Martens: "O Trotskismo a serviço da CIA contra os países socialistas"

Depois do triunfo da contrarrevolução burguesa no Leste Europeu e na União Soviética, não pode haver divergências de opinião entre comunistas sobre a verdadeira natureza do trotskismo.
O desenvolvimento do processo contrarrevolucionário no Leste e na União Soviética permite atestar o significado de classe do discurso que os trotskistas mantêm há 60 anos. É fácil de perceber hoje, no seu fraseado de “esquerda”, a real natureza e o verdadeiro objetivo desta corrente. Basta simplesmente reler as declarações trotskistas de há dois ou três anos para que a verdade salte diante dos olhos. O trotskismo é uma corrente ideológica cuja essência é o anticomunismo desenfreado, uma corrente que recruta elementos progressistas da pequena burguesia para os doutrinar no anticomunismo, uma corrente que trava um único combate com perseverança, continuidade e convicção: o combate contra o marxismo-leninismo e contra o movimento comunista internacional.
Demonstraremos estas afirmações através do estudo das posições trotskistas quando das contrarrevoluções de “veludo”, que conduziram à restauração do capitalismo no Leste da Europa e na União Soviética.
A restauração do capitalismo é impossível!
Nos anos 30, Stalin levantou uma questão essencial: será que depois de o socialismo ter sido instaurado em um país, enquanto ditadura das massas trabalhadoras, a restauração do capitalismo continua a ser possível nesse país? Trotsky respondeu que a restauração do capitalismo era impossível sem uma insurreição armada da burguesia e sem uma guerra civil prolongada. A sua tese sobre a impossibilidade da restauração do capitalismo visava eliminar a vigilância política e ideológica e favorecer uma atitude conciliadora com o oportunismo, tanto no interior do partido como em relação ao inimigo de classe na sociedade.
Desde a Revolução Cultural que os marxista-leninistas reafirmaram que um partido comunista pode degenerar politicamente e ser invadido por concepções e teorias burguesas e pequeno-burguesas. O revisionismo é a adoção de ideias da burguesia e da pequena-burguesia embrulhadas em uma terminologia marxista-leninista. Quando o revisionismo consegue dominar um partido comunista, este torna-se o instrumento principal de uma progressiva restauração burguesa nos domínios ideológico, político e econômico. Ernest Mandel, o líder principal da chamada IV Internacional, lançou-nos à cara que esta era uma teoria “stalinista”, que servia unicamente para justificar a arbitrariedade. Ele insiste muito nesta ideia mestra de Trotsky.
“Só idiotas manifestos...”
Em 1934, Stalin demonstrou que a linha do grupo oportunista Zinoviev/Kamenev conduziria necessariamente ao restabelecimento do capitalismo na União Soviética. A história provou que as críticas de Stalin a Trotsky, ao grupo de Zinoviev/Kamenev e depois aos seguidores de Bukharin, eram inteiramente pertinentes. A refutação de suas ideias no decorrer dos anos 20 e 30 permitiu conservar a ditadura do proletariado e construir o socialismo, bem como forjar as forças políticas e militares necessárias para defender vitoriosamente o socialismo da agressão fascista. Um quarto de século mais tarde, os revisionistas Khrushchev e Brejnev retomaram grande parte das ideias de Trotsky, Zinoviev e Bukharin. E, somente dois anos após a reabilitação oficial destas figuras por Gorbatchov, a restauração do capitalismo tornou-se um fato consumado. Porém é preciso recordar que, em 1934, Trotsky replicou a Stalin:
Só idiotas manifestos seriam capazes de acreditar que as relações capitalistas, ou seja, a propriedade privada dos meios de produção, incluindo a terra, podem ser restabelecidas na URSS por via pacífica e desembocar em um regime de democracia burguesa. Na realidade, se fosse possível, o capitalismo só poderia ser restaurado na Rússia como resultado de um violento golpe contrarrevolucionário, que exigiria dez vezes mais vítimas que a Revolução de Outubro e a guerra civil.
Dez vezes mais, o que faria entre 50 e 90 milhões de mortos para que o capitalismo pudesse ser reintroduzido na Rússia...
1989: A restauração impossível a médio prazo
Mesmo em 1989, quando já estavam em campo as forças abertamente contrarrevolucionárias, Mandel insistia que o espectro da restauração capitalista não passava de uma mentira “stalinista” para justificar a “repressão”. Em 1989, a Polônia e a Hungria já tinham tombado para o lado do imperialismo, porém, Mandel escrevia:
A pequena e média burguesia representa apenas uma pequena minoria da sociedade em cada um destes estados operários burocratizados. Ela se beneficia de apoio, aliás fortemente limitado, por parte do grande capital internacional. Mas no conjunto, esta convergência de interesses é insuficiente para poder impor, a curto ou a médio prazo, qualquer restauração do capitalismo.
Os marxista-leninistas identificaram há muito as quatro forças sociais que formam a base da restauração: a primeira é a camada dos burocratas, tecnocratas e elementos corruptos no seio do partido e do aparelho do Estado; a segunda são as forças políticas e ideológicas das velhas classes reacionárias; a terceira são os novos elementos burgueses e exploradores surgidos na sociedade socialista; e, por último, as forças imperialistas que atuam aberta ou clandestinamente nos países socialistas. Com Reagan, a ingerência e a infiltração do imperialismo redobraram nos países socialistas. Mandel nega a existência das duas primeiras forças e minimiza as duas últimas.
De resto, recorreu ao mesmo argumento para apoiar a contrarrevolução: “Para onde vai a URSS de Gorbatchov? Excluamos, antes de mais, a eventualidade de uma restauração do capitalismo na União Soviética. Da mesma forma que o capitalismo não poder ser gradualmente suprimido, tampouco pode ser gradualmente restaurado.
Os trotskistas difundiram com alarde sua teoria sobre a impossibilidade da restauração enquanto existisse alguma resistência por parte do Partido Comunista e do aparelho do Estado contra as forças anticomunistas. Desde os anos 30, essa “teoria” lhes serviu para justificar o apoio a todas as correntes oportunistas e contrarrevolucionárias. Durante os anos 30 e 40, os trotskistas apoiaram todas as correntes e facções oportunistas que desencadearam a luta contra a direção marxista-leninista do partido. Em 1956, aplaudiram o “antistalinismo corajoso” de Khrushchev, converteram-se em propagandistas do reacionário czarista Soljenítsin, apoiaram todas as forças nacionalistas reacionárias e fascistas, todos os dissidentes pró-ocidentais, propagaram galhardamente todas as teorias anticomunistas do círculo de Gorbatchov, chegando a encher dois terços do seu jornal com artigos de direita publicados no Notícias de Moscou e na revista Sputnik. Resumindo, em nome da teoria da impossibilidade da restauração, os trotskistas apoiaram todos os contrarrevolucionários até o dia em que já nada subsistia das ideias revolucionárias e as instituições socialistas criadas e defendidas por Lenin e Stalin.
Uma vez terminada a batalha, Mandel se refere de passagem, hipocritamente, à hipótese de uma restauração. Em 12 de outubro de 1989, em uma única entrevista, consegue defender as duas posições. “Excluo um reestabelecimento gradual, pacífico, imperceptível do capitalismo. Isto é uma ilusão reformista. Será preciso quebrar a resistência operária (...)”. Mais adian