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Atividade de agrofloresta é realizada pelo MST em Gália (SP)
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No dia 24 de junho aconteceu o evento “Dia de Campo na Agrofloresta” no assentamento do MST - Luiz Beltrame em Gália no interior de São Paulo.
O dia foi dedicado para o trabalho no campo dos participantes junto aos camponeses do MST como também para a troca de experiências sobre a prática agroflorestal. Estudantes universitários, trabalhadores e camponeses trabalharam junto aos assentados de Gália em um dia de aprendizados enriquecedores.
Na onda de retrocessos causados pelo Golpe de Estado, os camponeses da agricultura familiar, dos assentamentos, acampamentos e empregados sazonalmente, sofrem com a falta de políticas públicas. Porem esse é um problema oriundo dos governos petistas cujos pequenos fragmentos de Reforma Agrária em vez de impulsionar essas famílias para uma condição de permanência na terra, concedeu apenas políticas e migalhas assistenciais, agora com o Golpe de Estado o cenário no campo vêm se agravando drasticamente. Ao olharmos na prática do dia-a-dia de luta desses camaradas, torna-se visível a ineficácia dessas políticas e é sobre elas que vamos discorrer nesta nota, bem como perspectivas de luta.
1º) O assentamento do MST Luiz Beltrame, conta com uma localização extremamente isolada em relação a outros assentamentos da região. O que demonstra o descaso da política petista em relação aos camponeses.
2°) A maioria dos técnicos do INCRA e do ITESP, que prestam serviço que chamamos de ATER (Assistência técnica rural) aos assentamentos, teve sua formação nas universidades particulares ou públicas brasileiras; que desde a década de 1970, segue o currículo baseado na “Revolução Verde”. Isso significa que esse modelo, pensado e desenvolvido nos países imperialistas é simplesmente copiado no Brasil – uma forma de colonizar ideologicamente e arrebatar a consciência dos povos dos países semi-feudais e semi-coloniais. Colonização que não fica só no âmbito da ideologia se implica na materialidade dos camponeses: o “pacote da Revolução Verde” obriga a compra de insumos (que não são produzidos no Brasil), de agrotóxicos, além da técnica de manuseio da terra. Fora que muitos técnicos aconselham a monocultura, mesmo quando estamos falando de hortas.
Tendo essas duas perspectivas massacrantes, os assentados do “Luíz Beltrame" buscam como alternativa à prática da agroecologia e do uso de canteiros agroflorestais (conhecido por SAF). Nessa perspectiva o solo não fica mais descoberto e exposto, como é o caso dos latifúndios improdutivos que cobrem boa parte do território nacional. Também é recuperado o solo, já que a monocultura é abolida. A partir deste sistema é possível que os camponeses se tornem mais autônomos e independentes. O pedaço pequeno do SAF que auxiliamos os assentados já nos mostra na prática o quanto este sistema tem no latifúndio seu inimigo.
Uma (des)vantagem é que o sistema de agrofloresta tem uma lógica de tempo própria da natureza que deve ser respeitada. Entretanto desde o primeiro momento o sistema é produtivo: pois a diversidade de produtos plantados resulta que durante toda a vida este sistema dará frutos. Dizer que a natureza deverá ser respeitada não quer dizer não manusear esta terra ou não utilizar fertilizantes. Precisamos alterar as nossas concepções sobre o que são os fertilizantes e “agrotóxicos”: dentro da agroecologia chamamos de “Caldas”, as misturas feitas caseiramente com esterco, leite, gengibre, etc., que podem ser usadas nesta plantação.
Sendo assim, denunciamos a improdutividade do latifúndio, aliado histórico de imperialismo, e da monocultura em nosso país, em comparação com as técnicas da agroecologia, prática cada vez mais popular entre os camponeses. Tal improdutividade é fruto do monopólio semifeudal da terra. Por isso temos que compreender a contradição principal na sociedade brasileira: nossa nação oprimida e imperialismo, pois sabemos que só uma política correta pode dar norte para uma prática acertada. Em resposta a isso os povos oprimidos devem consolidar uma frente que seja anti-imperialista, bem como impedir que o capital se aproprie desta técnica.
Nós do Nova Cultura travamos essa luta junto aos camponeses calejados no infortúnio de uma longa e dolorosa vida de opressão no latifúndio arcaico, anacrônico e lesivo dos interesses progressistas da sociedade e da economia brasileira, que por sua vez consiste no último reduto das reminiscências coloniais e feudais que estrangulam o desenvolvimento da nossa agricultura.