperialista.


Podemos, também, dizer que durante o Grande Debate no movimento comunista internacional (1956-1964), o Partido do Trabalho da Coreia viu claramente o perigo do revisionismo, adotou uma posição independente e fez um esforço para manter a unidade do movimento comunista internacional.


Hoje, quando vemos certos antigos países socialistas restaurar a iniciativa privada e promover a invasão das multinacionais, é interessante recordar o que Kim Il Sung disse sobre o revisionismo em 1970:


O revisionismo é uma corrente ideológica oportunista, que tende a privar o marxismo-leninismo do seu espírito revolucionário. O revisionismo é prejudicial porque nega a linha marxista-leninista do Partido e a ditadura do proletariado. Opõe-se à luta de classes, faz com que as demarcações entre nós e o inimigo pareçam nebulosas e incertas e capitula face ao imperialismo estadunidense, assustado com a chantagem nuclear. É também prejudicial devido aos seus comprometimentos com o imperialismo, enquanto alega manter suas posições anti-imperialistas; desiste da luta anti-imperialista e busca acordos com este. O revisionismo significa espalhar o medo da guerra, ideias pacifistas burguesas e ilusões sobre o imperialismo e a reação em geral, com vista a desarmar o povo ideologicamente. Detesta os povos oprimidos e impede suas revoluções. Por fim, deve-se destacar que o revisionismo é ainda mais prejudicial porque se opõe à disciplina da organização revolucionária; promove o liberalismo, incentiva o egoísmo e leva o povo à indiferença, à decadência e à indolência. Em resumo, é uma ideologia perigosa, que mina o socialismo e conduz à restauração do capitalismo.


Esta análise, estas predições revelaram-se exatas. E hoje devemos reconhecer que os oportunistas ignoraram estes alertas em nome da “luta contra o dogmatismo e o stalinismo”, para, passo a passo, retirarem-se para o campo do imperialismo, da guerra e do terror contra os povos.


No caminho de grandes convulsões no mundo

A nova burguesia na URSS proclamou sua ditadura política sobre a sociedade durante o XXVIII Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em julho de 1990. A partir deste momento, a intervenção política e o controle financeiro e econômico dos Estados Unidos e da Alemanha cresceram sistematicamente, conduzindo ao colapso da União Soviética e à criação de “repúblicas independentes” apoiadas pelo mundo imperialista. A aceleração do processo contrarrevolucionário foi saudada pela burguesia no Ocidente como uma “autêntica revolução” que garantiria a “paz, liberdade e democracia” para toda a eternidade.


Na Bélgica, todas as formações burguesas e pequeno-burguesas, dos fascistas aos socialdemocratas, dos ecologistas aos restos do moribundo “Partido Comunista”, todos saudaram tal “revolução de paz”, a “liberdade e democracia”. Passaram dois anos apenas e, no entanto, podemos ver facilmente que a contrarrevolução no Leste e na União Soviética não conduziu à paz, à liberdade e à democracia, mas sim à guerra, à opressão, à exploração e ao fascismo.


Pouco tempo depois de a URSS ter desertado para o campo ocidental, o imperialismo desencadeou uma guerra de agressão contra o Iraque, que provocou entre 150 mil e 250 mil mortes de civis e militares iraquianos. A manutenção do boicote econômico desde a guerra custou a vida de mais de 170 mil crianças até agora. Esta guerra criminosa revelou uma série de características novas nos métodos usados pelo imperialismo para dominar o Terceiro Mundo. As grandes potências imperialistas estão prontas a utilizar as mais sofisticadas tecnologias militares, como fizeram no Iraque, contra os países do Terceiro Mundo que ousem defender sua independência e soberania. Somos testemunhas do desenvolvimento de um terrorismo de Estado desumano e bárbaro.


A Guerra do Golfo nunca teve como objetivo salvaguardar a independência do Kuwait, mas sim assegurar sua separação do mundo árabe, sua anexação como uma espécie de 53º Estado americano e o confisco por parte do Ocidente dos recursos petrolíferos do Oriente Médio.


“O dever de intervir” é o novo slogan com o qual o imperialismo nega a soberania aos países do Terceiro Mundo e desmantela o direito internacional, para o substituir pelos seus próprios regulamentos de tipo colonial, criando enclaves, estrangulando lentamente países com boicote econômico e organizando abertamente forças políticas pró-imperialistas.


As condições de rendição impostas ao Iraque provam que a recolonização econômica, em grande parte realizada nos anos 80, foi agora completada com a recolonização política e militar. Desta forma, estamos no processo de regresso à escravidão colonial.


Os partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos, os partidos democratas-cristãos, liberais, nacionalistas, conservadores e socialistas na Europa, tomaram parte nesta agressão. A democracia ocidental demonstra uma vez mais desta forma que seu pluralismo funciona principalmente a favor das forças que apoiam a barbárie imperialista.


O Ocidente está pronto para mobilizar todo seu capital e toda sua tecnologia para aumentar a exploração e o terror. O imperialismo transformou-se em um sistema diabólico cuja existência é incompatível com a simples sobrevivência de milhares de milhões de pessoas no Terceiro Mundo.


Para esmagar um pequeno país de 18 milhões de habitantes no Terceiro Mundo, os Estados Unidos tiveram que mobilizar uma quantidade considerável de dinheiro e de forças armadas. Esta grande força destrutiva concentrada em um pequeno ponto do globo revela fraqueza no plano estratégico. Em um momento no qual a opressão e a miséria se tornam cada vez mais intoleráveis, desenvolvem-se favoravelmente as condições objetivas para um movimento revolucionário em grande escala. Arruinados e gemendo sob a pressão de uma crise após outra, os países do Terceiro Mundo oferecem algumas oportunidades para investimentos lucrativos. Por conseguinte, para conservar um sistema injusto, as potências imperialistas são obrigadas a recorrer, cada vez mais, à solução militar para a manutenção da ordem. O imperialismo nada tem a oferecer às massas do Terceiro Mundo e é alvo de um ódio crescente por parte dos povos.


Depois do colapso do socialismo no Leste, ideólogos famosos anunciaram que, a partir de agora, seria apenas o capitalismo a escrever a história. Contudo, o capitalismo aparece sob a forma de três grandes potências que se vigiam nervosamente umas às outras, prontas para empunhar suas armas. O mercado mundial, que agora se expande muito lentamente, tornou-se demasiado pequeno para acomodar os três “gangsters” insaciáveis – Estados Unidos, Japão e Alemanha.


Cada um mantém sua parte com a ajuda de investimentos colossais, sempre crescentes, aumentando a tendência para a baixa da taxa de lucro. As suas modernas instalações produzem em série enormes quantidades de produtos, que são absorvidos com dificuldade por mercados que quase não se expandem. A cada dia, surge um novo conflito comercial entre as três grandes potências nos setores da produção automotiva, do desenvolvimento da indústria aeronáutica e espacial, da química, das comunicações, etc. O mundo imperialista caminha lentamente para mais uma grande crise econômica e financeira.


Se as estruturas minadas do socialismo na Europa do Leste se desmoronaram tão depressa quando demora a demolição de um muro, a frágil estrutura do mundo capitalista pode ruir tão subitamente como a do seu adversário. Sob a pressão de três poderes que se confrontam entre si, o futuro do mundo capitalista apresenta-se sombrio.


Afirmou-se que o colapso do socialismo era a prova do perfeito estado de saúde do sistema capitalista e que proporcionaria ao capitalismo novas oportunidades de expansão. É verdade que a conquista do Leste pode acrescentar mais 5% à taxa de crescimento da economia germânica nos próximos anos. Mas, isto será feito à custa da destruição das estruturas econômicas do Leste e da antiga União Soviética, onde já se verificou uma queda de 20% do Produto Nacional Bruto no espaço de dois anos. Graças à livre iniciativa, cerca de dez milhões de trabalhadores, dos quais 2,2 milhões só na Polônia, já perderam seus meios de subsistência.


Os desempregados, que não se beneficiam de qualquer proteção social, e os pensionistas idosos encontram-se na miséria. Os números dos suicídios aumentam, tal como sobe a taxa de criminalidade. Desenvolve-se um capitalismo sem escrúpulos, criminoso, selvagem: aqueles que prometeram um “socialismo de rosto humano” trouxeram o capitalismo mais desumano que já conhecemos. Em 1989, o Ocidente estimulou o êxodo dos alemães do Leste para desestabilizar política e economicamente a RDA. Aqueles que passaram a fronteira foram aclamados como “heróis da liberdade” pela imprensa burguesa. Hoje, há milhões de potenciais “heróis da liberdade” desses milhões de poloneses, húngaros, romenos que tentam fugir à pobreza e encontrar um trabalho no Ocidente. Agora, a mesma imprensa burguesa manifesta-se preocupada com o “perigo de uma invasão do Leste” e apela ao fechamento das fronteiras.


As “revoluções da liberdade” foram amplamente comemoradas. Certamente que a principal liberdade de um povo é a independência de qualquer dominação estrangeira. Em apenas alguns anos, os antigos países socialistas caíram em uma situação de crescente dependência econômica e financeira. O imperialismo dita suas leis, tal como o faria em qualquer país neocolonial do Terceiro Mundo. A União Soviética tinha um déficit nacional de 30 bilhões de dólares em 1985. Hoje atingiu os 80 bilhões e continua a aumentar. A nova burguesia fez o povo crer que o capital ocidental iria investir em seu bem-estar. Todavia, o grande negócio não correu riscos e limitou seus investimentos, comprando as melhores empresas a preços muito baixos. A riqueza nacional dos antigos países socialistas foi assim desbaratada.


O país que, sem dúvida, mais tem ganhado com estas vendas é a Alemanha, que também se beneficia das relações da RDA com os demais antigos países socialistas. A Alemanha é, de longe, o maior credor e o mais ativo comprador de empresas altamente lucrativas. É o mais importante parceiro comercial. Deste modo, graças ao seu domínio sobre a Europa do Leste, a Alemanha possui alguns trunfos na luta global que trava com os concorrentes japoneses e estadunidenses. Já dominante dentro da Comunidade Europeia, a Alemanha abre um novo campo imenso de exploração no Leste. Isto agudiza as tensões entre este gigante dominador e os países menos sucedidos da Comunidade Europeia.


Em dois anos, a democracia nos antigos países socialistas, ou seja, a democracia burguesa, promoveu a reabilitação dos líderes fascistas da Segunda Guerra Mundial: Stepan Bandera na Ucrânia, Tiso na Eslováquia, Antonescu na Romênia e Ante Pavelic na Croácia. A nova burguesia no Leste e na antiga URSS refugiou-se no chauvinismo e na ideologia nacionalista para granjear o apoio dos trabalhadores aos seus novos exploradores. As velhas formações nacionalistas e fascistas desenvolvidas sob o regime nazista regressam em força. A Iugoslávia já está devastada por guerras civis reacionárias. Guerras civis nacionalistas também estão em curso entre armênios e azeris, russos e moldavos. Graves distúrbios são preparados na Ucrânia.


Prevendo um colapso econômico, o caos total e a guerra civil na União Soviética, a Alemanha e a França, pressionam para a criação de um exército europeu, capaz de manter a ordem no Leste e em certas “repúblicas independentes”. Um envolvimento militar em tal pântano poderá ter consequências imprevisíveis, como demonstraram os acontecimentos que conduziram à Primeira Guerra Mundial nesta região.


No auge do triunfo, o capitalismo demonstra que nada tem mais a oferecer senão fome, repressão, agressão militar e destruição geral. Nas ruínas do socialismo derrotado, o capitalismo não pode oferecer senão desemprego, pobreza, superexploração, fascismo e guerra civil. Mesmo no coração do “mundo civilizado”, o capitalismo só pode prometer um futuro de desemprego e de regressão social, a qual deve se acrescentar racismo, crimes, fascismo e intervenção militar.


A traição dos revisionistas não pode encobrir de forma alguma a verdadeira natureza do capitalismo e do imperialismo. A verdadeira natureza do capitalismo revela um sistema sangrento e desumano, que no decurso da sua expansão provoca contínuas crises econômicas, sociais, políticas e morais, as quais, à medida em que o tempo passa, se aprofundam, cada vez mais, em escala mundial.


A dura realidade deste mundo expôs totalmente a falsa arrogância do oportunismo.


Quando a burguesia proclama o colapso final do comunismo, se utiliza da triste bancarrota do revisionismo na Europa do Leste e na União Soviética para reafirmar seu ódio à inestimável obra realizada no passado por Marx e Engels, Lenin e Stalin. Ao fazê-lo, a burguesia pensa mais no futuro do que no passado. A burguesia quer nos fazer crer que o marxismo-leninismo foi enterrado para sempre, porque conhece muito bem a atualidade e a vitalidade da análise comunista na presente situação do mundo. Os quadros da burguesia também efetuam avaliações científicas sobre o futuro do mundo. Também predizem grandes crises, convulsões globais e guerras de todo o tipo. Ante o abismo do desemprego, da pobreza, da exploração e da violência, que se abre para as massas laboriosas em todo o mundo, só o marxismo-leninismo pode mostrar o caminho para a libertação nacional e social. Cabe aos comunistas de todo o mundo assumir este desafio.



artigo de Ludo Martens, de 2 de abril de 1992

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HISTÓRIA DAS
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