top of page
  • Foto do escritorNOVACULTURA.info

"A luta de Marx e Engels contra o oportunismo da Social Democracia Alemã"


A herança literária de Marx e Engels é colossal. Todo documento novo que é publicado, toda carta, nota, artigo reescrito ou suas teses alteradas, ajuda numa compreensão cosciente e na direção do processo histórico. A respeito disso os documentos (cartas de Marx e Engels para Bebel, Wilhelm Liebknetch, K. Kautsky e outros, de 1870 à 1886), publicados no Vol. VI de Arquivo de Marx e Engels, tem tremenda significância.

Nem todas as cartas de Marx e Engels para os líderes social democratas daquele tempo foram publicadas. O que agora se tornou disponível foi escondido por meio século pelos traidores da revolução. A Social Democracia Alemã até hoje guarda muitas cartas de Marx e Engels à sete chaves. Elas são perigosas para eles até agora, pois esta correspondência – como parece dos documentos publicados – é uma acusação completa da Social Democracia Alemã.

Marx e Engels, com a energia revolucionária característica deles, lutaram contra o oportunismo que havia penetrado as fileiras da Social Democracia Alemã já bem no início de seu caminho, o que levou a sua traição dos interesses da classe operária. De muitas maneiras, eles previram até mesmo o traiçoeiro fim desse partido. Engels – e todas as cartas sobre assuntos do partido e política do partido, como enfatizado na introdução deste volume do Arquivo, estavam em consonância com Marx – escreveu para Bebel, que estava então lutando pelo caráter revolucionário do partido:

“Enquanto o partido na Alemanha se manteve firme ao seu caráter proletário, nós varremos todas as outras considerações. Mas agora, quando elementos pequeno burguêses admitidos no partido mostraram seu jogo, a situação é diferente. Enquanto lhes forem permitido infiltrar de pouquinho em pouquinho suas visões pequeno burguêsas no órgão do partido alemão, este órgão está por este meio fechado para nós.”

Então segue essa engenhosa predição:

“No entanto, a história segue seu caminho, apesar desses sábios e moderados filisteus. Na Russia, em alguns meses, as coisas estão para tomar um turno decisivo. Uma das duas coisas: ou a autocracia cairá, e com o baluarte principal da reação removido novos ventos vão de uma vez varrer a Europa, ou uma guerra Européia começará e... essa guerra, também, enterrará o partido alemão presente. O novo partido, cujo, por fim, deverá surgir como resultado disso tudo, estará livre em todos os países europeus da vacilação e mesquinhez que prejudica o movimento em todos os lugares.”

Isto foi escrito em 1879! Com exceção dos períodos, que exata previsão é revelada neste documento da fundação do Partido Comunista e da Terceira Internacional, ainda 10 anos antes do nascimento da Segunda! Este novo partido, do qual Engels falou, Lenin fundou.

Três anos mais tarde Engels mais uma vez escreveu para Bebel dizendo que no evento de uma guerra Européia “nosso partido na Alemanha seria varrido e dividido numa corrente de chauvinismo, e o mesmo aconteceria na França.”

Marx e Engels tentaram de toda maneira possível exercer influência em Bebel para expulsar os oportunistas do Partido.

“Nós não devemos,” escreveu Engels em 1873, “permitir induzir-nos ao erro por gritos sobre ‘unidade.’ São os mesmos que mais cantam pelo slogan que são os principais instigadores da desunião. Tal qual os Bakunistas do presente. No entanto, o velho Hegel, o próprio, disse: ‘Um partido que é capaz de sobreviver à uma divisão está deste modo dando evidências que seu triúnfo final está assegurado. O movimento do proletariado inevitavelmente passa por vários estágios de desenvolvimento. Em cada ponto uma parte das pessoas fica presa e não seguem mais em frente.”

“Felizmente,” Engels observa mais a frente, “o movimento proletário possui uma enorme capacidade de renovação.”

Em 1882, pouco antes da morte de Marx, Engels escreveu para Bebel:

“Aquilo cedo ou tarde vai vir ao chão com os elementos burguêses no partido, e se dividirá em uma ala direita e uma esquerda, há muito tempo eu não tenho a mínima ilusão, e numa nota sobre o artigo no Jahrbuch eu disse sem rodeios que eu consideraria isso desejável. ... Uma coisa você pode ter certeza: Se chegar a acontecer um choque com estes senhores e a ala esquerda do partido abrir o jogo, nós vamos, sob todas as circunstâncias, ir com você – e ativamente, com os visores levantados.”

Já depois da morte de Marx, em 1885, Engels escreveu para Wilhelm Liebknecht:

“Os elementos pequeno burguêses no partido estão cada vez mais ganhando controle. O nome de Marx está possivelmente sendo eliminado. Se isso continuar, haverá uma divisão no partido, você pode estar certo disso.”

Em outra carta, para Bebel, Engels escreveu:

“Nós temos que agradecer Liebknecht por todo esse lixo, com sua fraqueza por sofisticados educados, por pessoas com uma posição burguesa, tão lisonjeira para o filisteu. Ele se apaixona pelos escritores e homens de negócio flertando com o Socialismo. Mas na Alemanha precisamente eles são as pessoas mais perigosas, e contra eles Marx e eu temos promovido uma luta incessante desde 1845. Com eles tendo sido adimitidos no partido, onde eles se projetam para todos os lados, eles precisam ser constantemente empurrados pra trás, porque seus pontos de vista pequeno burgueses invariávelmente entram em confronto com as visões das massas proletárias, ou eles tentam distorcer essas visões. ... Uma divisão é obviamente inevitável. ...”

Neste volume do Arquivo são publicadas cartas sobre a crítica ao Programa de Gotha. Marx e Engels protestaram não só contra o programa em si, mas também contra a unidade sob uma base podre com os Lassallianos. Engels escreveu: “Essa unidade carrega a semente de uma divisão.”

Mas a divisão não ocorreu. Até aqueles líderes que lutaram pelo caráter revolucionário do partido temiam uma divisão. Num período mais recente do desenvolvimento da Social Democracia Alemã a mesma história se repitiu com o grupo de Rosa Luxemburgo. E Lenin, os Bolcheviques, não podiam aceitar carregar a divisão pelos Esquerdas na Partido Social Democrata Alemão. O camarada Stalin escreveu sobre isso na carta, “Algumas Questões Relacionadas a História do Bolchevismo.”

“O que poderia Lenin ter feito,” Stalin escreveu, “o que poderiam os Bolcheviques fazer, quando os social democratas de esquerda na Segunda Internacional, e acima de tudo dentre os social democratas alemães se provaram um grupo fraco e impotente, organizado inadequadamente e deficiente em equipamento ideológico, e com medo até de pronunciar palavras como ‘racha’ ou ‘divisão’?”

Na luz das novas cartas publicadas de Marx e Engels ilustrando sua impetuosa luta com o oportunismo no Partido Social Democrata Alemão durante os primeiros e últimos estágios de seu desenvolvimento, o papel do Leninismo no movimento revolucionário internacional emerge ainda mais forte e claramente. Com seus ensinamentos dos princípios do Partido, com sua ênfase na organização de um partido Bolchevique independente, e com sua implacável luta contra o oportunismo, Lenin salvou o estandarte do Marxismo e a causa da revolução proletária. É impossível, por exemplo, ler as Atas do Segundo Congresso do nosso Partido – trinta anos desde que Lenin lançou sua luta pela pureza ideológica da organização dos revolucionários proletarios – sem se emocionar. Lenin não conhecia a maioria das cartas de Marx e Engels sobre o Partido Social Democrata Alemão, publicadas em anos mais recentes. Mas uma comparação do que ele disse e escreveu sobre o partido, incluindo seus enunciados no Segundo Congresso, com o que Marx e Engels escreveram, revela uma patente unidade ideológica nessa questão decisiva sobre o partido da revolução proletária.

Incidentalmente, é característico também que Marx e Engels, especialmente Marx, imediatamente detectaram o caráter filisteu e pequeno burguês do papa e do cardeal do oportunismo internacional – Bernstein e Kautsky. Numa carta para sua filha, não inclusa neste volume do Arquivo, em 1882, Marx escreveu:

“Quando essa beleza apareceu para mim pela primeira vez – estou falando deste velho colega Kautsky – a primeira questão que escapou dos meus lábios, ele era igual sua mãe? Absolutamente, de forma alguma, ele respondeu; e internamente eu parabenizei sua mãe. Ele é de uma mediocridade, com pontos de vista mesquinhos, muito arrogante (ele só tem 26 anos), sabe mais que todo mundo, diligente até certo ponto, ocupando a si mesmo com estatísticas mas não tirando muito senso disso; ele pertence desde o dia em que nasceu ao gênero filisteu.”

Devastador!

Kautsky e Bernstein foram assunto de muitas cartas de Engels para Bebel. Em uma carta Engels escreve:

“Para nosso pessoal – para alguns em qualquer grau – parece completamente impossível quando escrevendo artigos se limitar ao o que eles realmente entendem. Isto é evidenciado pelos volumes de cópias sem fim da teoria Socialista redigida por K. Simmachos (Kautsky) e outros como ele, cujo a ignorância econômica, visões erradas, e falta de conhecimento da literatura Socialista servem como meios excelentes de destruição da superioridade teórica que tem até agora distinguido o movimento alemão.”

Em 1879, em uma carta para a liderança do partido criticando avidamente os oportunistas que estavam então mostrando as caras, Marx e Engels sugeriram que eles fossem expulsos do partido, Bernstein incluso.

“Os cavalheiros (Goechberg, Schramm e Bernstein) que escreveram isso [se referindo ao artigo, ‘Uma Retrospectiva do Movimento Socialista na Alemanha’ G. V.] são membros do nosso partido... agora sustentando posições oficiais. Essas coisas são completamente incompatíveis. Se eles pensam como escrevem, eles devem deixar o partido – pelo menos se resignar de suas posições. Se eles não o fizerem, eles estão admitidamente pretendendo usar seus status de oficiais para combater o caráter proletário do partido.” [Assim o partido se vende por deixá-los em suas posições, G. V.]

Mais à frente na mesma carta:

“Nós somos confrontados com representantes da pequena burguesia que têm pavor que o proletariado, impulsionado por sua posição revolucionária na sociedade, ‘vá longe demais.’... Essas são exatamente as pessoas que, sob o pretexto de uma eficiência apressada, não somente não fazem nada por eles mesmos mas tentam previnir que qualquer coisa aconteça, salvo a tagarelice; que em 1848 e 1849 obstruíram todos os passos do movimento com seu medo de qualquer ação, finalmente levando-o a derrota.”

É impossível não lembrar o discurso de Lenin no Segundo Congresso do Partido:

“Seria bem melhor que dez homens que trabalharam e não deveriam chamar a sí mesmo de membros do Partido, que aquele tagarela ter o direito e a oportunidade de se tornar um membro.” (Atas do Segundo Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo, p. 280, edição Russa, 1932)

A carta de Marx e Engels conclui com uma ameaça de cortar os laços com o partido alemão:

“Como o partido pode continuar a tolerar dentro de seus quadros os autores deste artigo, é completamente incompreensível para nós. Mas se até a liderança do partido em qualquer extensão cai nas mãos desse tipo de pessoa, significa que o partido está simplesmente castrado, sem nenhuma energia proletária nele.”

E em 1932 a Social Democracia Alemã, há muito morta e enterrada como partido revolucionário, enterrou Eduard Bernstein como um de seus líderes!

“Se a política do novo órgão partidário corresponderá com as visões desses cavalheiros, se for burguesa e não proletária, não nos resta nada a não ser vir publicamente contra tal, e pôr um fim a solidariedade com vocês outrora manifestada...”

Bernstein, como se sabe, então escondeu seus trapos oportunistas com os quais no dia seguinte da morte de Engels ele costurou o estandarte do revisionismo internacional que encontrou uma base no partido que falhou em botar para fora os oportunistas de seus quadros.

Marx e Engels tiveram que carregar a luta não somente contra os oportunistas de direita, mas também contra os “esquerdistas” – os Bakunistas. Estes oportunistas da mesma forma encontraram seus apoiadores na social democracia daquela época. Wilhelm Liebknecht foi útil até neste domínio. Ele estava imprimindo no órgão do partido material para vários Bakunistas que estavam atacando o Conselho Geral da Primeira Internacional, e particularmente Marx.

Em 1871 Marx escreveu para Liebknecht sobre a publicação de cartas por Boruttau, um capanga, dos Bakunistas, no órgão do partido Volkstaat: “Você deve simplesmente decidir se está a agir conosco ou contra nós.” Um ano depois Engels escreveu para Liebknecht: “Stefanoni, atrás de tal nome se encontra ninguém menos que Bakunin... basicamente te usou como uma ferramenta...”

É impossível dentro do compasso de um artigo exaurir a riqueza de pensamentos espalhados pelas cartas deste volume do Arquivo. Os eventos de nosso tempo, mesmo depois de tantos anos, confirmam a exatidão de suas análises das mais complexas questões da política, a exatidão de suas caracterizações de indivíduos. Que poder o Marxismo deve ter para ser capaz de prever tão claramente eventos de desenvolvimento histórico!

Como exemplo, nos permita entrar numa das mais importantes questões da realidade Soviética, a questão das fazendas coletivas. Em 1886, escrevendo sobre um assunto privado para Bebel, Engels expressou suas visões sobre um dos principais problemas da revolução Socialista:

“Assim que nós tomarmos o poder, nós devemos executar medidas para a organização da agricultura em larga escala – no início arrendando as grandes propriedades para associações cooperativas independentes, que irão operar sob o controle do Estado e com a cláusula de que o Estado deverá se manter dono da terra. A grande vantagem nessa medida é, que enquanto é essêncialmente praticável, não pode ser levada a cabo por nenhum partido a não ser o nosso. ... Que durante a transição para a economia Comunista nós devemos fazer uso extensivo da produção cooperativa como uma ligação intermediária, Marx e eu nunca tivemos nenhuma dúvida sobre isso. As coisas devem ser tão bem organizadas que a sociedade – no começo, consequentemente o Estado – deverá manter a propriedade dos meios de produção, para que os interesses privados de uma associação cooperativa não possa tomar posse da propriedade pertencente à sociedade como um todo.”

Lenin e Stalin, continuando a causa de Marx e Engels, da mesma forma resolveram os problemas da reconstrução Socialista da agricultura. A teoria e prática da coletivização nacional e a liquidação dos kulaks como classe, formulada e elaborada pelo Camarada Stalin, deu ao proletariado revolucionário do mundo uma nova e poderosa arma na luta pelo Socialismo.

Todo passo revolucionário do partido evocou no “velho homem” em Londres grande alegria e entusiasmo. Deste modo Engels, ao ouvir que Bebel e Liebknecht votaram contra os créditos de guerra durante a guerra Franco-Prussiana de 1870, escreveu para Natalie Liebknecht:

“Todos nós aqui regojizamos à conduta corajosa dos dois no Reichstag, quando, sob as circunstancias, não foi brincadeira nenhuma ir aberta e resolutamente em defesa de suas visões.”

Alguns anos depois, Engels de novo retorna à essa questão, observando que os “operários alemães provaram estar na vanguarda do movimento europeu principalmente por conta de seu comportamento genuínamente internacionalista durante a guerra.” A conduta traiçoeira e chauvinista da social democracia alemã durante a guerra mundial transformou a social democracia num “cadaver fedorento.” Lenin, o Bolchevismo, salvou o estandarte do proletariado revolucionário mundial ao aderir à política do derrotismo, a verdadeira posição internacionalista, ao lutar contra o imperialismo. Isso merecidamente coloca os operários russos na vanguarda do movimento proletário do mundo.

O sexto volume do Arquivo é um tesouro do pensamento Marxiano. Nessas cartas, Marx e Engels emergem antes de nós não somente como teóricos mas como líderes práticos do movimento operário. Você consegue vê-los dando uma mão em tudo, até as mais detalhadas, questões da vida do partido, de rascunhos de discurso para Bebel, cunhando slogans para campanhas eleitorais, ao organizar a publicação da literatura do partido, ao escolher o tipo de literatura a ser definida, e ao coletar recortes de jornal.

O sexto volume do Arquivo deve se tornar posse de todos os trabalhadores ativos do Partido. Esses documentos devem ser estudados. Eles são uma arma ideológica na luta por um espírito Bolchevista do Partido, equipando nossos líderes e os ajudando a se orientar nos novos desenvolvimentos que Lenin e Stalin trouxeram para o Marxismo.

Essas cartas de Marx e Engels, escritas como elas são em estilo popular, deverão ser publicadas em edições separadas, extensivamente anotadas, para que as amplas massas de trabalhadores possam usá-las.

por G. Vasilkovsky

textura-03.png
pacoteREVOLUÇÕES.png

HISTÓRIA DAS
REVOLUÇÕES

  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
  • Telegram
  • Whatsapp
PROMOÇÃO-MENSAL-abr24.png
capa28 miniatura.jpg
JORNAL-BANNER.png
WHATSAPP-CANAL.png
TELEGRAM-CANAL.png
bottom of page