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Martens: "O Trotskismo a serviço da CIA contra os países socialistas"


Depois do triunfo da contrarrevolução burguesa no Leste Europeu e na União Soviética, não pode haver divergências de opinião entre comunistas sobre a verdadeira natureza do trotskismo.


O desenvolvimento do processo contrarrevolucionário no Leste e na União Soviética permite atestar o significado de classe do discurso que os trotskistas mantêm há 60 anos. É fácil de perceber hoje, no seu fraseado de “esquerda”, a real natureza e o verdadeiro objetivo desta corrente. Basta simplesmente reler as declarações trotskistas de há dois ou três anos para que a verdade salte diante dos olhos. O trotskismo é uma corrente ideológica cuja essência é o anticomunismo desenfreado, uma corrente que recruta elementos progressistas da pequena burguesia para os doutrinar no anticomunismo, uma corrente que trava um único combate com perseverança, continuidade e convicção: o combate contra o marxismo-leninismo e contra o movimento comunista internacional.


Demonstraremos estas afirmações através do estudo das posições trotskistas quando das contrarrevoluções de “veludo”, que conduziram à restauração do capitalismo no Leste da Europa e na União Soviética.


A restauração do capitalismo é impossível!

Nos anos 30, Stalin levantou uma questão essencial: será que depois de o socialismo ter sido instaurado em um país, enquanto ditadura das massas trabalhadoras, a restauração do capitalismo continua a ser possível nesse país? Trotsky respondeu que a restauração do capitalismo era impossível sem uma insurreição armada da burguesia e sem uma guerra civil prolongada. A sua tese sobre a impossibilidade da restauração do capitalismo visava eliminar a vigilância política e ideológica e favorecer uma atitude conciliadora com o oportunismo, tanto no interior do partido como em relação ao inimigo de classe na sociedade.


Desde a Revolução Cultural que os marxista-leninistas reafirmaram que um partido comunista pode degenerar politicamente e ser invadido por concepções e teorias burguesas e pequeno-burguesas. O revisionismo é a adoção de ideias da burguesia e da pequena-burguesia embrulhadas em uma terminologia marxista-leninista. Quando o revisionismo consegue dominar um partido comunista, este torna-se o instrumento principal de uma progressiva restauração burguesa nos domínios ideológico, político e econômico. Ernest Mandel, o líder principal da chamada IV Internacional, lançou-nos à cara que esta era uma teoria “stalinista”, que servia unicamente para justificar a arbitrariedade. Ele insiste muito nesta ideia mestra de Trotsky.


“Só idiotas manifestos...”

Em 1934, Stalin demonstrou que a linha do grupo oportunista Zinoviev/Kamenev conduziria necessariamente ao restabelecimento do capitalismo na União Soviética. A história provou que as críticas de Stalin a Trotsky, ao grupo de Zinoviev/Kamenev e depois aos seguidores de Bukharin, eram inteiramente pertinentes. A refutação de suas ideias no decorrer dos anos 20 e 30 permitiu conservar a ditadura do proletariado e construir o socialismo, bem como forjar as forças políticas e militares necessárias para defender vitoriosamente o socialismo da agressão fascista. Um quarto de século mais tarde, os revisionistas Khrushchev e Brejnev retomaram grande parte das ideias de Trotsky, Zinoviev e Bukharin. E, somente dois anos após a reabilitação oficial destas figuras por Gorbatchov, a restauração do capitalismo tornou-se um fato consumado. Porém é preciso recordar que, em 1934, Trotsky replicou a Stalin:


Só idiotas manifestos seriam capazes de acreditar que as relações capitalistas, ou seja, a propriedade privada dos meios de produção, incluindo a terra, podem ser restabelecidas na URSS por via pacífica e desembocar em um regime de democracia burguesa. Na realidade, se fosse possível, o capitalismo só poderia ser restaurado na Rússia como resultado de um violento golpe contrarrevolucionário, que exigiria dez vezes mais vítimas que a Revolução de Outubro e a guerra civil.


Dez vezes mais, o que faria entre 50 e 90 milhões de mortos para que o capitalismo pudesse ser reintroduzido na Rússia...


1989: A restauração impossível a médio prazo

Mesmo em 1989, quando já estavam em campo as forças abertamente contrarrevolucionárias, Mandel insistia que o espectro da restauração capitalista não passava de uma mentira “stalinista” para justificar a “repressão”. Em 1989, a Polônia e a Hungria já tinham tombado para o lado do imperialismo, porém, Mandel escrevia:


A pequena e média burguesia representa apenas uma pequena minoria da sociedade em cada um destes estados operários burocratizados. Ela se beneficia de apoio, aliás fortemente limitado, por parte do grande capital internacional. Mas no conjunto, esta convergência de interesses é insuficiente para poder impor, a curto ou a médio prazo, qualquer restauração do capitalismo.


Os marxista-leninistas identificaram há muito as quatro forças sociais que formam a base da restauração: a primeira é a camada dos burocratas, tecnocratas e elementos corruptos no seio do partido e do aparelho do Estado; a segunda são as forças políticas e ideológicas das velhas classes reacionárias; a terceira são os novos elementos burgueses e exploradores surgidos na sociedade socialista; e, por último, as forças imperialistas que atuam aberta ou clandestinamente nos países socialistas. Com Reagan, a ingerência e a infiltração do imperialismo redobraram nos países socialistas. Mandel nega a existência das duas primeiras forças e minimiza as duas últimas.


De resto, recorreu ao mesmo argumento para apoiar a contrarrevolução: “Para onde vai a URSS de Gorbatchov? Excluamos, antes de mais, a eventualidade de uma restauração do capitalismo na União Soviética. Da mesma forma que o capitalismo não poder ser gradualmente suprimido, tampouco pode ser gradualmente restaurado.


Os trotskistas difundiram com alarde sua teoria sobre a impossibilidade da restauração enquanto existisse alguma resistência por parte do Partido Comunista e do aparelho do Estado contra as forças anticomunistas. Desde os anos 30, essa “teoria” lhes serviu para justificar o apoio a todas as correntes oportunistas e contrarrevolucionárias. Durante os anos 30 e 40, os trotskistas apoiaram todas as correntes e facções oportunistas que desencadearam a luta contra a direção marxista-leninista do partido. Em 1956, aplaudiram o “antistalinismo corajoso” de Khrushchev, converteram-se em propagandistas do reacionário czarista Soljenítsin, apoiaram todas as forças nacionalistas reacionárias e fascistas, todos os dissidentes pró-ocidentais, propagaram galhardamente todas as teorias anticomunistas do círculo de Gorbatchov, chegando a encher dois terços do seu jornal com artigos de direita publicados no Notícias de Moscou e na revista Sputnik. Resumindo, em nome da teoria da impossibilidade da restauração, os trotskistas apoiaram todos os contrarrevolucionários até o dia em que já nada subsistia das ideias revolucionárias e as instituições socialistas criadas e defendidas por Lenin e Stalin.


Uma vez terminada a batalha, Mandel se refere de passagem, hipocritamente, à hipótese de uma restauração. Em 12 de outubro de 1989, em uma única entrevista, consegue defender as duas posições. “Excluo um reestabelecimento gradual, pacífico, imperceptível do capitalismo. Isto é uma ilusão reformista. Será preciso quebrar a resistência operária (...)”. Mais adiante, cita a trotskista Catherine Samary, que afirma que não é de excluir uma restauração, mas esta será feita exclusivamente segundo o modelo turco. Mas esta alusão à possibilidade de uma restauração não tem qualquer reflexo na política trotskista, que se mantém fiel ao princípio da destruição de tudo o que se assemelhe com o comunismo. Assim, três meses mais tarde, no final de dezembro de 1989, no momento do assalto final da contrarrevolução, os trotskistas lançam a seguinte palavra de ordem na primeira página: “Solidariedade com a revolução que começa no Leste!”


De um lado “a burocracia”, do outro “as massas”

Esta tese da impossibilidade da restauração serviu durante sessenta anos de camuflagem aos trotskistas, permitindo-lhe desertar decorosamente para o lado dos anticomunistas.


Com efeito, Stalin e, depois dele, Mao Tsé-tung afirmaram sempre que a luta de classes continua no socialismo, que a luta entre a via socialista e a via capitalista mantém-se durante um longo período histórico e que a restauração do capitalismo é, deste modo, sempre possível. O socialismo, para se poder manter e progredir, necessita de um partido comunista autenticamente marxista-leninista, um partido que depura, em intervalos regulares, de suas fileiras das correntes oportunistas. O socialismo deve defender-se dos seus inimigos, dos restos das antigas classes reacionárias, dos novos elementos burgueses que nascem no novo regime e dos agentes do imperialismo.


Atacando tais ideias, Mandel e os trotskistas desenvolveram uma “teoria” original, que reconhece que a luta de classes existe na realidade no socialismo... mas ela opõe a “burocracia” às “massas populares”. Denunciando a “burocracia” como uma violência só igualada pelos fascistas, os líderes trotskistas apoiam todas as oposições reacionárias contra o socialismo, afirmando que estas exprimem a vontade das “massas populares”. Arvorando-se como advogados de todas as forças burguesas e anticomunistas, os trotskistas colocam de um lado a “burocracia”, que quer “suprimir as liberdades democráticas” e, do outro lado, as forças da “revolução política”, que aspiram ao “socialismo autêntico”. Assim escreveu Mandel em outubro de 1989:


O objetivo principal das lutas políticas em curso não é a restauração do capitalismo. O que está em causa é, ou o avanço em direção à revolução política antiburocrática, ou a supressão parcial ou total das liberdades democráticas que as massas conquistaram durante a glasnost. A luta principal não opõe as forças pré-capitalistas às forças anticapitalistas, mas a burocracia ao povo.


Pretendendo que a luta “opõe a burocracia às massas populares”, Mandel apoia aberta e explicitamente as forças liberais, sociais-democratas, monárquicas e fascistas na sua luta contra os últimos resquícios do socialismo.


A glasnost é um trotskismo...

Em um momento em que a burguesia internacional já reconhecia que o restabelecimento do capitalismo na URSS estava praticamente concluído, Mandel teve as honras da imprensa anticomunista soviética. O seu descaramento levou-o a afirmar que Gorbatchov era um grande revolucionário que tinha adotado as teses trotskistas. Em seguida, Mandel declara que a partir de agora todos os comunistas podem compreender quem são os verdadeiros revolucionários e quem são os contrarrevolucionários. Trotsky, os trotskistas, Gorbatchov e gorbatchovianos estão no campo da revolução, Stalin e os stalinistas estão no campo da contrarrevolução. Stalin representa uma “contrarrevolução violenta”, declarou em Manágua. E, desta forma, graças ao esforço conjunto de Mandel e Gorbatchov, nesse ano bendito de 1990 iniciou-se a verdadeira revolução.


Eis a declaração de Mandel a Temps Nouveaux:


Gorbatchov proclama, de fato, que a perestroika é uma verdadeira nova revolução?

Mandel: Sim, proclama-o efetivamente, e isto é mais uma vez muito positivo. O nosso movimento defende há 55 anos a mesma tese, e por essa razão foi qualificado de contrarrevolucionário. Hoje compreendemos melhor, tanto na URSS, como em boa parte do movimento comunista internacional, onde se encontravam os verdadeiros contrarrevolucionários e onde se encontravam os verdadeiros revolucionários.


Não foi preciso esperar dois anos para ver a União Soviética cair nas mãos da máfia czarista e pró-estadunidense, ver o recrudescimento das forças fascistas e czaristas na Rússia e nas outras repúblicas, e assistir a guerras civis reacionárias entre as diferentes facções burguesas. O que ilumina na perfeição o rosto dos “revolucionários” da glasnost e da perestroika e mostra para que forças políticas Mandel – este profissional do anticomunismo – trabalha. Catherine Samary, outra estrela da IV Internacional, afirmou à imprensa soviética que Gorbatchov aplicava o programa desenvolvido por Trotsky. Fez o elogio da glasnost nestes termos:


Em vosso país ainda não foi publicada a Plataforma da Oposição de Esquerda, que combateu Stalin e propôs um caminho alternativo para a construção do socialismo. De fato, agora, adotam suas ideias: construir a democracia socialista autêntica e a auto-gestão.


O apoio de Mandel a Yeltsin

Embora sendo um ardente partidário da glasnost, Mandel considerou ser seu dever apoiar as forças ainda mais à “esquerda” de Gorbatchov, e foi de Yeltsin e Sakharov que se tornou porta-voz!


No início de 1989, Mandel apresentou Yeltsin como representante dos trabalhadores, homem da democratização que exprime as ideias da classe consciente da URSS! Em seu livro sobre Gorbatchov, escreve:


A eliminação de Yeltsin [em 11 de novembro de 1987] enquanto dirigente do PCUS representa um grave retrocesso no processo de democratização da URSS. Yeltsin é hoje a personalidade política mais popular entre os trabalhadores soviéticos. (...) Dezenas de milhares de crachás com a inscrição “Reintegrem Yeltsin!” foram espontaneamente fabricados. Isto indica a vontade de uma camada politicamente consciente de conservar e ampliar as liberdades democráticas parciais obtidas durante o período entre 1986 e 1988.


Em 3 de abril de 1989, Mandel saúda “o surgimento de uma esquerda mais radical e massiva. Três linhas de força, progressistas, sobressaem na plataforma de Yeltsin e Sakharov: contra os privilégios da burocracia; por mais igualdade; e por um sistema multipartidário”.

Sakharov, esse representante da “esquerda radical”, tinha na prática o estatuto de agente oficial da CIA na União Soviética há muitos anos. Apoiara com entusiasmo a agressão norte-americana ao Vietnã. Considerava que os estadunidenses teriam podido vencer essa guerra “se tivessem demonstrado um espírito mais determinado e consequente no plano militar e, sobretudo, no plano político”.


Quanto a Yeltsin, durante sua primeira viagem aos Estados Unidos, a imprensa internacional havia comentado sobre suas afirmações elogiosas ao capitalismo norte-americano e relatado os contatos com a CIA. Até um jornal belga de direita, como o De Gazet van Antwerpen, considerou que Yeltsin tinha exagerado ao declarar:


O capitalismo não está a apodrecer, pelo contrário, desabrocha. Podemos comprar tudo por pouco dinheiro. À noite, nas ruas, não se corre o menor perigo. Até nos sem teto encontrei atitude otimista perante a vida.


Depois destas declarações tão abertamente antissocialistas, Yeltsin continuou a ser saudado por Mandel como “a esquerda radical democrática” do Partido Comunista da União Soviética!

Assim, no início de 1990, a imprensa trotskista manifestou mais uma vez o seu apoio à ala “radical-democrática” da oposição na URSS: O Moskóvskaia Pravda, de 23 de fevereiro de 1990, publicou “a plataforma democrática” da oposição radical-democrática dirigida por Yeltsin. A plataforma reclama o exercício do poder pelos sovietes, eleitos na base de um sistema multipartidário, a abolição do “papel dirigente do PC” e a adoção de uma lei que institua o sistema multipartidário.


Notamos que os trotskistas continuaram a insistir nos pontos desenvolvidos por Yeltsin, os quais coincidiam com sua linha “revolucionária”. Mandel chegou a declarar que Yeltsin era o novo Trotsky. Hoje, o reformador Boris Yeltsin representa a tendência favorável à redução do enorme do aparelho burocrático. Assim, segue as pegadas de Trotsky.


Quando, em agosto de 1991, Yanayev improvisou o seu estranho golpe, montou profissionalmente um verdadeiro golpe de Estado, que destruiu toda a legalidade do sistema existente com o apoio de uma desmesurada mobilização internacional de todas as forças imperialistas. Mandel e os trotskistas estavam, evidentemente, ao lado de Yeltsin.

A mobilização galvanizada por Yeltsin e a rejeição do antigo sistema explicam o fracasso do que parece mais ter sido um golpe de força do que um golpe de Estado. Era preciso não hesitar em se opor ao golpe e, neste sentido, lutar ao lado de Yeltsin. O desenvolvimento da auto-organização, do pluralismo político e da total liberdade de expressão são as únicas garantias de uma democracia em relação às opções essenciais futuras. Somos a favor da nacionalização dos bens do partido comunista e dos sindicatos oficiais.


Nesta altura, para todos os anticapitalistas honestos, era evidente que Yeltsin representava a facção ultraliberal e pró-estadunidense da nova burguesia russa e se preparava para reabilitar a herança czarista. No entanto, os trotskistas aclamaram o golpe de Estado contrarrevolucionário de Yeltsin porque abria caminho à “auto-organização”, quer dizer, à auto-organização das massas contra o Partido Comunista, e porque introduzia o “pluralismo”, quer dizer, a liberdade para os partidos liberais, socialdemocratas, fascistas e czaristas... Liberdade para os partidos burgueses, acompanhada da inevitável repressão contra as organizações comunistas, podendo conduzir eventualmente à sua interdição, como acontece em todo o sistema burguês “pluralista”. Um ano depois, ninguém podia negar, incluso nos círculos da grande burguesia internacional, o caráter de extrema-direita e pró-imperialista de Yeltsin.


Como verdadeiros provocadores anticomunistas, os trotskistas ousaram então titular: “estará Yeltsin a seguir as pegadas de Stalin?” Este exemplo mostra bem que anticomunistas não se detêm perante nenhuma baixeza ou canalhice. Apoiaram até o fim o liberal Yeltsin em seu combate anticomunista, comparando-o com seu chefe revolucionário, o grande Trotsky; alguns meses depois, concluída a restauração capitalista e tendo Yeltsin saudado a memória dos antigos czares, os trotskistas declaram que, na realidade, Yeltsin se parece com o seu pior inimigo: Stalin.


Um grande suspiro de alívio

Em abril de 1989, Mandel publicou um livro em que escreve tudo o que pensa de positivo sobre Gorbatchov, Yeltsin e sobretudo da glasnost. Recorde-se que, nesta altura, a burguesia se esforçava para esconder seu entusiasmo por todas as mudanças introduzidas por Gorbatchov. A senhora Thatcher já tinha exclamado que era uma partidária da glasnost e da perestroika. A burguesia anunciava o fim do comunismo e o início de uma grande era de paz, de democracia e liberdade. Na sua linguagem de “esquerda” pérfida, Mandel apoiou, como sempre, a corrente burguesa em voga. Em seu livro escreve: “o pesadelo do stalinismo e do brejnevismo está definitivamente superado. O povo soviético, o proletariado internacional e toda a humanidade pode dar um suspiro de alívio”.


Nesta altura, nosso partido tinha destacado que a contrarrevolução no Leste Europeu e na União Soviética constituía uma vitória estratégica do imperialismo, que provocaria um desastre para os povos dos antigos países socialistas, reforçaria a opressão do Terceiro Mundo, cujos povos seriam as primeiras vítimas das mudanças em curso, e que acentuaria todas as contradições do mundo capitalista. Os trotskistas titularam então: “a loucura da direção do PTB agrava-se”. No mesmo jornal, explicavam “o suspiro de alívio da humanidade”, prometendo um futuro sem intervenções militares imperialistas aos povos do Terceiro Mundo! “Os movimentos de massas no Leste Europeu constituem também uma ameaça (...) para o imperialismo. Uma intervenção estrangeira do imperialismo no Terceiro Mundo torna-se agora mais difícil”. E quando um ano depois a coalizão imperialista desencadeou sua bárbara agressão contra o Iraque, os trotskistas apregoaram que se batiam tanto contra Saddam Hussein, como contra os aliados. Entretanto, no Leste Europeu e na União Soviética, verificava-se que o “suspiro de alívio” era afinal um grito de horror ante o desemprego, a miséria, a pobreza, o nacionalismo reacionário e a guerra civil.


Desenvolvendo a sua ideia do “suspiro de alívio” do povo soviético, Mandel imaginou fechar o seu livro com chave de ouro. Eis, em resumo, a última página:


A evolução atual confirma que a análise e as predições feitas por Trotsky, há quase meio século, eram bastante realistas e verdadeiras: “Assim que o proletariado começar a entrar em ação, o aparelho stalinista ficará suspenso no ar. Se tentar, apesar de tudo, oferecer resistência, não deverá recorrer a medidas de guerra civil, mas antes a medidas de caráter policial. Trata-se, em todo o caso, não de uma insurreição contra a ditadura do proletariado, mas da abolição de uma excrescência perniciosa dentro dela. A revolução que a burocracia prepara contra si mesma não será uma revolução social, como a de 1917: não se tratará de mudar as bases econômicas da sociedade, nem de substituir uma forma de propriedade por uma outra. Assim acontecerá.


É louvável que Mandel tenha associado o velho Trotsky às suas análises da glasnost (que, apenas um ano depois, o irá desmascarar como um anticomunista irredutível). Com efeito, os grotescos artifícios contrarrevolucionários de Mandel levam até às últimas consequências os propósitos antibolcheviques mais sofisticados de Trotsky. Em 300 páginas de análises, Mandel conclui que a “predição” de Trotsky podia agora concretizar-se graças à glasnost. Há meio século, Trotsky esforçava-se para provocar uma insurreição antibolchevique. Uma vez que a ditadura do proletariado estava firmemente estabelecida, uma vez que o partido bolchevique mobilizava energicamente as massas operárias e camponesas, Trotsky teve de recorrer a uma aliciante demagogia de “esquerda”: quando derrubarmos o partido “stalinista”, a ditadura do proletariado restará intacta, apenas amputaremos uma “excrescência burocrática”. A insurreição eliminará um parasita de um corpo são. Não haverá mais classes reacionárias ou revanchistas no corpo da sociedade soviética, nem novas forças burguesas: o corpo socialista erguer-se-á contra o “parasita stalinista”. Trotsky teve que assegurar aos operários que a sua insurreição não alteraria as bases econômicas do socialismo, que estava fora de questão restabelecer a propriedade privada. Evidentemente! Cinquenta anos mais tarde, Mandel dará as mesmas garantias na seguinte citação com que conclui o seu livro: a glasnost e a “democratização” da sociedade soviética, levados até a fim, manterão e melhorarão a ditadura do proletariado, e não mudarão a base econômica da sociedade. Dois anos depois pudemos assistir às convulsões contrarrevolucionárias criminosas, que foram apresentadas e justificadas com estes propósitos benignos.

A revolução política antiburocrática trotskista

Há 60 anos que os trotskistas alegam que querem derrubar “a burocracia” nos países socialistas através de uma “revolução política”. O ódio de Trotsky ao sistema socialista manifesta-se na forma como qualifica a direção bolchevique da URSS: a “casta dos arrivistas rapaces”, a “oligarquia totalitária”, “a nova aristocracia”, a “gangue criminosa de Stalin”, “a casta dos novos opressores e parasitas”, “a burocracia totalitária”, “a claque autocrática”, “a hierarquia de incapazes e escória”. Encontramos a mesma linguagem na literatura fascista nos finais dos anos 30.


Segundo Trotsky, a mobilização de todas as forças de oposição à “burocracia” conduzirá a uma “revolução política” que livrará a sociedade socialista autêntica dos parasitas burocratas. Esta teoria, segundo as afirmações do grupo de Mandel, constitui em si o núcleo da doutrina trotskista: “A teorização da degeneração burocrática da URSS e da revolução política é o avanço programático mais importante do movimento trotskista. A revolução política e as tarefas que implica a sua preparação são as verdadeiras razões da existência da IV Internacional”.


Provocações a serviço dos nazistas

O significado real da teoria da “revolução política” foi demonstrado nas lutas dos anos 30. Toda a burguesia ocidental exprimiu então a sua apreciação positiva das “análises penetrantes da revolução traída”, feitas por Trotsky. Na realidade, Trotsky manifestou-se como um anticomunista enraivecido e as suas afirmações contra o partido bolchevique e contra Stalin foram e continuam a ser aplaudidas pelos ideólogos do imperialismo.


Limitemo-nos a um exemplo altamente significativo. Em 1982, Henri Bernard, professor emérito da Academia Real Militar da Bélgica, publicou um livro para alertar a opinião pública contra o perigo de uma agressão soviética. Disse-nos o seguinte: “1939 parece-se com 1982, os nazistas de então são os comunistas de hoje, o antifascista Einstein tem o seu sucessor no anticomunista Soljenítsin”.


Para nos demonstrar a ameaça terrível que pesava sobre o Ocidente em 1982, Henri Bernard considerou útil guiar-nos em uma digressão através da história da União Soviética desde 1927. Eis algumas frases colhidas ao longo do percurso:


No plano privado, Lenin era, tal como Trotsky, um ser humano. Sua vida sentimental não era desprovida de fineza. Trotsky devia normalmente suceder a Lenin. Apesar de algumas divergências de opinião, Lenin manteve sempre uma grande afeição por Trotsky. Pensava como seu sucessor. Achava que Stalin era demasiado brutal. No plano interno, Trotsky manifestava-se contra a burocracia que paralisava o aparelho comunista. Por último, Trotsky afirmava que um regime só poderia desenvolver-se com maior liberdade de opinião e um espírito crítico construtivo. Artista, homem de letras, inconformista e frequentemente profeta, não podia se entender com os dogmáticos primários do Partido.


Eis como fala um dos principais chefes do serviço de informações militares sobre os méritos de Trotsky.


A partir de 1938, quando a agressão hitleriana pesava como uma ameaça constante sobre a URSS, em um momento em que o Partido Comunista travava uma luta decisiva contra os derrotistas e capitulacionistas, e em que mobilizava todas as suas forças para a batalha gigantesca que se aproximava, Trotsky fazia agitação como provocador e as suas afirmações tornaram-se armas nas mãos dos agentes nazistas. Em 1938, todos os comunistas e patriotas soviéticos se entregavam de corpo e alma às tarefas políticas e militares na expectativa da agressão nazista. Os apelos dementes de Trotsky à insurreição armada só poderiam encontrar eco entre os piores inimigos do socialismo. Eis algumas afirmações feitas por Trotsky entre 1938 e 1949: “só é possível assegurar a defesa do país destruindo a clique autocrática dos sabotadores e derrotistas”. (3 de julho de 1938).


Neste momento, ante a ameaça nazista, as tensões eram muito fortes na União Soviética. Certos grupos oportunistas, para os quais os sacrifícios eram demasiado pesados, e certos grupos contrarrevolucionários conceberam planos para um golpe de Estado. A depuração, inteiramente necessária à face de uma guerra de resistência, foi dirigida contra estas forças. Trotsky ofereceu-lhes um novo argumento de agitação contra o partido, afirmando que a derrota da URSS para os nazistas seria certa se Stalin e os stalinistas permanecessem no poder. Consequentemente, era preciso destruir a direção do Partido através de uma insurreição. Estes propósitos correspondiam exatamente às intenções dos nazistas, que pretendiam provocar uma guerra civil para realizar mais facilmente os seus planos de invasão.


Só o derrubamento da claque bonapartista do Kremlin poderá permitir a regeneração do poderio militar da URSS. Aqueles que defendem direta ou indiretamente o stalinismo, que exageram o poderio do seu exército, são os piores inimigos da revolução socialista e dos povos oprimidos. (10 de outubro de 1938).


Assinale-se que os nazistas acreditaram nesta propaganda, que os animou na sua determinação de acabar com o bolchevismo. Mas depois de seis meses de guerra tiveram que reconhecer que haviam subestimado o potencial militar e a combatividade dos soviéticos...


Só uma insurreição do proletariado soviético contra a tirania infame dos novos parasitas pode salvar o que ainda subsiste das conquistas do outubro nos fundamentos da sociedade. (14 de novembro de 1938).


As conquistas da Revolução de Outubro não servirão o povo se este não se mostrar capaz de agir contra burocracia stalinista como antes fez com a burocracia czarista e a burguesia. (...) Isto só pode ser realizado de uma única maneira: pelos operários, os camponeses e os soldados do Exército Vermelho que se levantarão contra a nova casta de opressores e parasitas. Para preparar um levantamento em massa, é preciso um novo partido, a IV Internacional”. (maio de 1940).


O leitor terá reparado na data em que tal prosa delirante foi produzida: maio de 1940. Já há 7 meses que a Inglaterra e a França tinham declarado guerra à Alemanha de Hitler; dois meses antes, a Finlândia, aliada da Alemanha, tinha capitulado perante a URSS após três meses de guerra. Stalin tenta por todos os meios ganhar tempo, mas sabe que, a partir deste momento, a agressão nazista pode acontecer a qualquer momento. É neste contexto que Trotsky lança suas provocações mais infames e criminosas: apela à insurreição popular, apoia uma insurreição do exército contra a “nova casta dos parasitas”, termos que então eram populares entre os hitleristas. Seria possível os bolcheviques não concluírem que Trotsky tinha degenerado ao ponto de agir como agente de Hitler?


Todas as suas declarações anticomunistas, durante o período entre 1938 e 1940, mostravam que Trotsky e os seus pequenos grupos de acólitos tinham se transformado em provocadores, consciente e inconscientemente, a serviço dos nazistas. Contudo, não puderam exercer a menor influência no desenrolar dos combates. Graças a um trabalho gigantesco de organização da população e de mobilização do Exército Vermelho e das formações de guerrilheiros, graças aos esforços sobre-humanos no domínio da produção militar e da construção de novas fábricas, os bolcheviques conseguiram preparar eficazmente o país para a confrontação inevitável com os criminosos nazistas.


No final da guerra antifascista, por todo o mundo, os pequenos grupos trotskistas estavam completamente desacreditados e isolados.


Foi Khrushchev quem permitiu aos anticomunistas trotskistas levantar a cabeça, atacando a obra gigantesca do camarada Stalin nos termos retomados à reação mundial. A linha de Khrushchev, aprofundada e desenvolvida por Brejnev, resultou hoje na restauração do capitalismo.


Hoje podemos dizer que quem não é capaz de reconhecer o caráter provocador, anticomunista e pró-fascista das referidas teses desenvolvidas por Trotsky, nada tem de comunista.


Mandel apoia os nazistas ucranianos

Vejamos agora quais as forças políticas e sociais que os trotskistas apoiaram em nome da sua “revolução política”, desde a Segunda Guerra Mundial. Quando os nazistas ocuparam parte da URSS em 1941, fundaram e apoiaram na Ucrânia um movimento nacionalista e pró-nazista que massacrou centenas de milhares de judeus, poloneses e comunistas. Em 1944, no momento da retirada, os nazistas deixaram grupos fascistas ucranianos, dirigidos por oficiais alemães nazistas, atrás das linhas do Exército Vermelho. O grupo de Mandel aclamou esta contrarrevolução nazista, como parte da “revolução política antiburocrática”. Inacreditável? Julguem vós próprios: em 1988, o grupo de Mandel escreveu o seguinte:


Durante a Segunda Guerra Mundial, a IV Internacional subestimou gravemente as potencialidades revolucionárias do movimento nacionalista ucraniano. A Internacional só percebeu da existência do movimento revolucionário de libertação nacional 5 anos depois da guerra, quando os guerrilheiros ucranianos travavam seu último combate.


Aqui, os trotskistas revelaram-se abertamente como provocadores a serviço dos nazistas. Os trotskistas retomaram a mentira difundida desde 1945 pelos serviços secretos norte-americanos, segundo a qual os nacionalistas ucranianos tinham combatido “contra Hitler e contra Stalin”. O que aconteceu na realidade?


Em uma revista para antigos combatentes da Frente Oeste, um oficial alemão da Waffen-SS relatou sua experiência na Ucrânia. Ele reconhece que o povo ucraniano “estava bastante desiludido com a política alemã durante a ocupação”. Antes da sua retirada, o exército alemão formara a divisão Galitzia da Waffen-SS, composta por ucranianos e dirigida por militares alemães. O chefe do Exército Insurrecional Ucraniano, Melnik, tomou “a decisão muito responsável de lutar nas duas frentes: contra os soviéticos e contra os alemães” (Contra os alemães que... já estavam em retirada). O oficial nazista descreve então os combates em que participou com “seus ucranianos” contra o Exército Vermelho, em julho de 1944. “O fato de soldados alemães e ucranianos terem combatido juntos contra o inimigo comum conferiu uma nova dimensão à história das relações germano-ucranianas”. A “revolução política” trotskista torna-se realmente maravilhosa com a Waffen-SS na sua vanguarda!


Com a contrarrevolução em Berlim e em Budapeste

A grande maioria da população alemã apoiou ativamente o regime hitlerista ao longo da guerra. Cinco anos após a derrota, a influência dos nazistas ainda era consideravelmente presente, tanto na Alemanha Ocidental como na Oriental. Na Alemanha Ocidental, os antigos nazistas e os seus colaboradores continuaram à frente das grandes empresas, da magistratura e do exército. A Guerra Fria, desencadeada pelos EUA e a Inglaterra, alimentava o anticomunismo dos nostálgicos da Nova Ordem na RDA. Quando em 1953, em Berlim-Leste rebenta uma revolta dirigida por antigos nazistas e apoiada pela rede do general Gehlen, antigo chefe dos serviços secretos nazistas que passaram para a CIA, Mandel aclamou tal “luta antiburocrática”. “A casta burocrática não recua ante os crimes mais revoltantes. Esta lição da história já foi escrita com sangue nos muros de Berlim em 1953”.


Na Hungria, o regime fascista de Horthy tinha dominado o país de 1919 até 1944. Em 1956, rebenta a contrarrevolução húngara, desencadeada pelos fascistas com o apoio da CIA. Mandel aplaudiu: “A revolução húngara de 1956 foi a que mais longe chegou na via da revolução política antiburocrática plenamente desenvolvida”.


Acrescentemos que aqueles que, em 1989, em Budapeste, proclamaram o reino da livre iniciativa e pediram a adesão à OTAN, estavam assim a realizar o programa da insurreição anticomunista de 1956. Saudaram a memória do “herói nacional”, Imre Nagy, que, em 31 de outubro de 1956, tinha rompido com o Pacto de Varsóvia e decretado a “neutralidade” da Hungria... o que era precisamente a palavra de ordem mais avançada, formulada pela Rádio Europa Livre. A imprensa trotskista saudou as grandes manifestações anticomunistas do verão de 1989 na Hungria. Assim, Mandel escreve:


Nesta semana, um milhão de pessoas manifestou-se, em Budapeste, para prestar homenagem à memória do camarada Imre Nagy, líder comunista do governo dessa revolução que foi fuzilada pelos stalinistas”. (a imprensa fascista também saudou a memória de Nagy, esse eminente nacionalista executado pelos stalinistas...).


Mais adiante, o mesmo jornal trotskista afirma: “Imre Nagy pagou com a vida a sua ação corajosa ao lado dos conselhos de operários da grande Budapeste. Estes conselhos exigiam a democracia no quadro do socialismo”. No livro A URSS e a Contrarrevolução de Veludo dedicamos um capítulo à análise da contrarrevolução de 1956 na Hungria.


Com o Solidarnosc, o “poder operário”

Na Polônia, o Solidarnosc foi apresentado pelos trotskistas como uma organização empenhada na luta contra a burocracia stalinista e pelo socialismo proletário! A IV Internacional escreveu em 1981:


Cada vez mais, o Solidarnosc funciona objetivamente, pelo menos a nível local e regional, como um órgão de duplo poder; a revolução política antiburocrática já começou, de fato, na Polônia. A experiência polonesa ilustra o conteúdo proletário revolucionário das reivindicações democráticas e nacionais nos estados operários burocratizados.


Ainda em 1981, os trotskistas queixaram-se de que o Solidarnosc não queria tomar, apesar de representar uma alternativa, o poder dos trabalhadores.


As pessoas estão desarmadas pela incapacidade de Solidarnosc de tomar o poder. (...). Seria particularmente trágico neste momento que o ódio do totalitarismo pudesse servir para desarmar os trabalhadores confrontados com a ditadura totalitária. Surgiu um poder contra o Estado: o poder dos trabalhadores poloneses.


E quando em 1989, com apoio de Reagan, Bush, Thatcher e de todos os serviços secretos ocidentais, o Solidarnosc se preparava para tomar o poder, Mandel ainda não mudara de opinião sobre a natureza do Solidarnosc, e afirma: “sua legalização é uma vitória para a classe operária”.


Com a CIA na Tchecoslováquia

Em 1990, na Tchecoslováquia, o conhecido colaborador da Rádio Europa Livre e da CIA, Vaclav Havel, toma o poder. Ele nomeará o trotskista Peter Uhl como diretor da agência de imprensa tchecoslovaca e porta-voz oficial do novo Estado burguês pró-estadunidense! Uhl escreve então: “pode-se discutir em que medida a teoria de Trotsky sobre a revolução política se justificou. Eu penso que é na Tchecoslováquia que a realidade se aproxima mais desta teoria”. Em 12 de novembro, Mandel desenvolve o mesmo raciocínio, levando-o até ao absurdo (ou ao sórdido, como queiram). Compara a contrarrevolução tchecoslovaca... com a Revolução de Outubro! No seu relatório, os trotskistas escrevem: “mais brilhante do que nunca, nosso camarada Ernest Mandel reafirma que não há nenhuma dúvida: o que nós vivemos agora na Tchecoslováquia e na RDA é uma verdadeira revolução, com uma magnitude e uma profundidade sem precedentes desde a revolução russa de 1917”.


Peter Uhl fez também uma excelente descrição da “revolução política” na Tchecoslováquia, enquanto revolução anticomunista, levada a cabo por uma frente de todas as forças reacionárias:


Havia quem visse na Carta 77 um passo na direção da revolução política. É o meu caso. Outros viam nela um meio para propagar a palavra de Cristo. Foi um verdadeiro laboratório de tolerância. Desde que se afirme que somos contra o “comunismo”, contra o stalinismo, contra a burocracia, todos estão de acordo.


Bela descrição da frente que reagrupava os clérico-fascistas, os nacionalistas reacionários, os socialdemocratas, os agentes da Rádio Europa Livre e os três trotskistas a serviço.


Acrescentemos que os trotskistas nos ensinaram, em 1989, que “a história da Tchecoslováquia realizou uma vingança estrondosa: Dubcek foi reabilitado”. Ainda que os verdadeiros comunistas possam divergir de opinião, quando se trata de apurar se a intervenção soviética de 1968 foi ou não justificada, são unânimes em considerar a “Primavera de Praga” como uma contrarrevolução de tipo socialdemocrata.


Em A URSS e a Contrarrevolução de Veludo consagramos um capítulo à Tchecoslováquia entre 1969 e 1989. A relação entre as ideias socialdemocratas de Dubcek em 1969 e as da “revolução de veludo” de Havel-Uhl é ali analisada. Também comentamos os pontos de vista de Castro, que apoiou a intervenção, e de Mao, que a condenou.


A revolução proletária na RDA!

A partir de setembro de 1989, a burguesia revanchista da República Federal Alemã apoiou com enormes recursos financeiros, com as suas estações de televisão e de rádio, a agitação anticomunista. O grupo de Mandel defende que “começou uma verdadeira revolução política”.

Duas semanas após, Mandel saúda a “revolução proletária” ali:


O recrudescimento do movimento de massas que abalou a RDA tem a magnitude de uma verdadeira revolução. Este movimento ultrapassa tudo o que já se viu na Europa desde maio de 1968, talvez mesmo desde a revolução espanhola. O caráter proletário da revolução que começou na RDA é demonstrado pela grande efervescência nas fábricas.


Um mês depois, a excitação de Mandel atinge o auge:


Estou realmente entusiasmado com o que acontece em Berlim. Tudo o que Rosa Luxemburgo, Trotsky e Lenin sempre desejaram pode agora realizar-se. É a primeira revolução, desde a revolução na Holanda no século XVI, que não está ameaçada por uma intervenção militar estrangeira. Estamos perante a primeira geração alemã, após cerca de 200 anos, que é completamente antimilitarista e antinacionalista. O que estimula o meu entusiasmo é a magnitude e a força excepcional deste movimento popular. Dos 500 mil habitantes de Leipzig, 200 ou 300 mil saíram à rua todas as segundas-feiras, durante oito semanas consecutivas. Na Alemanha Oriental, a corrente antissocialista é particularmente fraca. Em sete mil slogans, nem sequer 1% era antissocialista. Ninguém pode dizer se a próxima revolução irá ter lugar na Rússia, França, África do Sul ou em Espanha, mas é certo que as revoluções no Leste alemão e na Tchecoslováquia terão repercussões.


Para ilustrar o caráter “socialista” do movimento em curso, a IV Internacional cita uma declaração... de um grupo socialdemocrata. Ora, a socialdemocracia alemã é uma força de choque do imperialismo alemão, poderosa, em crescimento e expansionista. A estratégia e as táticas utilizadas por Willy Brandt, para infiltrar e influenciar, dividir e destruir o Partido Comunista da RDA, tiveram um papel importante na degeneração oportunista do SED. Eis o texto citado pelos trotskistas:


A democratização da RDA pressupõe a contestação do monopólio do poder e da pretensão à verdade do partido dominante. Para nós, a formação de um partido socialdemocrata é muito importante. São nossas orientações programáticas: Estado de direito; democracia parlamentar e multipartidarismo; economia social de mercado com rigorosa proibição dos monopólios; liberdade de criação de sindicatos independentes.


Deste modo, os trotskistas chegaram ao ponto de apresentar, como ilustração do caráter “proletário” da “revolução política” em curso, um programa que propugna abertamente o regime burguês... Apesar de Mandel afirmar que menos de 1% dos slogans era contra o socialismo!


A glasnost e o multipartidarismo contra os “stalinistas”

Mandel definiu três critérios para distinguir os partidários do “stalinismo” das forças favoráveis ao rumo para o “socialismo democrático e autogestionário”: a atitude em relação à glasnost de Gorbatchov, ao Partido Comunista e à repressão na praça Tienanmen.


Viva a glasnost!

Definimos a glasnost como o processo de mudanças políticas que alargam o campo de exercício das liberdades democráticas, escreveu Mandel. No livro A URSS e a Contrarrevolução do Veludo reservamos um capítulo inteiro para demonstrar que os cinco anos da glasnost prepararam de forma sistemática os espíritos para a restauração do capitalismo integral; que a glasnost ressuscitou os ideais da grande burguesia russa de 1917; que a glasnost deu a palavra a todos os anticomunistas, a agentes da CIA como William Colby, seu antigo diretor, ou ao reverendo Moon, aos adeptos do czarismo e da Igreja Ortodoxa czarista, a antigos colaboradores nazistas, aos homens de Vlassov e de Bandera.


Mandel falaria das “liberdades democráticas” em geral, sem caráter de classe, no momento em que Gorbatchov dava liberdade a todos os contrarrevolucionários que queriam enterrar definitivamente as últimas estruturas e influências socialistas. A ideia mais elementar do leninismo é que o socialismo é uma ditadura de classe, que une os trabalhadores contra as forças da burguesia, contra as forças da exploração. “Reconhecemos que toda a liberdade”, afirma Lenin, “se ela não se subordina aos interesses da libertação do trabalho do jugo do capital, é um logro”.

Abaixo o partido único!

A glasnost deu a palavra a todas as correntes anticomunistas, e permitiu também que todas as forças capitalistas e pró-imperialistas se organizassem e lutassem abertamente pela restauração. Em 1989, Mandel aclamou a organização de partidos anticomunistas e contrarrevolucionários na URSS: “O início de eleições autênticas, que se verifica hoje na União Soviética, é um grande passo em frente. Mas é preciso que haja eleições realmente livres, com liberdade para constituir tendências, fracções e partidos diversos, sem restrições ideológicas”.

Entre 1989 e 1990, Mandel assistiu à realização do seu maior sonho: a legalização “de partidos diversos, sem restrições ideológicas”; e a nova burguesia soviética manifestou-se através dos partidos socialdemocratas, liberais, democratas-cristãos, nacionalistas czaristas, etc. Este pluralismo burguês marcou a liquidação final do socialismo e a restauração completa do capitalismo. Hoje, a prática da luta de classes mostrou o caráter e a natureza desta reivindicação principal fundamental dos trotskistas, formulada desde 1979. Em seu IX Congresso Mundial, o grupo de Mandel aprovou uma resolução que “reinventa”, quase palavra por palavra, as teses anticomunistas do renegado Kautsky, contra as quais Lenin lançou a sua célebre polêmica. Deste modo, comprova-se, mais uma vez, a verdade muitas vezes repetida pelo partido bolchevique e pelo camarada Stalin: O trotskismo é a socialdemocracia de direita, adornada com um fraseado de “esquerda”. No capítulo “Partido único ou pluripartidarismo”, Mandel afirma:


Se dissermos que só os partidos e organizações que não tenham programas burgueses (e pequeno-burgueses?) podem ser legalizados, onde é que iremos traçar a linha de demarcação? Os partidos cujos membros sejam majoritariamente oriundos da classe operária, mas que ao mesmo tempo tenham uma ideologia burguesa, deverão ser proibidos? Qual a linha de demarcação entre um “programa burguês” e a “ideologia reformista”? Devemos desde logo proibir igualmente os partidos reformistas? Iremos suprimir a socialdemocracia? (...) Nenhuma democracia operária autêntica será possível sem a liberdade de constituir um sistema multipartidário.


Sim, é verdade que Lenin proibiu os partidos socialdemocratas, isto é, os mencheviques e os socialistas-revolucionários. Isto porque, na guerra civil, eles combateram ao lado do czarismo, da burguesia e das forças intervencionistas; e porque foram esmagados juntamente com as forças feudais e burguesas. Lenin sublinhou várias vezes que um representante inteligente da grande burguesia, como Miliukov, compreendia perfeitamente que, em uma primeira fase, só um partido de “esquerda”, socialdemocrata, teria possibilidades de arrastar as massas para a luta antibolchevique. É por isso que Miliukov contentar-se-ia com mera legalização de um partido socialdemocrata...


Não reprimir a contrarrevolução!

O trotskismo nunca perde de vista seu único inimigo: o marxismo-leninismo e o movimento comunista internacional. Assim, negando insistentemente o perigo de uma restauração, Mandel concentra os seus ataques contra aqueles que denunciam os processos contrarrevolucionários e que enfrentam efetivamente a contrarrevolução em marcha.

Ao longo de 1989, duas tendências políticas ousaram enfrentar a contrarrevolução em ascensão. Em primeiro lugar, na Europa do Leste, forças com orientações oportunistas há muitos anos, do tipo khrushchevistas, que praticaram o seguidismo em relação à União Soviética e se deram conta das intenções reais de Gorbatchov. Em segundo lugar, o Partido Comunista da China, que reprimiu a revolta antissocialista em Pequim.


Para acelerar o processo de restauração na URSS, Gorbatchov deu deliberadamente luz verde a todas as forças anticomunistas na Europa do Leste. Levando a glasnost à sua conclusão lógica, Gorbatchov queria impedir que os autênticos comunistas dos países do Leste e da União Soviética pudessem formar uma frente antirrestauracionista. Ao mesmo tempo, a restauração integral do capitalismo na Europa do Leste deveria encorajar e ajudar os “reformadores” da URSS.


Em uma altura em que a restauração estava praticamente terminada na Polônia e na Hungria, Mandel afirma:


A Europa do Leste está atualmente abalada por uma crise sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao contrário do que uma análise superficial poderia fazer parecer, a burguesia europeia não vê com bons olhos esta desestabilização. Não tem a esperança de recuperar o capitalismo na Europa do Leste.


Um ano mais tarde, a afirmação de que o imperialismo não tem a esperança de recuperar os países do Leste seria suficiente para qualificar Mandel como o bobo da contrarrevolução. Procurou justificar assim a sua ajuda a todas as forças antissocialistas que se lançavam no assalto contra a “burocracia”. Ao mesmo tempo, Mandel minava toda a vigilância em relação à nova burguesia e ao imperialismo.


Em contrapartida, Mandel mantinha uma vigilância cerrada em relação às fracas forças comunistas que tentavam resistir à ofensiva da burguesia! Assistimos à coordenação de uma espécie de “frente internacional” anti-Gorbatchov, que inclui os chamados “conservadores” na Romênia, na Tchecoslováquia, na Alemanha Oriental, as minorias neosstalinistas na Polônia e na Hungria.


Em abril de 1989, Mandel saúda os notórios progressos na Polônia e na Hungria da restauração burguesa, designada “experiência pluralista”. Ha-el é o seu herói e os opositores à restauração são os seus inimigos obstinados. “Em um momento em que na Polônia e na Hungria têm lugar experiências de pluralismo, a direção de Praga reafirma o princípio do “papel dirigente do partido” (...) A imprensa da Alemanha Oriental segue a apoiar a repressão na Tchecoslováquia e pressiona para a constituição do eixo Praga-Berlim-Bucareste contra a perestroika. O Neues Deutschland descreveu Havel como “um provocador”. “Enviem mensagens de solidariedade a Vaclav Havel na prisão”. Para os trotskistas, toda a repressão das forças antissocialistas, todas as prisões de agentes subversivos ao serviço da CIA, como Havel, é um crime monstruoso.


Em maio de 1989, os estudantes anticomunistas de Pequim aclamaram Gorbatchov com gritos de “Viva a glasnost e a perestroika” e “Viva o Solidarnosc”. Quando o motim contrarrevolucionário de 4 de junho de 1989 foi reprimido, Mandel juntou-se à extrema-direita internacional, dirigida na ocasião pelo Kuomintang, partido fascista reinante em Taiwan. Em uma primeira reação aos acontecimentos de Pequim, o grupo de Mandel escreveu:


A casta burocrática não recua perante os crimes mais repugnantes. Esta lição da história já foi escrita com sangue nos muros de Berlim em 1953, em Praga em 1968, em Gdansk em 1970 e em Varsóvia em 1981. A dimensão dos horrores em Pequim só pode ser comparada com a forma como a revolução húngara foi esmagada em 1956. (...) Os verdugos de Pequim não ganharam ainda a batalha. Hesitaram em demasiado tempo! Hoje, o povo chinês revolta-se. A insurreição se alastra através do país. O exército desmorona-se, há a ameaça de uma verdadeira guerra civil. Tal como os fascistas de Taiwan, os trotskistas esperavam ver desenvolver-se na China uma “verdadeira guerra civil” contra a “classe burocrática”. Mais tarde, o próprio Mandel produziu uma análise “teórica” em que afirma: “A comuna (!) de Pequim de abril e maio de 1989 foi o início de uma revolução política autêntica que tentou substituir o poder corrupto e ineficaz de um clique de déspotas burocratas pelo verdadeiro poder das massas populares. (...) As massas que se insurgiram em Pequim não tinham nenhum interesse em restaurar o capitalismo. Também não tinham a intenção de o fazer.


Felizmente, os trotskistas não foram os únicos a salvar a honra, como logo se apressaram a declarar:


Só a ala esquerda do Partido Comunista da URSS salvou a honra do comunismo. Sentimo-nos orgulhosos de estarmos hoje ombro a ombro com outros comunistas em nosso protesto contra a repressão sangrenta na China. A primeira reação foi de Yeltsin. “O que está a acontecer na China é um crime”, declarou este membro do Soviete Supremo recentemente eleito.


Eis, pois, Mandel, novamente orgulhoso por estar na companhia de Yeltsin. No ensaio Tienanmen 1989: da deriva revisionista ao motim contrarrevolucionário fornecemos provas sobre o verdadeiro caráter do movimento de Pequim. Fang Lizhi, o pai espiritual incontestável do “protesto” estudantil de Pequim, declarou em 17 de janeiro de 1989:


O socialismo, em sua mistura Lenin-Stalin-Mao, foi completamente desacreditado. Será que uma economia livre pode ser compatível com a forma especificamente chinesa de governo ditatorial? A ditadura socialista está intimamente ligada a um sistema de propriedade coletiva e a sua ideologia é contrária ao tipo de direito de propriedade requerido por uma economia livre.


Três dos principais dirigentes do movimento de Pequim, Yan Jiaqi, Wuer Kiaxi e Wang Runnan, refugiaram-se em França e criaram a Federação para a Democracia. No seu programa definem como objetivo: “desenvolver uma economia de iniciativa privada e pôr fim à ditadura do partido único”. Em nome do multipartidarismo, os três juntaram-se ao partido fascista de Taiwan, o Kuomintang. Wuer Kiaxi, que teve grande destaque na imprensa trotskista, encontrou-se em 29 de janeiro de 1990, na República Popular da China, com o chefe da espionagem taiwanesa, John Chang, a quem afirmou:


“O diálogo entre os chineses anticomunistas é o primeiro passo para a unidade”. Yan Jiaqi e Wang Runnan também estiveram em Taiwan. Yan declarou: “O fato de Taiwan ter um governo democrático é para nós importante. Parece-me que esta é a base fundamental para a unificação de Taiwan e da China continental”.


Yueh Wu, o líder do dito “Sindicato Operário Independente”, tão caro aos trotskistas, chegou a Taiwan em 16 de junho de 1990, a convite da... Liga Mundial Anticomunista.


Assim, no seu intuito de distinguir os stalinistas, que defendem os princípios do marxismo-leninismo, dos partidários do “socialismo multipartidário”, Mandel definiu um terceiro critério:


Outro indicador é a atitude em relação à repressão sangrenta da Comuna de Pequim. No campo daqueles que condenaram os massacres da Praça Tiananmen estão quase todos os partidos favoráveis à glasnost.


Os “stalinistas” de Pyongyang até Havana

Em outubro de 1989, Mandel classificou como forças “stalinistas” os partidos comunistas da China, da República Democrática Alemã, do Vietnã, da Romênia, da Tchecoslováquia, da Bulgária, do Japão, da Índia (PCI-Marxista), da Coreia do Norte, da Albânia, de Portugal, os grupos que designou como pró-albaneses e maoístas, e também o Partido Comunista Cubano. Quando afirma que “o Partido Comunista de Cuba ocupa uma posição à parte”, Mandel refere-se à sua tática particular em relação a Cuba com vista à destruição do partido comunista. Isto ressalta claramente ao desenvolver a seguinte tese:


“Os ataques de Fidel Castro e da direção cubana contra a glasnost, ou seja, contra o processo de democratização parcial em curso na URSS, são contrários aos interesses do proletariado soviético, aos do proletariado mundial e aos da Revolução Cubana. Eles ameaçam provocar uma grave crise de legitimidade da direção cubana perante uma parte das massas, sobretudo dos jovens”. “Os entraves à liberdade de pensamento multiplicam-se em Cuba”. O Partido Comunista “substitui” as massas. “Esta penosa regressão ideológica é, a longo prazo, suicida”. Castro não pode lutar eficazmente contra “a degeneração burocrática do Estado cubano” porque “rejeita a glasnost, a democratização pluralista, o controle institucionalizado pelas massas”. “Assim não lhe resta senão a luta burocrática contra a burocracia. É caminhar para um fracasso certo, como já vimos na URSS e na República Popular da China”.


Isto mostra bem que o ódio dos trotskistas ao “regime burocrático de partido único” atinge também o “partido único cubano”. Se a abordagem tática é diferente, é porque os trotskistas consideram que assim serão mais eficazes para destruir o movimento comunista na América do Sul, infiltrando o Partido Comunista de Cuba e os partidos próximos de Cuba. Isto já aconteceu em resultado do trabalho destrutivo realizado durante dez anos por estes anticomunistas no interior da Frente Sandinista. Agora esperam poder aproximar-se da ala “progressista, antiburocrática e reformista” do Partido Comunista de Cuba. Têm a esperança de que o longo convívio dos cubanos com os soviéticos possa ter sido suficiente para formar partidários da glasnost e do multipartidarismo.


Entretanto tivemos oportunidade de verificar na Europa de Leste e na URSS no que resultaram os judiciosos conselhos de Mandel: triunfo da contrarrevolução, restabelecimento integral do capitalismo, ressurgimento do fascismo e do nacionalismo reacionário, um capitalismo selvagem, onde super ricos passam ao lado de uma massa de milhões de pessoas lançadas na miséria desumana e na guerra civil. Não duvidamos de que o Partido Comunista de Cuba tomará as medidas que se impõem para impedir a infiltração destes contrarrevolucionários e anticomunistas profissionais.



artigo do dirigente comunista belga Ludo Martens, publicado em 20 de outubro de 1992

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