top of page

"Como os EUA ajudaram a criar a Al Qaeda e o ISIS"

  • 24 de fev.
  • 5 min de leitura

Como a Al Qaeda, o Estado Islâmico (ISIS) foram feitos nos EUA como instrumentos de terror projetados para dividir e dominar o Oriente Médio rico em petróleo e combater a crescente influência do Irã na região.

O fato de que os Estados Unidos tem uma longa e tórrida história de apoio à grupos terroristas surpreenderá apenas aqueles que só assistem ao noticiário e ignoram a história.

A CIA se alinhou, em primeiro lugar, com o Islã extremista durante a época da Guerra Fria. Naquela época, a América viu o mundo em termos bastante simples: por um lado, o nacionalismo da União Soviética e do Terceiro Mundo - que a América considerava como um instrumento soviético; por outro lado, as nações ocidentais e ativistas políticos do Islã, que a América considerava como aliados na luta contra a União Soviética.

O diretor da Agência de Segurança Nacional de Ronald Reagan, o general William Odom, declarou recentemente: "olhe por onde andas [1], os EUA tem usado por muito tempo o terrorismo. Em 1978-79 o Senado tentou puxar uma lei contra o terrorismo internacional - em cada versão que eles fizeram, os advogados disseram que os EUA a violariam".

Durante a década de 1970, a CIA usou a Irmandade Muçulmana no Egito como uma barreira, tanto para boicotar a expansão soviética quanto para evitar a propagação da ideologia marxista entre as massas árabes. Os Estados Unidos também apoiaram abertamente o Islã contra Sukarno Sarekar na Indonésia, e o grupo terrorista Jamaat-e-Islami contra Zulfikar Ali Bhutto no Paquistão. E por último, mas não menos importante, a Al Qaeda.

Para que não nos esqueçamos, a CIA deu à luz a Osama Bin Laden e amamentou sua organização durante a década de 1980. O antigo secretário de assuntos exteriores britânico, Robin Cook, contou à Câmara dos Comuns que a Al Qaeda foi, sem dúvida, um produto das agências de inteligência ocidentais. Cook explicou que a Al-Qaeda - que significa, literalmente, uma abreviação de "banco de dados" em árabe - era originalmente o banco de dados dos computadores de milhares de extremistas islâmicos, que foram treinados pela CIA e financiados pelos sauditas, para derrotar os russos no Afeganistão.

A relação da América com a Al Qaeda tem sido sempre de amor e ódio. Dependendo se um grupo terrorista da Al Qaeda, em uma determinada região, se afastava dos interesses norte-americanos ou não, o Departamento de Estado dos EUA financiava ou atacava agressivamente este grupo terrorista.

Embora os criadores da política externa americana garantirem se opor ao extremismo muçulmano, eles deliberadamente o fomentam como arma de política externa.

O Estado Islâmico é a sua última arma, visto que, com a Al Qaeda, o tiro saiu pela culatra. O ISIS, recentemente, levantou-se à proeminência internacional após seus capangas começarem a decapitar jornalistas americanos. Agora, o grupo terrorista controla uma área do tamanho do Reino Unido.

Para entender por que o Estado Islâmico cresceu e floresceu tão rápido, precisa-se atentar para as raízes americanas da organização. A invasão e ocupação americana do Iraque em 2003, lançou os pré-requisitos para grupos sunitas radicais, como o ISIS, criar raízes. A América, bastante imprudentemente destruiu a máquina de Estado secular de Saddam Hussein e a substituiu por uma administração predominantemente xiita. A ocupação norte-americana causou desemprego elevado em áreas sunitas, descartando o socialismo e fechando fábricas, esperando inocentemente que a mão mágica do livre mercado criaria empregos. Sob o novo regime xiita – apoiado pelos E.U.A. – os sunitas da classe trabalhadora perderam centenas de milhares de empregos. Ao contrário dos brancos na África do Sul, que foram autorizados a manter a sua riqueza depois da mudança de regime, a classe alta sunita foi sistematicamente despojada dos seus bens e perdeu sua influência política. Ao invés de promover a integração religiosa e unidade, a política americana no Iraque exacerbou a divisão sectária e criou um terreno fértil para o descontentamento sunita, no qual a Al Qaeda no Iraque criou raízes.

O Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS) costumava ter um nome diferente: Al Qaeda no Iraque. Depois de 2010, o grupo foi renovado e seus esforços foram focados na Síria.

Existem essencialmente três guerras travadas na Síria: uma entre o governo e os rebeldes; entre o Iraque e Arábia Saudita; e outra entre os EUA e a Rússia. É esta última, a batalha da neo-Guerra Fria, que fez os criadores da política externa americana decidir correr o risco de armar os rebeldes islâmicos na Síria, pois o presidente sírio, Bashar Al-Assad, é um aliado-chave russo. Vergonhosamente, muitos desses rebeldes sírios já se tornaram bandidos do ISIS que estão brandindo abertamente rifles de assalto M16 feitos pelos americanos.

A política da América no Oriente Médio gira em torno do petróleo e de Israel. A invasão do Iraque foi parcialmente satisfatória para a sede de petróleo em Washington, mas os ataques aéreos na Síria e as sanções econômicas em curso sobre o Irã, tem tudo a ver com Israel. O objetivo é privar os inimigos vizinhos de Israel, do Hezbollah no Líbano e do Hamas na Palestina, do apoio crucial sírio e iraniano.

O ISIS não é um mero instrumento de terror usado pela América para derrubar o goverso sírio; é também utilizado para pressionar o Irã.

A última vez que o Irã invadiu outra nação foi em 1738. Desde sua independência em 1776, os Estados Unidos se envolveu em cerca de 53 invasões militares e expedições. Apesar de o grito de guerra dos meios de comunicação ocidentais, não é o Irã a ameaça a segurança regional, mas sim Washington. Um relatório de inteligência publicado em 2012, apoiado por 16 agências de inteligência dos EUA, confirmou que o Irã encerrou seu programa de armas nucleares em 2003. A verdade é, que qualquer ambição nuclear iraniana, real ou imaginária, é um resultado da hostilidade americana com o Irã, e não vice-versa.

A América está usando o ISIS de três maneiras: para atacar seus inimigos no Oriente Médio; para servir como um pretexto para a intervenção militar estadunidense no exterior; e em seu território, para promover uma ameaça doméstica fabricada, usada para justificar a expansão sem precedentes da invasiva vigilância doméstica (espionagem interna dos norte-americanos).

Aumentando rapidamente tanto o sigilo e a vigilância do Estado, o governo de Obama foi aumentando o seu poder para monitorar seus cidadãos, enquanto diminuia o poder de seus cidadãos para monitorar seu governo. O terrorismo é uma desculpa para justificar a vigilância em massa, como preparação contra um levante de massas.

A suposta "guerra contra o terror" deve ser vista como realmente é: uma desculpa para manter uma enorme militarização dos EUA. Os dois grupos mais poderosos na criação da política externa americana são o lobby de Israel, que dirige a política dos EUA no Oriente Médio, e do complexo militar-industrial, que beneficia as ações do grupo anterior. Desde que George W. Bush declarou a "Guerra ao terror" em Outubro de 2001, que custou ao contribuinte norte-americano cerca de 6,6 trilhões de dólares, além de milhares de mortos. Contudo, as guerras também recolheram milhões de dólares para a elite militar de Washington.

Na verdade, de acordo com um estudo recente do Centro para a Integridade Pública, mais de setenta empresas e indivíduos norte-americanos ganharam 27 bilhões de dólares em contratos de trabalho no Iraque e no Afeganistão após a guerra dos últimos três anos. De acordo com o estudo, cerca de 75% destas empresas privadas tiveram funcionários ou membros de conselho que o serviam, ou tinham laços estreitos com o poder executivo das administrações republicanas e democráticas, com membros do Congresso ou oficiais superiores do exército.

Em 1997, um relatório do Departamento de Defesa dos EUA disse: "os dados mostram uma forte correlação entre o envolvimento dos EUA no exterior e o aumento entre os ataques terroristas contra os Estados Unidos." O terrorismo é o sintoma; o imperialismo norte-americano no Oriente Médio é o câncer. Simplificando, a "Guerra ao terror" é o terrorismo; conduzido a uma escala muito maior de pessoas, aviões e mísseis.

Notas do tradutor:

[1] expressão do texto original em espanhol “se mire por donde se mire”.

Escrito por Garikai Chengu

Do Blog Odio de Clase


Artigo de 2017


留言


NC10ANOS (Facebook) GIF.gif
GIF HISTÓRIA DAS 3 INTERNACIONAIS (stories).gif
  • TikTok
  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
  • Telegram
  • Whatsapp
capa35 miniatura.jpg
PROMOÇÃO-MENSALmai25.png
GIF Clube do Livro (1080 x 1080).gif
JORNAL-BANNER.png
WHATSAPP-CANAL.png
TELEGRAM-CANAL.png
bottom of page