"Figuras do Movimento Operário: José Diaz"
José Diaz nasceu a 27 de abril de 1896, em Sevilha. Seu pai, José Diaz, era padeiro de profissão. Sua mãe, Francisca Ramos, era operária numa fábrica de cigarros. O pai de José Diaz era um operário muito querido e respeitado por seus companheiros de profissão. A conduta revolucionária de seu pai exerceu sobre José Diaz uma grande influência na formação de sua consciência de classe.
José Diaz sentiu, desde a mais tenra infância, a exploração capitalista, a miséria e a fome. Sua rebeldia se desenvolveu em contato com os trabalhadores, na oficina, e aí, nos primeiros anos de sua juventude, ingressou nas fileiras do movimento operário. Logo salientou-se entre os companheiros de trabalho pelos dotes de inteligência e combatividade que o distinguiram como um de seus líderes.
Em 1917, os trabalhadores na panificação se declararam em greve por melhores salários e outras reivindicações, entre as quais a suspensão do trabalho noturno. José Diaz foi eleito para dirigir a greve, que se desenvolveu em condições extremamente duras. No decorrer da mesma, ele revelou suas grandes qualidades de dirigente, de revolucionário firme e consequente diante das autoridades e dos patrões. A greve foi vitoriosa. Em consequência disso aumentou o prestígio de José Diaz entre os operários, que viam nele um guia firme, capaz de conduzi-los à vitória, nas mais difíceis condições.
A partir de então participou da direção do movimento operário sevilhano. Na qualidade de membro da C.N.T. desempenhou um grande papel na transformação das velhas associações de resistência em sindicatos únicos de ramos e de indústrias.
Durante os anos da guerra imperialista de 1914-1918 e até 1932, realizaram-se em Sevilha grandes movimentos grevistas, de cuja organização e direção José Diaz participou. A luta de massas adquiriu tais proporções que se verificou uma greve de singulares características: a greve dos inquilinos. Os trabalhadores resolveram não pagar os aluguéis até que os mesmos fossem rebaixados em 50%.
A greve foi vitoriosa. Os aluguéis foram rebaixados em 50% e todas as dívidas foram canceladas. José Diaz foi um dos organizadores e dirigentes desse movimento de massas.
Inimigo do espontaneismo, José Diaz preparava os movimentos grevistas aplicando a democracia sindical. José Diaz era um revolucionário, um homem de massas.
Em fins de 1920 a C.N.T. declarou uma greve geral sem preparação prévia. José Diaz manifestou-se contra os métodos caudilhescos que eram aplicados. A greve geral, como José Diaz previra, foi um fracasso. José Diaz era perseguido encarniçadamente pela polícia e pela Guarda Civil. Por determinação da organização, depois de haver organizado a saída de Sevilha dos camaradas que se encontravam em maior perigo, José Diaz seguiu para Granada e mais tarde, para Madri.
Ao se verificar o golpe de Estado de Primo de Rivera em 1923, o Comitê Nacional da C.N.T. renunciou a lutar pela legalidade dos sindicatos e os dissolveu. José Diaz manifestou-se contrário a essa medida. Considerava que era necessário lutar pela legalidade do movimento operário. Grande estrategista, soube combinar o trabalho legal com o ilegal.
José Diaz não desligava a luta em defesa das reivindicações econômicas da classe operária da luta contra a ditadura e a monarquia. Por isso, participou de todas as ações, grandes ou pequenas, que tinham como finalidade a luta contra a monarquia e a ditadura. Da mesma forma distribuía manifestos clandestinos que elaborava e dirigia grandes ações de massa contra a ditadura.
Em 1925 a organização o enviou a Madri para cumprir uma missão ligada à luta contra a monarquia. Quando se achava num bar escrevendo uma carta, foi detido. Revolucionário sempre alerta, capaz de prever as possíveis contingências, havia redigido a carta de tal forma que a polícia não pôde decifrar o seu significado. As torturas físicas não quebraram sua vontade indomável. Vendo que as torturas não causavam os efeitos esperados, a polícia conduziu-o certa madrugada para os arredores de Madri. José Diaz compreendeu que lhe iam aplicar a "lei de fuga". No caminho disse aos policiais:
"Sei que pretendeis assassinar-me. Fazei-o aqui mesmo. Para que esperar mais? Pois bem, se isso é uma tentativa de atemorizar-me, podeis ficar certos de que não conseguireis que eu denuncie um só dos meus companheiros nem que diga com que objetivo vim a Madri".
Não obstante, o simulacro de assassínio se efetuou. Colocado contra o muro, os policiais carregaram seus revólveres e o intimaram a declarar o motivo de sua presença em Madri, pois do contrário o assassinariam. Pepe permaneceu em silêncio, silêncio que exasperava seus verdugos. Convencidos de que não falaria, reconduziram-no às masmorras da Direção Geral de Segurança. Foi levado ao cárcere sem que o pudessem processar.
José Diaz unia à sua grande inteligência, a serenidade e a coragem. Jamais perdia a cabeça nos momentos difíceis nem retrocedia ante o perigo. A fase de sua história de militante sindical da C.N.T. está cheia de heróicas façanhas em defesa dos trabalhadores. Era de um sangue-frio impressionante e de uma audácia revolucionária que o distinguia de seus companheiros de luta. A essas condições unia a modéstia, a simplicidade e o profundo carinho aos trabalhadores. Essas virtudes impregnaram toda sua vida política de revolucionário e dirigente.
José Diaz saiu da prisão em condições físicas muito precárias. Os médicos determinaram que fosse operado com urgência.
Os meses de cadeia, José Diaz os empregou no estudo de algumas obras marxistas, em armar-se com as teorias do socialismo científico. Desde os primeiros momentos da revolução russa, José Diaz sentia um vivo interesse pelos fundamentos que haviam levado o proletariado russo à vitória. Estudava os documentos relacionados com o papel dirigente do Partido Bolchevique na revolução, contrapondo os princípios ideológicos do marxismo-leninismo aos decadentes e falsos princípios do anarquismo e do socialismo reformista na Espanha. O estudo do marxismo e da revolução russa, feito na prisão de Madri, abriram-lhe horizontes políticos. A partir de então opera-se em José Diaz uma profunda evolução política.
Em 1926 o movimento operário em Sevilha atravessava uma fase de passividade. José Diaz e seus camaradas assumem a tarefa de sua reorganização. Os dirigentes anarquistas não queriam ouvir falar de organização nem de luta. José Diaz e um grupo de outros camaradas estabelecem relações com o pequeno núcleo de comunistas então existente em Sevilha. O Socorro Vermelho é reforçado, passando José Diaz a fazer parte de sua direção. Foram organizadas algumas sociedades operárias com base nas disposições legais existentes sobre associações. José Diaz afirmava: "O importante é ter um lugar onde reunir os operários". Foi encontrada uma sede e teve início uma nova atividade sindical.
Quando José Diaz ingressou em suas fileiras, o Partido Comunista em Sevilha não contava mais de uma vintena de militantes, alguns procedentes da Juventude socialista, porém, sem influência no movimento operário. No resto da Andaluzia o Partido era quase desconhecido. Desde o seu ingresso no Partido, José Diaz participou das responsabilidades de direção e ressaltou a necessidade de libertar o Partido da influência ideológica do anarquismo. José Diaz possuía uma grande experiência sindical e tinha um conceito muito elevado da coragem das massas. Confiava nos princípios do marxismo-leninismo que se chocavam com os falsos princípios do anarquismo e com o oportunismo social-democrata, assim como confiava nas massas, em sua honestidade revolucionária. Em conseqüência do trabalho do Partido, o movimento operário em Sevilha adquiriu maior conteúdo político. Começou uma nova etapa de lutas pelas reivindicações econômicas. Em 1928, por ocasião da abertura da Exposição ibero-americana, foi declarada uma greve geral contra a ditadura de Primo de Rivera. José Diaz participou ativamente da organização e direção dessa greve. A partir de então, as greves de caráter econômico se sucedem, porém ligadas à luta contra a monarquia e a ditadura.
O ano de 1930 se caracterizou por um ascenso das lutas operárias. Nesse ano José Diaz fez uma viagem à União Soviética. A visita ao país do socialismo constituiu uma poderosa ajuda política para José Diaz. Ele viu com seus próprios olhos a imensa obra revolucionária dos trabalhadores sob a direção do grande Partido Bolchevique de Lênin e Stálin. Durante sua permanência na União Soviética assimilou grandes ensinamentos da Revolução levada a cabo pelos bolcheviques.
Aprofundava-se a crise revolucionária. Surgiram condições objetivas para que o Partido penetrasse no seio das massas, desenvolvesse a sua influência e ampliasse a sua organização. A situação revolucionária exigia que o Partido a interpretasse com justeza e estabelecesse, de conformidade com ela, a sua linha.
A 14 de abril de 1931 é proclamada a República. A prisão de Sevilha estava abarrotada de presos políticos, de trabalhadores revolucionários. O Partido resolveu assaltar a prisão e libertar os prisioneiros. Foi organizada uma manifestação popular, a prisão de Sevilha foi assaltada e os presos políticos foram postos em liberdade.
A 19 de julho de 1931 foi declarada a greve geral em Sevilha. A greve durou uma semana, que ficou na história do movimento operário com o nome de "Semana Vermelha" pelas lutas violentas que então foram travadas. Essa grande greve foi dirigida por José Diaz à frente do Comitê Regional do Partido Comunista em Sevilha.
A 25 de janeiro de 1932 foi novamente declarada a greve geral. Os militares monarquistas e fascistas preparavam um golpe contra a República. O movimento tinha por objetivo impedir o levante militar e fazer com que fossem satisfeitas as reivindicações dos operários.
As autoridades desencadearam uma forte repressão. Alguns trabalhadores foram deportados para Bata (Guiné). Em defesa dos trabalhadores e contra a repressão foi declarada, a 15 de fevereiro, a greve geral.
Esses movimentos de Sevilha foram dirigidos por José Diaz e pelo Partido.
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A LUTA por uma linha justa, contra a política sectária do grupo Bullejos-Adame-Trilla, foi encabeçada por José Diaz, Dolores Ibarruri e outros camaradas. Ao ser proclamada a República, a direção bullejista sabotou conscientemente as justas e acertadas diretrizes da Internacional Comunista e não levou em conta a grande experiência do Partido Bolchevique.
Em março de 1932 realizou-se em Sevilha o IV Congresso do Partido. Os camaradas José Diaz e Dolores Ibarruri defenderam a posição e as críticas da Internacional Comunista à política sectária da direção. O discurso de abertura do Congresso foi pronunciado por José Diaz, que se manifestou abertamente contra a política que o grupo sectário vinha aplicando. Em sua intervenção, ele afirmou: "Neste Congresso, os bolcheviques esmagarão os mencheviques".
Depois do Congresso, José Diaz continuou dando grande impulso aos trabalhos do Partido em Sevilha e em toda a região, fundamentalmente nos sindicatos; aplicando o princípio da democracia sindical o Partido conquistou, sob a direção de José Diaz, a maioria do movimento operário de Sevilha e de parte da Andaluzia.
O 1.° de maio de 1932 em Sevilha foi convertido num dia de luta. No dia 2 de maio, não obstante a oposição dos dirigentes da C.N.T., a greve foi geral.
Em meados de junho José Diaz devia seguir para Madri e Barcelona a fim de assistir uma reunião da direção do Partido. Nas vésperas de sua viagem, entretanto, ele foi detido e processado como responsável pelos movimentos grevistas.
A 10 de agosto de 1932 sublevaram-se o general Sanjurjo e parte da oficialidade da guarnição de Sevilha. Do cárcere, José Diaz deu ao Partido as instruções necessárias para fazer frente à sublevação.
A palavra de ordem de greve geral baixada pelo Partido e pelos sindicatos foi atendida com rapidez vertiginosa. O golpe contrarrevolucionário foi aniquilado pela ação das massas e Sanjurjo foi detido quando fugia para Portugal.
Aproveitando o fato de José Diaz estar preso em Sevilha e Dolores Ibarruri no cárcere em Madri, o grupo bullejista continuava a aplicar sua política sectária, criminosa, isolando o Partido das massas e procurando conquistar para essa posição quadros honestos e revolucionários do Partido. Adame visitou José Diaz no cárcere de Sevilha para ver se com habilidade conseguia conquistá-lo para a política do grupo. José Diaz, porém, deu-lhe uma resposta categórica e definitiva. Sem permitir que Adame continuasse falando, ele disse: “Com a Internacional Comunista, tudo; contra a Internacional Comunista, nada! Nossa conversa está terminada!”
Pouco depois o Comitê Central do Partido expulsou o grupo Bullejos-Adame-Trilla e elegeu José Diaz secretário geral do Partido. Nessa época José Diaz achava-se ainda na prisão de Sevilha. Os trabalhadores sevilhanos, que sentiam um profundo carinho pelo seu dirigente, com o objetivo de conseguir sua liberdade fizeram uma coleta e conseguiram as 5.000 pesetas que a justiça exigia como pagamento pela liberdade de José Diaz.
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EMBORA o Partido tenha nascido alguns anos antes de José Diaz nele haver ingressado, seu verdadeiro forjador, seu construtor que, junto com Dolores Ibarruri, lhe deu um conteúdo marxista-leninista, dotou-o de uma linha política justa e de uma tática flexível, capaz de "aproveitar até a menor das oportunidades para conquistar aliados de massa para o proletariado" (Stálin), foi José Diaz. Na direção do Partido, corrigiu os erros que o grupo Bullejos-Adame-Trilla havia cometido e traçou uma linha clara em relação aos objetivos da revolução democrático-burguesa.
Crescem as forças do Partido e aumenta sua influência entre as massas. No terreno dos princípios ideológicos é levada a cabo uma luta consequente contra as correntes oportunistas dos socialistas e as correntes contrarrevolucionárias dos anarquistas no movimento operário.
Como consequência da política reacionária do governo republicano-socialista, as direitas conseguiram maioria nas eleições de novembro de 1933 para deputados. Os chefes oportunistas do P.S.O.E. recusaram-se a aceitar uma proposta do Partido no sentido de formar com ele um bloco para as eleições. O Partido utilizou a campanha eleitoral para expor amplamente às massas sua política de unidade e seu programa revolucionário. Em relação às eleições anteriores, os votos obtidos pelo Partido demonstraram que sua influência entre as massas havia crescido consideravelmente em consequência de sua justa luta política.
Os resultados das eleições agravaram a situação política. Tornaram-se claros os propósitos da reação e do fascismo, de chegar ao poder por via "legal". Em nome do Partido, José Diaz propôs novamente ao Partido Socialista a organização de uma Frente única e o fortalecimento das Alianças Operárias e Camponesas, dotando-as de um programa que incluísse as reivindicações dos camponeses, assim como as reivindicações da revolução democrático-burguesa.
Diante do agravamento da situação política, o Comitê Central do Partido reuniu-se em setembro de 1934, numa sessão extraordinária. Em seu informe sobre a situacão e os intentos da contra-revolução, José Diaz ressaltou a necessidade urgente de mobilização da classe operária, dos camponeses e de todas as forças democráticas do país para barrar o caminho ao fascismo. Nessa ocasião, ele disse: "A questão não é de meses, mas de dias". Diante disso, José Diaz aconselhou o Comitê Central — e sua orientação foi aceita — a levar o Partido às Alianças Operárias, embora estas não fossem a forma completa de Frente única, com o objetivo de transformá-las em Alianças Operárias e Camponesas.
A 15 de outubro de 1934 foi declarada, em todo o país, a greve geral contra o governo fascista Lerroux-Gil Robles. Nas Astúrias, haviam-se unido na luta os mineiros de todas as tendências. No decorrer da mesma, a unidade da classe operária serviu de estímulo a muitos camponeses, que se incorporaram à luta. A greve se transformou em insurreição armada.
A insurreição das Astúrias foi afogada em sangue. O governo reacionário fascista desencadeou uma onda de terror contra a classe operária e suas organizações. O derrotismo se apoderou de não poucos dirigentes socialistas e republicanos que careciam de fé nas massas.
José Diaz e o Partido consideraram que era preciso tirar ensinamentos da unidade dessa luta e mobilizar a classe operária e o povo contra esse governo, contra os fuzilamentos, pela libertação dos 30.000 presos, pela readmissão dos operários despedidos em represália, pelas reivindicações da revolução democrática.
Todo o período compreendido entre outubro de 1934 e junho de 1935 caracterizou-se por uma ampla mobilização do Partido. Sua linha política, suas palavras de ordem de luta, auxiliaram as massas em sua mobilização. Nesse período o Partido conquistou uma grande autoridade entre as massas. O governo colocou-o na ilegalidade. Mas, sob a direção de José Diaz, o Partido tinha aprendido a se desenvolver nas mais difíceis situações. As organizações do Partido, ligadas às massas nas fábricas, no campo e nas ruas, explicavam aos trabalhadores o motivo pelo qual se tornou possível a vitória do povo na insurreição das Astúrias.
A 2 de junho de 1935, José Diaz pronunciou seu histórico discurso no cinema Monumental de Madri. Uma vez mais demonstrou sua qualidade de dirigente indiscutível da classe operária e da revolução, provou ser o homem político mais esclarecido da Espanha.
José Diaz não somente indicou o caminho seguro que o povo deve trilhar em sua luta contra o fascismo, como também — grande estrategista revolucionário — levou em conta as forças fundamentais que deviam unir-se para a conquista do objetivo que permitisse destruir os obstáculos na marcha da revolução democrática. Nesse discurso fixou a linha tática e estratégica que a classe operária e as forças antifascistas deviam adotar para esse fim.
Essas forças — disse ele — "são o Partido Comunista e o Partido Socialista, as Juventudes Comunista e Socialista, os anarquistas, os sindicalistas e os republicanos de esquerda, todas as organizações populares de massa que estejam dispostas a lutar contra o fascismo".
José Diaz sintetizou o programa que serviria de base à Concentração popular anti-fascista, em quatro pontos: confiscação das terras dos latifundiários e da Igreja; liberdade para os povos da Catalunha, Euzkadi e Galícia e seus direitos à auto-determinação; melhoria das condições de vida da classe operária e anistia para todos os presos por crimes de caráter político-social.
No VII Congresso da Internacional Comunista em 1935, a delegação do Partido Comunista da Espanha foi liderada por José Diaz.
Seu informe no Congresso da Internacional Comunista baseou-se nas experiências revolucionárias de outubro e na política de unidade do Partido. O Congresso o elegeu, assim como à camarada Dolores Ibarruri, membro do Comitê Executivo da Internacional Comunista.
A 3 de novembro de 1935, no Coliseu Pardinas, de Madri, José Diaz demonstrou aos trabalhadores e ao povo a importância das históricas resoluções do Congresso da Internacional Comunista.
A política de unidade do Partido penetrava cada dia com mais vigor no seio das massas.
Foi constituída a Frente Popular. As forças políticas antifascistas defrontam-se com a reação unidas sob um mesmo programa. Os socialistas e as outras forças continuaram considerando a Frente Popular como uma aliança eleitoral. Em seus discursos na campanha eleitoral, José Diaz afirmava, com energia, que a Frente Popular não devia dissolver-se mas, ao contrário, ampliar-se. Os socialistas tinham renunciado a participar das responsabilidades do governo. Assim, o governo que se constituísse depois da vitória seria composto exclusivamente de republicanos. José Diaz preconizava a formação de um governo capaz de:
"liquidar a base material da contrarrevolução e levar a termo a revolução democrático-burguesa na Espanha, a fim de que não se repetisse a experiência de 14 de abril de 1931".
As eleições de 16 de fevereiro de 1936 foram um grande triunfo das forças da Frente Popular. Foram um triunfo da justa linha de Frente única Proletária e de Frente Popular, preconizada pelo Partido Comunista.
A derrota da reação nas eleições, como José Diaz e o Partido assinalaram reiteradamente, não significava que os perigos do fascismo houvessem desaparecido. Como afirmara José Diaz a 23 de fevereiro de 1936 "o inimigo não está aniquilado, está à espreita, escondido; assume uma atitude de resignação, porém isso não é mais do que uma tática".
O governo não cumpria com a devida presteza o acordo estabelecido na Frente Popular. José Diaz e Dolores Ibarruri denunciaram em praça pública e da tribuna do Parlamento os perigos de semelhante política e assinalaram a necessidade de barrar o caminho às forças reacionárias que preparavam um golpe militar contra a República, ao mesmo tempo que exigiam punição para os crimes das Astúrias. José Dias conclamava o povo a permanecer vigilante a fim de fazer frente, de modo revolucionário, à reação e ao fascismo.
A 15 de julho de 1936, em discurso pronunciado perante a Assembleia Permanente das Cortes, denunciou energicamente os preparativos de sublevação da reação e dos generais fascistas.
"Recentemente — afirmou — há dois ou três dias, em face desse perigo, se reuniram as forças operárias; em dez minutos se puseram de acordo e se dirigiram ao governo oferecendo-lhe toda a sua força para a defesa da República. Fazemos isso porque estamos plenamente convencidos de que em muitas províncias da Espanha, em Navarra, em Burgos, na Galícia, em parte em Madri e em outras regiões estão sendo feitos preparativos para o golpe de Estado".
Três dias depois, a 18 de julho, se verificou o levante militar fascista.
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OS SUBLEVADOS acreditaram poder contar com um fator decisivo para a sua vitória: apanhar as massas de surpresa. A classe operária e o povo tinham sido, entretanto, alertados pelo Partido Comunista. Não houve surpresa para o povo. Com decisão e heroísmo enfrentou a sublevação, vencendo-a em diferentes pontos do país, entre os quais Madri.