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Fidel: "Cuba é uma nação socialista"

Foto do escritor: NOVACULTURA.infoNOVACULTURA.info

"Notáveis visitantes da América Latina e de todo o mundo, combatentes das forças armadas do povo, trabalhadores: nós tivemos 14 horas e meio de desfile militar. (Cantando) Eu penso que só uma pessoa imbuída com entusiasmo infinito é capaz de resistir tais provas. De qualquer maneira, eu vou tentar ser o mais breve possível (Cantando).


Nós estamos muitos felizes em relação a essa atitude do povo. Eu acredito que hoje nós deveríamos esboçar um percurso para seguir, analisar um pouco o que nós fizemos até agora, e ver a que ponto da nossa história estamos, e o que temos adiante. Todos nós tivemos chance de ver o desfile militar. Talvez nós que estamos nessa plataforma poderíamos apreciar melhor do que você na praça, talvez até melhor do que os que desfilaram. Esse primeiro de maio nos diz muito, diz muito sobre o que a revolução vem sendo até agora, o que conquistou até agora; mas talvez não diga tanto a nós quanto diz para os nossos visitantes.


Nós temos sido testemunha, todos nós cubanos, de todos os passos dados pela revolução, então talvez não consigamos perceber o quanto avançamos tanto quanto os visitantes, particularmente aqueles visitantes da América Latina, que ainda hoje vivem em um mundo muito similar ao que vivíamos ontem. É como se fossem de repente transportados do passado para o presente da nossa revolução, com todo seu progresso extraordinário comparado ao passado. Nós não temos a intenção essa noite de enfatizar o mérito do que fizemos. Nós apenas queremos nos localizar o ponto no qual estamos no presente.


Hoje, nós tivemos a chance de ver os resultados genuínos da revolução nesse primeiro de maio, diferentemente dos primeiros de maio anteriores. Antigamente essa data era a ocasião para cada categoria de trabalhadores para apresentarem suas demandas, suas aspirações em relação ao que poderia ser melhorado para homens que eram surdos para os interesses da classe trabalhadores, homens que não poderiam nem assentir em favor das demandas básicas porque eles não governavam para as pessoas, para os trabalhadores, para os camponeses, ou para os humildes; eles governaram somente para os privilegiados, o interesse econômico dominante. Fazer tudo pelo povo significava prejudicar os interesses que eles representavam e então eles não poderiam assentir para nenhuma demanda do povo. O desfile do primeiro de maio daqueles dias ficou marcado pelas reclamações e pelo protesto dos trabalhadores.


O quão diferente foi o desfile de hoje! O quão diferente até mesmo dos primeiros desfiles depois que a revolução triunfou. O desfile de hoje mostra o quanto avançamos. Os trabalhadores (alguns aplausos) agora não precisam se submeter a essas dificuldades; os trabalhadores agora não precisam implorar para executivos surdos; os trabalhadores agora não estão sujeitos a dominação de nenhuma classe exploradora; os trabalhadores não mais vivem em um país controlado por homens que servem interesses exploratórios. Os trabalhadores sabem agora que tudo que a revolução faz, tudo que o governo faz ou pode fazer, tem um objetivo: ajudar aos trabalhadores, ajudar as pessoas. (Aplausos)



Caso contrário, não haveria explicação para o sentimento espontâneo de apoio pelo Governo Revolucionário, essa simpatia transbordante que cada homem e mulher expressaram hoje ao passar em frente à tribuna (Aplausos).


E para onde quer que olhemos vemos já os frutos da Revolução, porque os primeiros que desfilaram no dia de hoje foram precisamente as crianças de cidade escolar “Camilo cienfuegos” (Aplausos). E vimos desfilar os primeiros pioneiros [1] (Aplausos) com um sorriso de esperança, confiança e carinho; vimos os jovens rebeldes desfilarem (Aplausos); vimos as mulheres da Federação[2] desfilarem (Aplausos); vimos desfilar incontáveis escolas criadas pela Revolução (Aplausos); vimos desfilar estudantes de inseminação artificial (Aplausos) que, em número 1000 estudantes de 600 cooperativas de cana-de-açúcar estudam na capital da República (Aplausos); vimos humildes jovens do povo desfilar com seus uniformes dos centros escolares, onde estão se preparando para serem futuros representantes diplomáticos de nosso país no futuro (Aplausos); vimos os alunos das escolas que albergam a jovens camponeses da Ciénaga de Zapata, o lugar escolhido pelos mercenários[3] para atacar nosso país (Aplausos); vimos desfilarem milhares de camponeses que estão estudando na capital, procedentes dos rincões mais longínquos de nossa ilha, das montanhas do Oriente[4] ou das Villas, das cooperativas de cana-de-açúcar ou nas fazendas do povo (Aplausos); vimos as jovens que estudam para assistentes de círculos infantis (Aplausos).


E aqui cada um desses núcleos colegiais tem sido capaz de demonstrar atos que, se se considerar o brevíssimo tempo com que contaram para se preparar, são duplamente dignos de admiração e elogio (Aplausos). Vimos não somente o que vem do campo, temos visto também o que vai para o campo, porque aqui desfilaram os professores voluntários (Aplausos) e desfilaram também os representantes dos 100 mil jovens que já estão marchando até o interior da República para cumprir o plano de erradicar totalmente o analfabetismo em nosso país em um ano (Aplausos). De onde vem essas forças e para onde vão? Vem do povo e vão para o povo (Aplausos).


Esses jovens são sim filhos do povo (Aplausos). Esses jovens sim são filhos do povo (Aplausos). E quando os víamos hoje escrever com suas formações “LVP”, ou a inscrição de: “Viva nossa Revolução socialista!” (Aplausos prolongados e exclamações: “Somos socialistas, para adiante, para adiante e o que não gosta que tome purgante!”), nós pensamos: que difícil teria sido tudo isso sem uma revolução! Que difícil que qualquer uma dessas crianças da montanha tivesse desfilado por aqui hoje! Que difícil que qualquer um desses jovens do nosso campo, que qualquer jovenzinho ou jovenzinha de famílias mais humildes, que tivessem podido conhecer sequer a capital da República, estudar em qualquer uma dessas escolas, desfilar com alegria e o orgulho como desfilaram hoje, admirar a todos, admirar nossos visitantes, e humildes da cidade ou do campo (Aplausos), não foram jamais encontrar os camponeses das montanhas distantes, não foram jamais encontrar o jovem pobre branco ou negro de nossos campos ou de nossas cidades. (Aplausos); arte cultura, profissões universitárias, oportunidades na vida, honras, vestidos elegantes, foram um privilégio de uma insignificante minoria; minoria representada hoje, com essa graça e com esse humorismo com que hoje algumas federações de trabalhadores imitaram os ricos, desfilando em frente a essa tribuna com seus vestidos elegantes que caracterizavam aquela juventude das famílias abastadas (Exclamações de: “fora!”). É assombroso que no dia de hoje desfilaram mais de 20 mil esportistas e ginastas (Aplausos) e sim, se tem em conta que estamos apenas começando. E isto sem ir, todavia, ao mais maravilhoso que tivemos a oportunidade de contemplar hoje, que é esse povo armado e esse povo unido que marcou presença neste 1° de maio (Aplausos prolongados).


E como seria possível sem uma revolução? E como é possível comparar esse presente com o anterior? E como é possível não se emocionar quando se vê marchar filas intermináveis de trabalhadores primeiro, esportistas depois e milicianos depois? E como às vezes marchavam confundidos, trabalhadores, atletas e milicianos, a pensar que no final das contas, trabalhadores, atletas e milicianos são a mesma coisa (Aplausos).


Se poderia explicar a qualquer um por que nosso povo tem que sair vitorioso de qualquer provação. Observamos as nutridíssimas mulheres nas filas das federações (Aplausos) e é que, simplesmente, os homens estavam nas unidades de artilharia, nos canhões, nos morteiros, nas baterias antiaéreas e nos batalhões de milícias que desfilaram depois; ao fim, essas mulheres eram as esposas, irmãs, mães e namoradas dos milicianos que depois marcharam nos batalhões (Aplausos). E possivelmente, essas jovens das escolas secundárias básicas, e esses filhos, esses jovens pioneiros que por aí desfilaram abrindo o desfile, ou que logo desfilaram com os atletas, eram simplesmente seus filhos (Aplausos).


E assim se pode apreciar tudo o que é hoje o povo humilde que luta pelos humildes: trabalhadores de todas as profissões, trabalhadores manuais e trabalhadores intelectuais. Marchando junto o escritor com o artista, o ator, o locutor; marchando juntos o médico com os enfermeiros e os empregados das clínicas; e marchando em grande número debaixo da bandeira do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Educação, os professores, os pedagogos, os empregados do Ministério da Educação.


E hoje mais que nunca tivemos a oportunidade de apreciar e compreender tudo que vale no nosso país, tudo o que produz no nosso país; podemos compreender melhor do que nunca que existem, ou haviam, duas classes de cidadãos: os cidadãos que trabalham. Os cidadãos que produziam e que criavam e os que viviam sem trabalhar nem produzir, os que viviam simplesmente como parasitas. (Aplausos)


E esta nação, jovem e lutadora, esta nação entusiasta e fervorosa, quem não desfilou por aqui hoje? Quem não poderia desfilar aqui hoje? Simplesmente os parasitas. Por aqui desfilou hoje o povo trabalhador, por aqui desfilou todo o povo que trabalha e que produz com seu braço ou com sua inteligência, trabalhador manual ou trabalhador intelectual, mas produtor de bens materiais ou produtor de serviços para a sociedade ou para o povo.


E esse é o povo verdadeiro. Não quero dizer que sejam parasitas os trabalhadores que não puderam desfilar. Estou me referindo a aqueles que não estavam representados aqui hoje e que não podiam estar representados onde desfilam os representantes dos que trabalham e dos que produzem (Aplausos). Quem vive como parasita, não pertence realmente ao povo. Só tem o direito a viver sem trabalhar o inválido, o doente, o ancião e a criança. Esses têm o direito a que trabalhemos para eles, a que velemos por eles e que do fruto do trabalho eles possam se beneficiar. O que nenhuma lei moral poderá jamais justificar é que o povo trabalhe para os parasitas (Aplausos).


E os que aqui desfilaram são o povo trabalhador que não quer e jamais se resignará a voltar a trabalhar para parasitas (Aplausos). Assim nossa coletividade nacional compreendeu o que é uma Revolução, compreendeu com absoluta clareza em que consiste a Revolução,