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Panteras Negras: "A China traiu a Revolução?"


Na segunda parte da entrevista da camarada Elaine Brown com a camarada Angela Davis, que circulou na 11ª edição de março do Serviço de Notícias Intercomunais Black Panther, Angela indicou algumas ressalvas sobre a República Popular da China à luz da visita de Nixon ao país. Infelizmente, uma série de pseudorrevolucionários, e alguns revolucionários também, condenaram a China.

Nesse ponto, gostaria de apresentar minhas visões da posição chinesa e ao mesmo tempo refutar as críticas à China e oferecer algumas críticas no espírito da camaradagem à Angela.

As conclusões dos detratores da China, da esquerda e da “esquerda” são incorretas porque se originam de uma falsa premissa e se baseiam em um discurso falacioso.

Para começar, Nixon mostrou interesse em visitar a China e, portanto, foi convidado para ir para lá, o que subsequentemente fez. Isso não é necessariamente uma traição à revolução. O Presidente Mao por muito tempo sustentou que a China iria buscar paz e fazer negócios com os países imperialistas, mas ao mesmo tempo “não iria nutrir noções não realistas sobre eles”. Tenham em mente que foi Nixon que foi para a China, e não vice-versa. Foi Nixon que sentou espantado na presença de Mao Tsé-tung. Foi Nixon quem olhou com cobiça para o esplendor da arquitetura chinesa como se fosse uma criança. Foi Nixon que quis conversar. Foi Nixon que foi obrigado a reconhecer a realidade da República Popular da China. E foi Nixon que foi persuadido a concordar com os Cinco Princípios da Coexistência Pacífica entre nações, formulados na Conferência de Bandung em 1955. E isso é bom, porque agora, certos países “não-alinhados” que possam ter respeitado e/ou temido o imperialismo dos EUA, agora verão sua verdadeira natureza pérfida e belicosa quando violar os Cinco Princípios como já fez anteriormente.

Obviamente, os chineses, assim como nós mesmos, sabem que Nixon foi para a China para apresentar a imagem de um apaziguador, para apoiar sua campanha por reeleição e, se possível, abrir a China para a exploração capitalista dos monopólios dos EUA. Também é aparente que os chineses não são tão ingênuos como nós (os revolucionários) fomos levados a crer; e que nós os subestimamos.

As críticas à China são inválidas porque o todo do problema não foi levado em consideração quando analisaram a situação. A maior parte dos americanos (incluindo os revolucionários) procederam sua informação da mídia controlada pela burguesia, com as visões e interpretações dos “jornalistas” burgueses como nossos guias, e nisso baseamos nossas opiniões (infelizmente). É por isso que as críticas estão erradas. Eu me pergunto quantos deles leem os jornais chineses, tais como o Peking Review, e vem escutando a Rádio Pequim? Sem fazer isso, sua visão sobre a China está incompleta.

Por 50 anos, Mao Tsé-tung trabalhou diligentemente e sem parar pela Revolução Chinesa; teorizando sobre suas várias etapas e eventualmente levando elas até serem completas, com o período da construção socialista ainda em progresso. Foi dito que nos anos 30 e 20 (os anos magros da Revolução Chinesa), o Presidente Mao estava certo quando muitos outros estavam errados, invariavelmente avançando pela linha correta, dependendo das condições históricas específicas da China em um particular período de tempo. Depois de meio século de luta, um homem como o Presidente Mao não se abandona seus princípios no dia para noite.

O Presidente Mao, no passado, apoiou a luta do povo por libertação nos Estados Unidos, e lançou declarações certificando isso em 1963, em 1968 e em 1970, para nomear algumas recentes. Obviamente, o Presidente Mao acredita que o curso atual da China é o melhor caminho para garantir os sucessos da revolução. E isso não é revisionismo.

Em 1945, Mao foi para Chungking, sentou, conversou e brindou com Chiang Kai-chek. O Presidente Mao traiu a revolução quando fez isso? Certamente não. Ele simplesmente percebeu logicamente que o Exército de Libertação Popular ainda não era forte o suficiente para derrubar Chiang. Então sentou, conversou e estagnou por um tempo. Quatro anos depois ele conversou pelas armas e aproveitou a oportunidade. O Presidente Mao sabia exatamente o que fazer e quando fazer. Ele foi com o fluxo e refluxo da luta. Ele venceu; Chiang perdeu. A realidade da China daquele momento provou que Mao estava correto. À luz da situação mundial em transformação, o Partido Comunista da China deve manter o ritmo com a realidade da situação, ou enfrentar a possibilidade de se tornar obsoleto e anacrônico.

Falando em revisionismo, eu notei que essas críticas atacaram a China, mas ficaram calados quanto à claque renegada soviética. Gritando contra um revisionismo chinês imaginário, mas ignorando o apoio soviético à invasão do Paquistão pela Índia. Obviamente, a URSS se esforça para dividir o mundo em esferas de influência – metade para eles e metade para os imperialistas estadunidenses, com o Terceiro Mundo não tendo voz (em outras palavras, a disputa e conluio simultâneos entre a URSS e os EUA por hegemonia mundial). Entretanto, desde sua chegada nas Nações Unidas, a China vem ficado ao lado dos direitos da comunidade do Terceiro Mundo, que foram flagrantemente violados pelas duas superpotências (naturalmente, o Partido de Angela, o PC dos EUA, de orientação pró-soviética, apoia o revisionismo soviético ao máximo, e vibra com a retórica anti-China ao estilo da soviética). Os soviéticos nunca apoiaram a justa luta do povo palestino para recuperar sua terra, ao passo que a China consistentemente apoiou as guerras de recuperação nacional do povo palestino e contra a agressão expansionista de Israel, sob a égide do imperialismo estadunidense. Apesar disso, acabei de ler que o negociador-chefe da URSS, Leonid Ilyichev, recentemente retornou para Pequim (em apoio ao “caso de amor” entre China e Estados Unidos).

Não podemos culpar o Partido Comunista da China e jogar nossas frustrações na China porque fomos culpados e negligentes em levar a cabo nossa própria revolução. Só podemos culpar a nós mesmos. Eu penso que muitos revolucionários vêm vivendo uma revolução de terceiros.

Obviamente, isso é fadado ao fracasso. Devemos nos importar com os negócios em mãos, e parar de reclamar de outros camaradas do campo socialista. Eles estão lidando com seus assuntos internos. É hora de lidarmos com nossos assuntos aqui. O Presidente Mao não irá marchar vitoriosamente até Washington. Nós vamos.

(Eu quero acrescentar, entretanto, que apesar de minha crítica à camarada Angela Davis, eu a apoio resolutamente em sua justa luta para obter a absolvição de acusações forjadas, fabricadas pelo Regime de Wall Street-Pentágono.)

Todo Poder ao Povo!

15 de abril de 1972

Robert Seier, no jornal Black Panther

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