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"Pompeo na América Latina para cercar a Venezuela"



Mike Pompeo esteve visitando o Suriname, a Guiana, o Brasil e a Colômbia entre os dias 17 e 20 de setembro. Estreitou relações com os governos recém-eleitos do Suriname e Guiana (países com potencial petrolífero e que se somaram à Iniciativa América Cresce), entretanto, a agenda esteve centrada no cerco contra à Venezuela.


Suriname e Guiana


Pompeo é o primeiro secretário de Estado a visitar o Suriname desde que este obteve sua independência. Se reuniu com o presidente Chan Santoki e o secretário de Relações Exteriores, Albert Ramdin, para fortalecer relações bilaterais e de segurança, assim como temas de energia, democracia e “assuntos regionais”. O novo governo reiterou que não está a favor das sanções, e se inclina a “convocar os líderes venezuelanos para encontrar soluções”.


Um aspecto que vincula os interesses dos EUA ao Suriname e a Guiana é o petróleo. O triunfo de Claver-Carone no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e a incorporação do Suriname e Guiana à Iniciativa América Cresce facilitaria o financiamento para infraestrutura energética.


A Guiana vive um auge do petróleo e se espera que a produção em plataformas marítimas se amplie no Suriname. A ExxonMobil anunciou em 2015 o descobrimento de enormes reservas petrolíferas nas águas da Guiana, correspondentes em parte ao território de Esequibo, que a Venezuela alega ser seu. A viagem de Pompeo ocorre no momento que a Guiana está revisando seu acordo com a Exxon devido a problemas com as regulações do país.


O marco da visita de Pompeo foi a assinatura de um acordo para fortalecer o financiamento da infraestrutura em energia e a cooperação para construção de mercados no contexto da Iniciativa América Cresce. O objetivo é estimular a inversão de capital do setor privado norte-americano em infraestrutura vinculada a energias renováveis e não-renováveis. Think-tanks como o Council of Americas (AS/COA), com um forte financiamento petroleiro norte-americano, celebraram a reunião de Pompeo.


A importância geopolítica da Guiana também é parte da disputa dos EUA com a China. Em 2018, ela se uniu à Nova Rota da Seda, que inclui inversões de capital em portos e estradas. O projeto é de importância geoestratégica, já que reduziria os tempos de transporte ao norte do Brasil com uma rota mais rápida pelo canal do Panamá. Além disso, a petroleira chinesa, CNOOC, possui uma participação de 25% no bloco Stabroek da Exxon, em que foram mencionadas as disputas legais acima.


Brasil e Colômbia


Pompeo esteve em Roraima, no Brasil, visitando um dos centros da Operação Acolhida, coordenada pelo exército brasileiro, agências da ONU, ONGs e Polícia Federal, que atende desde 2018 imigrantes venezuelanos, e anunciou 348 milhões de dólares adicionais em assistência humanitária para venezuelanos. Também anunciou fundos adicionais para o Brasil em 30 milhões de dólares.


Na sua reunião com o chanceler Ernesto Araújo, também falou da excelente perspectiva das relações com o novo governo da Guiana (país vizinho ao estado de Roraima), destacando a conexão por rodovias entre Roraima e Georgetown, que permite acesso ao Caribe.


Pompeo afirmou que o governo dos EUA prometeu 13 milhões de dólares ao país em resposta à pandemia. Empresas norte-americanas que operam no Brasil se compremeteram com aproximadamente 55 milhões de dólares. Pompeo destacou que a nova cooperação técnica com o Brasil para o desenvolvimento dos recursos minerais e energéticos, e a boa governança no setor, que tem por objetivo diversificar as cadeias produtivas de minerais críticos. Também se reforçou a cooperação da USAID na Amazônia com o Fundo de Biodiversidade. O último ponto de discussão da agenda foi a segurança nacional e “a importância de manter as futuras redes do Brasil a salvo do Partido Comunista Chinês”.


No dia 19 de setembro, Pompeo se reuniu pela terceira vez desde abril de 2019 com Iván Duque, para fortalecer a ação contra o narcotráfico, tratar do assunto de grupos terroristas, a resposta à pandemia e abordar o tema da Venezuela. Destacaram a estratégia “Colômbia Cresce”, continuação do Plano Colômbia, anunciada em agosto.


Pompeo e o cerco à Venezuela


A opinião dos think-tanks norte-americanos vêm instalando a ideia de que os EUA poderiam utilizar melhores relações com a Guiana como “arma secreta” na campanha contra a Venezuela, substituindo o “regime regional de petropolítica de Caracas” com um provedor mais estável. Também assinalaram que o país tem agora uma forte cooperação com a China e a Rússia. “Uma Guiana em crescimento e próspera poderia converter-se em um eixo de estabilidade para o Caribe”.


Na Guiana, o presidente Mohamed Irfaan Ali reiterou seu compromisso com o Grupo de Lima, particularmente sua preocupação com a “crise humanitária” na Venezuela. Também comentou sobre a profundidade da cooperação com os EUA na segurança, cibersegurança, transferência de tecnologia e medidas anticorrupção para o país.


No Brasil, foi enviada ao Congresso uma nova versão dos documentos de Defesa do Brasil. Pela primeira vez desde a Guerra do Paraguai (1864-1870) se considera oficialmente a possibilidade de invocar as Forças Armadas brasileiras na solução de crises regionais, e ainda que não citem à Venezuela, ela é apontada como o ponto crítico da região.


Na Colômbia, Duque chamou a comunidade internacional a atuar contra o regime venezuelano por “crimes contra a humanidade”, enquanto isso, os enfrentamentos na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela entre dissidências das FARC e o Exército da Venezuela deixou vários mortos. Ao mesmo tempo, os EUA anunciou assistência humanitária para a Venezuela, e reativou as sanções ao Irã, sócio estratégico da Venezuela. Ainda é válido mencionar que Elliot Abrams é também o novo representante especial para o Irã (ele já era para a Venezuela), o que indicaria o objetivo de vincular ambas estratégias.


Por Tamara Lajtman e Aníbal García Fernández





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