top of page
  • Foto do escritorNOVACULTURA.info

"A invasão a Porto Rico em 1898 e o surgimento do Imperialismo ianque"




Para todas as pessoas que se envolveram na luta pela independência de Porto Rico, o dia do 25 de Julho possui significância especial. Nesse dia em 1898, as tropas dos Estados Unidos invadiram Porto Rico, dando início ao período de dominação colonial americana na ilha, e que permanece até os dias de hoje.


Os Estados Unidos invadiram Porto Rico, junto à Filipinas, Guam e Cuba, no contexto da Guerra Hispano-Americana. Essa guerra foi a inauguração do que seria o papel agressor e natureza predatória da classe capitalista dos Estados Unidos no Caribe, América Latina e todo o mundo.


A tomada desses países por parte dos Estados Unidos sinalizou a busca da classe capitalista dos EUA para se tornar uma potência mundial. As potências europeias já haviam desenvolvido uma política de aquisições coloniais desde o final do século XV.


Mas apenas no final do século XIX, as potências capitalistas maduras e desenvolvidas praticamente colonizaram o mundo inteiro. A projeção do poder estadunidense fora do território da América do Norte significou uma arrancada para que não fossem deixados para trás nessa divisão global por mercados.


O Imperialismo estava se transformando de uma política para um sistema global. Nenhuma potência capitalista poderia ser deixada de fora. No final, essa disputa e competição pelas colônias levou para a primeira “guerra mundial” na história da humanidade, de 1914 até 1918, que envolvia todas as principais potências capitalistas;


V.I. Lenin (líder da Revolução Russa) notou essa tendência em sua primeira frase de seu clássico de 1916 “Imperialismo, fase superior do Capitalismo”. “Durante os últimos quinze ou vinte anos, sobretudo depois das guerras hispano-americana (1898) e anglo-bôer (1899-1902), as publicações económicas, bem como as políticas, do Velho e do Novo Mundo utilizam cada vez mais o conceito de ‘imperialismo’ para caracterizar a época que atravessamos.”


Até a Guerra Hispano-Americana, o capitalismo dos Estados Unidos era focado na expansão dentro dos marcos da América do Norte. Essa expansão vinha da marcha para o Oeste e a tomada de terras da população nativa da América e o roubo de quase metade do território do México na Guerra Mexicano-Americana de 1846 a 1848.


Após o fim da escravidão e da Guerra Civil em 1865, o capitalismo industrial foi capaz de crescer rapidamente. Ao facilitar o comércio e a transferência de matérias-primas, a ferrovia passa a percorrer todo o território americano. A mineração de matérias-primas aumentou. Fábricas, portos, pontes e açudes eram construídos em maior ritmo.


Por trás desse suposto progresso na sociedade americana, havia o enorme custo do sofrimento humano. A consolidação e expansão do capitalismo no país poderia ser medida pelo genocídio dos povos indígenas—Americanos nativos. No final dos anos 90 do século XIX, os povos nativos foram praticamente aniquilados dentro do território continental dos Estados Unidos com o fim das chamadas “Guerras indígenas”.


Eventualmente, a dinâmica do capitalismo significou que o mercado interno não era suficiente. Novos mercados, matérias-primas e força de trabalho mais barata eram cada vez mais exigidos para que se continuasse o amplo aumento das forças produtivas. O desenvolvimento capitalista começou a ser propulsionado na direção de um novo tipo de expansionismo, que visa subordinar as economias de outros países.


Competição entre Estados Unidos e Espanha

Quanto mais benefícios as empresas dos Estados Unidos ganhavam dos investimentos econômicos nas colônias espanholas de Cuba e Porto Rico antes da guerra—algo equivalente a $50 milhões em 1897—, mais esses banqueiros e industriais iam desejando o controle direto desses mercados.


Ao longo da década de 1890, havia uma obsessão crescente pela guerra entre a classe dominante dos Estados Unidos. Figuras de destaque da burguesia, políticos, jornalistas e o clero encorajavam a hostilidade e abertamente clamavam pela tomada militar das colônias espanholas. “Democracia” e “liberdade” viraram a bandeira para todos os tipos de incendiários de guerra demagógicos.


O militarismo e a arrogância, alimentados pela expansão capitalista em séculos de campanha para expulsar os povos indígenas de suas terras e aplicar um sistema genocida de escravidão. Agora eram utilizados para justificar a expansão imperialista. O uso da violência contra os povos nas terras invadidas foi justificado pela "vontade divina" ou "destino manifesto".


Com crescentes tensões entre Washington e Madrid, a marinha americana alvejava e perseguia qualquer navio que hasteasse a bandeira espanhola em mar aberto. Os navios de guerra dos Estados Unidos eram instruídos para deter os cargueiros espanhóis, averiguá-los e em muitos casos, apreender a carga. Isto ocorria apesar do fato da inexistência de um Estado de guerra.


Espanha era uma potência feudal em ruínas enfrentando conflitos políticos internos graves. Ela já não possuía o status de império que gozava séculos atrás. O governo espanhol não estava em posição de se engajar em hostilidades com qualquer país—ainda mais os Estados Unidos, que estava demonstrando seu poder industrial e estavam obviamente, ansiosos para testar sua capacidade militar.


Um pretexto para guerra

Na noite de 15 de Fevereiro de 1898, o navio de guerra USS Maine explodiu enquanto estava ancorado no porto de Havana, Cuba. Enquanto 266 marinheiros foram mortos dormindo em seus aposentos, o capitão do navio e seus oficiais próximos não foram prejudicados.


As autoridades de Washington rapidamente já culparam o governo da Espanha, alegando que a explosão fora causada por uma mina naval. O fato de que muitas testemunhas viram a força da explosão vinda de dentro da proa do navio não importou para investigadores norte-americanos. Investigações posteriores descartaram completamente a possibilidade de uma mina explodindo. Qualquer seja o motivo, o governo da Espanha de maneira nenhuma foi responsável.


Apesar dos repetidos esforços diplomáticos da Espanha e a disposição em compensar pela perda das vidas e a destruição do navio, o governo dos Estados Unidos explorou a situação como a desculpa perfeita para uma guerra.


Em 25 de Abril de 1898, o Presidente William McKinley, com consenso do Congresso, fez sua infame declaração de guerra contra a Espanha. Os Estados Unidos agora seriam reconhecidos como uma potência imperialista mundial. A campanha militar que seguiu, impactou a vida de milhões de pessoas na Filipinas, Guam, Cuba e Porto Rico. Agora estariam submetidos a um novo opressor colonial.


No dia de 25 de Julho de 1898, 26.000 soldados americanos invadiram as margens de Guanica, Porto Rico—o trampolim para a invasão de toda a ilha. A invasão foi liderada pelo famoso General Nelson Appleton Miles—um servo confiável da expansão capitalista nos Estados do Oeste dos Estados Unidos. Miles era famoso pelo seu papel na repressão da greve de Pullman e outras lutas operárias. Também ficou conhecido pela captura de líderes nativos como Geronimo e o Touro Sentado após travarem duras batalhas de resistência com os povos nativos. Mas o crime mais impressionante de Miles foi o massacre de 300 indígenas, homens, mulheres e crianças na região de Wounded Knee, South Dakota, em 29 de Dezembro de 1890.


À medida que o exército americano marchava pelas montanhas de Porto Rico, eles encontraram camponeses que haviam sido avisados da brutalidade da invasão. Esses povos da montanha, armados apenas com facões, valentemente atacaram os agressores. Aqueles capturados pelos invasores frequentemente eram amarrados em árvores e executados. Essa resistência hoje simboliza o começo da resistência em curso de Porto Rico ao colonialismo dos Estados Unidos.


As ocupações militares dos Estados Unidos nas Filipinas, Guam, Cuba e Porto Rico foram o tiro inaugural de uma gama de invasão imperialistas nas próximas décadas no Hemisfério Ocidental e outras partes do mundo. Tropas americanas foram enviadas para a Nicarágua em 1898 e novamente em 1899, 1907 e 1910, e de 1912 até 1933; para o Panamá de 1901 ate 1914; Honduras em 1903 e novamente em 1911; para a República Dominicana em 1903; Coreia em 1904; China em 1911; ao México de 1914 a 1918; ao Haiti de 1914 até 1934; para Cuba em 1906 até 1909, 1912 e novamente de 1917 até 1933; à União Soviética de 1918 até 1922; e para a Guatemala em 1920. A lista continuou por todo o século XX. Com centenas de bases militares pelo mundo hoje, as intervenções militares dos EUA são uma característica constante das questões mundiais.


A luta anticolonial continua

A grande mídia empresarial faz todos os esforços para dissimular a subjugação estrangeira de Porto Rico. Mas os eventos se desenvolvem ao ponto que se revela a verdade sobre a ocupação estadunidense. O assassinato por parte do FBI do líder machetero Filiberto Ojeda Rios em setembro de 2005 e a luta para impedir o bombardeamento da marinha norte-americana contra ilha portorriquenha de Vieques em 2000 foram dois exemplos recentes.


Apesar das diversas alegações dos Estados Unidos sobre o “progresso” de Porto Rico, o povo da Ilha nunca pediu para ser invadido e colonizado, ter dificuldades econômicas impostas a eles ou serem forçados a deixar suas raízes e emigrar para o país colonizador. Nos Estados Unidos, os portorriquenhos estão entre as nacionalidades mais pobres.


A invasão dos Estados Unidos, em 25 de Julho de 1898, é o porquê de hoje os portorriquenhos não tem voz em qualquer questão fundamental referente à vida econômica e política de sua terra natal. A política colonial do governo dos EUA nega às massas portorriquenhas o seu direito à autodeterminação e independência que interessa para a resistência constante dos povos que ali vivem.


QUE VIVA PORTO RICO LIVRE!

PELA LIBERTAÇÃO IMEDIATA DE OSCAR LOPEZ RIVERA!


por Carlito Rovira

Tradução de Gabriel Duccini

  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
  • Telegram
  • Whatsapp
PROMOÇÃO-MENSAL-mai24.png
capa29 miniatura.jpg
NC9ANOS-banner.png
JORNAL-BANNER.png
WHATSAPP-CANAL.png
TELEGRAM-CANAL.png
bottom of page