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Willy Corrêa de Oliveira e a homenagem a Santo Dias

Foto do escritor: NOVACULTURA.infoNOVACULTURA.info

A erudição de Willy Corrêa de Oliveira passeia pela música contemporânea. Foi neofolclorista, estudou música eletroacústica da Europa e os Cursos de Férias de Darmstadt (Alemanha), foi um dos articuladores do Grupo Música Nova (1963, São Paulo). Foi um dos criadores do Festival Música Nova que ocorre anualmente (sempre em agosto/setembro) em Santos e São Paulo. Mais tarde, afastou-se da chamada “vanguarda” e atuou em grupos musicais de trabalhadores e sindicatos. Em 1982, Willy Corrêa de Oliveira junto ao Comitê Santo Dias da Silva, produziu um disco em homenagem à luta e à memória de Santo Dias, metalúrgico assassinado covardemente pela Polícia Militar em 30 de outubro de 1979 durante um piquete na zona sul de São Paulo.


Naquele mês, Santo era um dos líderes de uma greve que reunia cerca de seis mil metalúrgicos em São Paulo. Em uma panfletagem em frente à fábrica Sylvania, a polícia tentou prender alguns de seus colegas. Num momento de tensão, o PM Herculano Leonel o baleou pelas costas. Santo tinha então 37 anos. Deixou dois filhos e esposa.

Santo Dias da Silva era operário metalúrgico e membro da Pastoral Operária de São Paulo. Houve grande mobilização dos trabalhadores para protestar contra o assassinato de Santo Dias. O corpo do operário foi retido pela polícia. Só a partir da interferência de sindicalistas e parlamentares, conseguiu-se sua liberação. Foi velado na Igreja da Consolação por milhares de pessoas e, no dia seguinte, houve uma grande marcha até a Praça da Sé para a cerimônia de encomendação do corpo. Santo Dias se tornou mártir da luta operária. Familiares, amigos e companheiros criaram o Comitê Santo Dias para pressionar pela condenação do soldado Herculano Leonel, acusado de desferir o tiro que matou o operário, e não deixar a história cair no esquecimento. O policial foi condenado em 1982 a seis anos de prisão, mas recorreu e o processo foi arquivado. O disco é composto por canções e poesias sobre a luta camponesa e operária em São Paulo. O lado A do disco é composto pelas faixas: "fala de Ana - viúva do companheiro Santo Dias", "Trabalhar a Terra (Introdução - fala de Santo Dias)", "Hino da Reforma Agrária", "Hino da Corrente Sindical Lavradores Unidos", "Louvado Seja", "Cordel do Retirante" e "Fala de Santo Dias". O lado B contêm "O Trem", "Cordel Santo Dias", "Hino dos Grevistas", "Operário de Sonho Criança", "Velório", "Poesia Camponês-Operário" e "Companheiro Santo". Uma obra prima da arte brasileira a serviço da classe trabalhadora.

Ouça o disco