"Comunidades se levantam contra a crescente xenofobia e racismo que varrem os enclaves imperialistas”
- NOVACULTURA.info
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À medida que a onda crescente de sentimentos, políticas, leis, operações policiais e violência e terror da direita contra migrantes e racismo continua a varrer os centros globais do capitalismo, principalmente os EUA e a Europa, o povo e suas comunidades estão reagindo.
Os países imperialistas, liderados pelos EUA, encontram-se em declínio estratégico como resultado de sua própria crise, que, por consequência, reduz os lucros do capitalismo monopolista. Eles transferem essa crise aos povos trabalhadores mantendo salários e benefícios deprimidos, mantendo condições de trabalho intoleráveis, enquanto reduzem ainda mais o bem-estar social a níveis miseráveis. Esta crise também levou ao surgimento de grupos e políticos de direita que exploram o justo descontentamento e indignação das massas contra o sistema imperialista dominante e a consequente instabilidade social e o agravamento da desigualdade econômica. Para enganar os povos trabalhadores sobre as raízes da crise imperialista, esses políticos de direita atacam migrantes e imigrantes como bodes expiatórios, fazendo amplo uso de populismo, chauvinismo, xenofobia, racismo, patriarcado e anticomunismo.
A guerra de Trump contra os migrantes: deportações e resistência nos EUA
Os EUA, sob o governo autoritário de Trump, estão liderando o bloco imperialista no ataque contra migrantes e imigrantes. Desde que se tornou presidente, Trump começou a implementar sua guerra contra o chamado inimigo “de dentro”, o que inclui não apenas reprimir seus críticos, restringir a dissidência e reduzir ainda mais os benefícios sociais, mas também a deportação em massa de migrantes e imigrantes – a política central de sua campanha.
Desde janeiro, Trump já deportou mais de 350 mil pessoas; entre elas estão trabalhadores filipinos, latinos e de outras nacionalidades. As invasões, controle, sequestro e frequentemente detenção ilegal de migrantes e suas consequentes deportações são conduzidas pelo Serviço de Imigração e Alfândegas dos EUA (ICE) e por agências policiais.
Senadores, congressistas, prefeitos, funcionários públicos, sindicatos de trabalhadores, advogados, grupos de direitos humanos e instituições religiosas nos EUA se levantaram para denunciar essas medidas fascistas de Trump contra os migrantes. Diversos juízes estadunidenses declararam as deportações ilegais, enquanto muitos oficiais de governos locais, particularmente em estados e grandes cidades, como Los Angeles, onde vivem e trabalham grandes concentrações de migrantes e imigrantes, expressaram indignação e apoiaram esforços para proteger migrantes em suas comunidades. Eles também têm fornecido apoio, até mesmo abrigo, para comunidades, grupos de migrantes e famílias afetadas. Onze dos 50 estados dos EUA declararam status de santuário, incluindo a Califórnia.
Protestos têm se espalhado por muitos estados dos EUA. Organizações de base lideradas por migrantes, comunidades e organizações filipino-americanas, entre elas o movimento Tanggol Migrante (Defender os Migrantes), a Aliança Internacional de Migrantes e organizações religiosas organizaram manifestações, caravanas e transformaram celebrações do dia do trabalho em protestos com temas como “Sem Reis” e “Trabalhadores acima de Bilionários”. Os organizadores destacaram que esses protestos não eram apenas sobre a crescente desigualdade econômica e os direitos de imigrantes, mas também uma luta para defender a democracia, os direitos civis e a dignidade de comunidades marginalizadas.
A “Fortaleza Europa” e a crescente resistência popular
Na Europa, muitos governos têm introduzido medidas mais duras de anti-imigração, reintroduzindo controles de fronteira, acelerado deportações e proposto leis mais rígidas contra migrantes, enquanto incentivam grupos e movimentos de direita e fascistas a difundir propaganda nacionalista, populista e xenófoba.
Mas a resistência dos povos europeus também está crescendo. Nos Países Baixos, em particular, uma ampla seção da sociedade holandesa tem se manifestado, se organizado e se mobilizado para registrar sua mais forte oposição a uma proposta do governo de direita holandês de introduzir uma nova lei de asilo que não apenas criminaliza a migração e corrói fundamentalmente os direitos dos refugiados, mas, ainda mais, criminaliza o apoio e a assistência a refugiados e migrantes indocumentados.
A resistência à proposta de lei até agora atraiu o apoio de centenas de instituições holandesas, ONGs, os maiores sindicatos, igrejas, organizações de migrantes, indivíduos preocupados e políticos progressistas — bem como muitas comunidades e municípios locais, alguns defendendo áreas de “santuário”. A cidade central holandesa de Utrecht, por exemplo, embora ainda não tenha feito uma declaração formal em nível nacional como “cidade santuário”, promove ativamente a integração e inclusão de refugiados por meio de políticas progressistas. Manifestações lideradas por comunidades migrantes juntamente com os maiores sindicatos foram realizadas na capital política do país, Haia. Uma organização que presta assistência a refugiados, por exemplo, escreveu uma petição contra as novas leis de asilo que reuniu mais de 100 mil assinaturas, e continua crescendo.
Em meio a esses ataques, grupos filipinos progressistas denunciaram o governo Marcos Jr. por intensificar sua política de exportação de mão de obra enquanto se recusa a enfrentar fundamentalmente o atraso econômico e a repressão política que forçam os filipinos a deixar o país. Migrantes filipinos não recebem apoio do Estado reacionário filipino, que permanece em silêncio diante de flagrantes violações de direitos humanos cometidas contra seus nacionais no exterior.
No Reino Unido e na Irlanda do Norte, migrantes liderados pelo grupo filipino Migrante condenaram grupos e indivíduos ultradireitistas pelos recentes incidentes de violência anti-imigrante na última semana de julho, após a difusão de uma notícia falsa de que um migrante teria esfaqueado três jovens mulheres. Da mesma forma, violência contra migrantes irrompeu na Irlanda do Norte em junho após a notícia de que dois jovens migrantes teriam abusado sexualmente de uma jovem garota.
A Migrante International, uma aliança global de organizações de migrantes filipinos, enfatizou que os recentes atos de violência antimigrante no Reino Unido são consequência da ascensão de governos de extrema-direita e de políticas antimigrantes que estão provocando uma cultura racista de ódio e discriminação contra migrantes. “Eles estão negando a milhões de migrantes seus direitos de viver e trabalhar sem ódio e discriminação”, destacou a aliança.
Políticas anti-imigrantes crescentes no Japão e na Austrália
No Japão, cerca de 300 ativistas, refugiados e migrantes filipinos e indonésios representando dezenas de organizações, acompanhados por 11 membros do Parlamento japonês, protestaram em 5 de setembro em frente ao Parlamento para se opor à política do “Plano Zero”, denunciar a piora da xenofobia e exigir justiça para as vítimas de racismo no país.
Forças políticas conservadoras e de direita no governo japonês têm pressionado por deportações em massa e discriminação direta contra gaikokujin (estrangeiros) ao implementar o “Plano de Zero Estrangeiros Ilegais pela Segurança e Proteção do Povo” (Plano Zero), uma política abrangente que visa deportar todos os residentes “ilegais” no Japão até 2028. O plano inclui, segundo relatos, triagens pré-entrada mais rígidas para estrangeiros a partir de 2028 e medidas para reforçar o controle de imigração no país.
Na Austrália, grandes ações de solidariedade para todos os migrantes, refugiados, Palestina e povos das Primeiras Nações (povos indígenas do país) foram realizadas nas cidades de Melbourne e Sydney em 31 de agosto. Participaram dessas ações ativistas filipinos do Bayan-Austrália. As ações de solidariedade serviram como contra-protestos às mobilizações anti-imigrantes de grupos neonazistas, racistas, ultradireitistas e extremistas, que ocorreram em várias partes da Austrália no mesmo dia. Esses grupos extremistas culpam os migrantes pela atual crise de moradia e infraestrutura no país, em vez das políticas neoliberais e privatizações que já duram décadas na Austrália.
A Migrante-Austrália declarou que o “protesto” anti-imigrante na Austrália manifesta a intensificação do supremacismo branco global nos EUA, Japão e Europa, que usa migrantes como bodes expiatórios para a crise econômica e para questões específicas como escassez de moradia e desemprego.
Segundo números das Nações Unidas, um recorde histórico de 68,5 milhões de pessoas foram deslocadas em 2024 como consequência de guerras instigadas pelos EUA, perseguição e violência no Oriente Médio, como na Palestina, Afeganistão, Iraque e Líbia, Síria, Iêmen, Sudão do Sul e Somália. Além disso, a guerra por procuração dos EUA na Ucrânia tem ameaçado expandir a violência na Europa e estimular o aumento de refugiados.
Conclusão
Os ataques contra migrantes e imigrantes refletem a profunda crise que envolve o sistema capitalista — um sistema que prospera sobre a exploração e opressão dos povos trabalhadores. Incapazes de mitigar suas crises, impedir a explosão das comportas da resistência em massa e manter sua dominação de classe, os chefes políticos da ordem capitalista acionam a simples estratégia de dividir para governar — estrangeiros contra locais, pessoas de cor contra brancos, superiores contra inferiores — ocultando de maneira eficaz a divisão de classe entre opressores e oprimidos.
Aceleradamente despertas, organizadas e mobilizadas, comunidades, organizações populares e indivíduos e entidades “conscientes” acabarão percebendo que se levantar e resistir à ascensão da xenofobia e do racismo é apenas uma parte da luta maior para pôr fim à exploração e opressão capitalistas.
Por Jose Emilio Jacinto III, no Liberation



















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