"A bandeira palestina: um símbolo de resistência e luta pela soberania"
- NOVACULTURA.info
- 29 de out.
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Em cada canto do mundo, desde os corredores das Nações Unidas até as ruas das manifestações internacionais, a bandeira palestina tremula com força como um poderoso emblema de resistência e um símbolo indiscutível da defesa dos direitos do povo palestino. Sua presença é um testemunho de uma nação que reivindica seu direito de existir, exercer a autodeterminação e alcançar a plena soberania.
Um marco no reconhecimento internacional
Por ocasião do “Dia da Bandeira Palestina”, celebrado em 30 de setembro, vários países deram passos significativos rumo à formalização do reconhecimento do Estado da Palestina. França, Reino Unido, Bélgica, Andorra, Malta, Luxemburgo, Mônaco, Austrália, Canadá, Portugal e San Marino ratificaram seu apoio ao reconhecimento do Estado palestino, respaldando seu território, sua população e as fronteiras que simbolizam sua resistência frente às tentativas de deslocamento forçado por parte da ocupação.
Essas resoluções internacionais foram anunciadas quase dois anos após o início da guerra genocida contra a Faixa de Gaza, que “Israel” lançou em 7 de outubro de 2023. Relatórios indicam que a população de Gaza tem sido alvo de atos de violência extrema, incluindo assassinatos e destruição em larga escala.
Um símbolo de identidade, cultura e luta
Mais do que um simples estandarte, a bandeira palestina representa a essência do Estado palestino e se ergue como um guarda-chuva protetor que defende seu povo e sua revolução. Sua origem remonta à primeira metade do século XX, quando os habitantes de Jerusalém a adotaram para afirmar seus direitos nacionais inalienáveis sobre uma terra que se estende do rio Jordão ao mar Mediterrâneo.
O significado dessa bandeira vai além do visual. As cores que a compõem são profundamente simbólicas e refletem a rica tradição cultural da Palestina. Cada cor narra a história de um povo com uma identidade definida, um território pelo qual luta e um emblema que o representa. A bandeira é um testamento dos direitos fundamentais relacionados à liberdade, à independência e à soberania.
Para o ocupante israelense, a bandeira palestina se converte em um lembrete incômodo, pois seu projeto colonial se baseia precisamente em negar a existência do povo palestino e eliminar os símbolos que afirmam sua conexão ancestral com a terra.
O design da bandeira: um relato de sacrifício e esperança
A bandeira palestina, tal como a conhecemos hoje, foi desenhada por Sharif Hussein no início do século XX. Ela é composta por três faixas horizontais simétricas — preta, branca e verde — e um triângulo vermelho equilátero que se estende a partir do mastro.
O significado das cores, carregadas de história e sacrifício, é o seguinte: preto representa o luto e a profunda injustiça sofrida pelo povo palestino; branco simboliza a paz desejada e o amor pela humanidade; verde evoca a fertilidade da terra palestina e simboliza esperança e prosperidade; vermelho é a cor do sangue derramado na luta, simbolizando sacrifício, martírio e generosidade do povo palestino em sua defesa da liberdade.
Esse design foi formalmente adotado pelo Conselho Nacional Palestino em 28 de maio de 1964, quando foi incluído em sua Carta Nacional, no artigo 27, que estabelecia a necessidade de uma bandeira, um hino e um juramento nacional. A bandeira foi consagrada como emblema oficial da Revolução Palestina em 1965. Em 15 de novembro de 1988, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) a reconheceu como a bandeira oficial do Estado da Palestina.
O reconhecimento institucional
Em um esforço para consolidar sua identidade nacional, em 3 de dezembro de 2005 foi emitido o Decreto Presidencial nº 29, que detalhava as especificações exatas da bandeira, incluindo suas dimensões e elementos constitutivos.
Após o fim da guerra de 1967 e a ocupação israelense da Cisjordânia, de Jerusalém e da Faixa de Gaza, o controle israelense concentrou-se na erradicação dos símbolos nacionais palestinos, sendo a bandeira o principal alvo dessa ofensiva. A exibição ou posse do emblema foi declarada ilegal nos territórios ocupados, tornando seu porte um ato de coragem, desafio e resistência frente à ocupação.
A bandeira como ato de coragem na Primeira Intifada
Durante a Primeira Intifada (1987–1993), a bandeira palestina tornou-se um símbolo clandestino de resistência. Em meio à repressão severa, mulheres palestinas começaram a costurar as bandeiras secretamente, utilizando os poucos recursos disponíveis. Essas bandeiras eram entregues a jovens combatentes, que as hasteavam como sinal de protesto contra as forças de ocupação.
A bandeira representava não apenas um ato de resistência ativa, mas também uma forma de comunicação e um código de identificação entre os palestinos.
Por exemplo, veículos com placas amarelas que circulavam pelos bairros palestinos exibiam a bandeira no painel, como um sinal que permitia aos jovens locais identificar motoristas palestinos e evitar possíveis ataques indiscriminados por parte das forças de ocupação. Nos funerais dos mártires palestinos, a bandeira continua sendo um símbolo protetor, envolvendo os corpos dos mortos em sinal de honra e sacrifício.
A bandeira como símbolo de unidade nacional
A ocupação israelense tem tentado sistematicamente destruir os símbolos nacionais palestinos, em especial a bandeira, porque sua existência representa uma ameaça direta ao projeto de colonização. A posse e a exibição da bandeira palestina, ao longo da história, têm sido um desafio constante contra a ocupação e uma afirmação da soberania nacional palestina.
A bandeira palestina, que se manteve como um emblema de unidade, é vista pelo povo palestino não apenas como um símbolo, mas como o estandarte de sua luta incansável pela autodeterminação. Cada vez que é hasteada — seja em momentos de confronto direto ou em atos cotidianos de resistência —, a bandeira se ergue como um lembrete do destino comum do povo palestino, de sua luta pela independência e pela justiça.
Para as forças de ocupação, o simples fato de a bandeira palestina continuar tremulando representa um desafio direto à sua agenda de expansão e dominação.
A bandeira palestina: uma arma de resistência e persistência
Apesar dos esforços sistemáticos para suprimi-la, a bandeira palestina demonstrou ser um símbolo poderoso e persistente de resistência. Ao longo das décadas, ela tem sido uma ferramenta de desafio tanto simbólico quanto prático, comparável, em impacto, à pedra, ao fuzil, à bomba ou ao míssil. Sua mera presença em qualquer contexto — seja em manifestações ou em zonas de confronto — é uma declaração firme da persistência da luta palestina, uma afirmação de que o povo palestino continuará lutando por seus direitos e sua liberdade, independentemente das tentativas de apagar sua identidade.
Não é apenas um estandarte de luta contra a ocupação, mas também um símbolo da unidade inquebrantável do povo palestino. Em momentos de escuridão, quando a ocupação parece avançar, a bandeira segue sendo um farol de esperança, unidade e resistência, lembrando ao mundo que a causa palestina não está sozinha e que a luta pela liberdade e pela justiça é um direito inalienável.
Agência Árabe Síria de Notícias (SANA)




















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