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"A luta contra o latifúndio na região noroeste do Paraná"


No ano de 1962, João de Oliveira dos Santos, juntamente com sua esposa, Rosa Pereira dos Santos, ganharam um pedaço de terra no município de Perobal, de um amigo que não tinha para quem deixar sua herança. O mesmo doou a terra com comprometimento de que eles iriam cuidar e criar as filhas. Ali começou a luta pela terra e a sobrevivência de uma família contra o latifúndio na região noroeste do Paraná. Antes de morrer o amigo deixou, escrito a mão em um pedaço de papel, que passaria a posse daquela área para a família de João que conseguiu a posse dos 10 alqueires na justiça. O casal criou as oito filhas em cima deste pedaço de terra. Produziu e criou animais para o sustento da família. Porém, o pequeno sitio era cercado por grandes fazendas. Na época, havia aproximadamente 88 posseiros na região, todos com o mesmo objetivo de ter um pedaço de terra para plantar e sustentar a família. Dona Rosa, hoje com 82 anos, conta que a luta para se manter no local foi grande. Em seus relatos afirma que os fazendeiros eram ruins e mandavam os jagunços amedrontá-los. “Os jagunços do fazendeiro passavam a cavalo atirando no terreiro da nossa casa”, lembra. Nesse período, João já havia sofrido vários atentados contra sua vida. Os jagunços o esperavam atocaiado para tentar matá-lo. Ele conta que ficou escondido por vários meses, pois temia que tirassem sua vida. Do sítio onde moravam até a primeira cidade era longe, por isso quando precisavam ir até o comércio, sempre iam a pé e escondidos pelo mato com medo de encontrarem os jagunços pela estrada. “Quando eu precisava ir para a cidade, eu nunca pegava carona com ninguém. Quando ouvia o barulho de uma condução vindo pela estrada eu corria para o mato”, descreve Dona Rosa. Passaram-se 16 anos de luta pela terra e além dos atentados contra a família, os fazendeiros foram brigar na justiça pela área, alegando que a família não era dona. Foram várias reintegrações de posse na tentativa de retirá-los. Uma das filhas, Jandira Pereira dos Santos Souza, conta que já havia até comprador fixo para a compra de bois. “Quando o fazendeiro erguia uma ação de reintegração, já descia a caminhonete do advogado buscar o melhor boi ou a melhor vaca”, relata. Em 1989 um dos fazendeiros sugeriu um acordo de troca. Ele daria quatro alqueires em outro pedaço de terra junto com uma casa pronta, se eles deixassem aquela parte da fazenda. A família aceitou a troca, pois não aguentavam mais a perseguição e temiam que matassem o senhor João. Foram quase 30 anos na luta pela posse da área. A família se emociona ao lembrar os anos de sofrimento. “A proposta dele era acabar com nós, mas graças a Deus estamos todos vivos. Eu rezava muito, acho que eu só venci aquela batalha a custa de sofrimento e fé em Deus”, relembra Dona Rosa. Continuidade da Luta pela Terra Em 2009, a fazenda que fica ao lado do sítio foi ocupada por famílias Sem Terra, que lutam contra o latifúndio e pela conquista de um pedaço de terra para viver. Jandira, a filha do casal, relata que eles contribuíram com as famílias que chegaram ali doando alimentos. “Eles abriram as portas do sítio e no dia da ocupação eles deram janta, comida e leite para as crianças. Meu pai disponibilizou todas as vacas para tirar o leite e dar para as crianças”, relata Jandira, orgulhosa dos pais. Ali iniciou uma nova luta contra o latifúndio da região, pois os fazendeiros denunciaram o senhor João para a Secretaria de Agricultura e Abastecimento por ceder alimentos não autorizados para as famílias. No final de 2009, o acampamento sofreu um despejo e as famílias foram retiradas dali. O casal se sentiu muito sozinho e solitário e começaram a ficar doentes, pois estavam isolados. “Ao mesmo tempo em que eles tinham tanta gente que era da mesma luta, de repente todo mundo foi tirado pela polícia e eles ficaram sozinhos”, conta Jandira. Em 2010, as filhas compraram uma chácara próxima à cidade e levaram o casal para lá, por questão de segurança e saúde. Para não deixar o sítio e não se desfazer do lugar conquistado com muita luta, as filhas se revezaram para cuidar do local. “Isso aqui foi comprado a preço de sangue, lágrimas e suor, não foi de graça. Isso aqui custou um preço muito salgado”, diz uma a filha que promete cuidar sempre do sítio dos pais.

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