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"Arte, cultura e revolução no século XX"



A arte e a cultura são produtos estéticos e ideológicos de uma sociedade concreta que expressam seus ideais, valores e sua moral. Na sociedade capitalista, a arte e a cultura possuem uma dupla função: por um lado é uma parte importante da superestrutura que fornece legitimidade e cobertura ao essencial, para a infraestrutura da sociedade, quer dizer a extração da mais-valia por parte da classe dominante. Por outro lado, se converte em mercadoria, para se continuar fazendo negócios vivos e acumulando riqueza.

Hoje a indústria cinematográfica, editorial, pictórica, musical, coreográfica, teatral, de produção de séries de TV, de vídeos e dos espetáculos em geral, não só é um instrumento de difusão dos valores imperialistas (Colocando vários exemplos desses pseudos-valores: a superioridade ocidental contra ao terceiro mundo e como um bastião da liberdade contra o totalitarismo comunista, a superioridade da “economia de livre mercado”, o papel indispensável que a burguesia cumpre na sociedade e o papel humanitário das missões militares, etc.) e de alienação das massas.

O compositor grego Theodorakis, escrevia em 1984 que “a burguesia governante se empenha constantemente em baixar o nível cultural das massas, e degradar os valores estéticos e artísticos,a própria arte e aqueles que a criam. Em troca, apoia e divulga obras e conceitos estéticos que servem a ideologia dominante [1]. Ademais, é uma máquina de fazer grandes negócios.

O periodista Pepe Rei, informa em seu último livro, os interesse dos grandes grupos midiáticos na produção audiovisual, e no controle do mercado musical [2].

Hoje, os produtores de arte e cultural, são assalariados do grande capital tal como já levantava Lenin:

Viver em uma sociedade e não depender dela é impossível,a liberdade do escritor burguês, do artista e da atriz, não é mais que uma dependência disfarçada, dependência a respeito do corruptor e do empresário. E nós socialistas, desmascaramos essa hipocrisia, arrancamos as falsas etiquetas, não para obter a liberdade e uma arte fora das classes(Isso só é possível em uma sociedade socialista sem classes) em vez de obter uma literatura alegadamente livre, e de fato ligada a burguesia, obter uma literatura realmente livre ligada ao proletariado [3].

O intelectual marxista peruano José Carlos Mariátegui, vê que assim como a burguesia quer o artista:

A burguesia quer do artista uma arte que corteje e lisonjeie seu gosto medíocre.Quer em todo caso, uma arte consagrada por seus peritos e avaliadores. A obra de arte não tem no mercado burguês, um valor intrínseco, se não um valor fiduciário [4].

Theodorakis estima que é frequente que sob o capitalismo:

O artista tenha uma falsa percepção da realidade e busque um ascenso rápido, procurando ganhar um espaço no mercado da arte, a fim de vender por mais caro possível suas obras que o capitalismo trata como mercadoria [5].

O muralista mexicano e militante do partido comunista de seu país, David Alfaro Siqueiros, um dos pintores da américa latina mais importante do século XX, afirmava lutar contra “um mundo intelectual ungido pela dispersão individualista da pesquisa e a pesquisa até chegar ao histerismo”.

Mas em muitas ocasiões ao longo da história e particularmente no século XX, artistas solitários e agrupados de outra maneira, têm se levantando para superar seu individualismo e sua vaidade e colocar sua arte a serviço da oposição ao poder estabelecido, a serviço das classes sociais exploradas e oprimidas e logo, da revolução socialista.

Os artistas e os trabalhadores da cultura estão como toda a sociedade, também estão divididos em classes antagônicas que se enfrentam entre si e em certas ocasiões, eles têm se comportado como membros conscientes e ativos das classes oprimidas. Vamos abordar um pouco as experiências da arte comprometida com a revolução socialista e com as causas causas progressistas do século XX.

Não tem havido revoluções feitas por artistas. As revoluções são protagonizadas pelas massas populares e seus setores de vanguarda, em geral proletários, sob a direção de partidos revolucionário, em geral comunistas. É o’que o grande poeta comunista peruano César Vallejo, recorda do surrealista francês, Breton, em 1930, no marxismo “o papel dos escritores não é suscitar crises morais ou intelectuais mais menos graves ou gerais, quer dizer em fazer a revolução ‘por cima’, mas, ao contrário, seu papel reside em fazer a revolução ‘por baixo’”. Breton, esquece que não há mais que uma revolução: que é a proletária e essa revolução será feita pelos operários com a ação e não pelos intelectuais e suas “crises de consciência” [6].

Porém, os artista e intelectuais tem tido um papel importante, na preparação do terreno ideológico. Na difusão de novos valores emancipadores que vão substituir os velhos valores caducos, defensores de uma ordem injusta e uma classe exploradora, é o’que crê o cineasta comunista espanhol, Juan Antonio Bardem,” o cinema sempre pode ajudar a fazer revolução” [7].

A revolução soviética, uma celebração para a arte

Um caso importante, é a vanguarda artística russa do começo do século XX. A partir de 1908 a Rússia é o maior centro de arte abstrata e de elaboração teórica sobre a arte. Os artistas da vanguarda buscam novas formas de expressão e se convergem com a revolução política que dirige o partido bolchevique de 1917.

Os principais artistas apoiam ativamente tal revolução. O poeta Vladimir Maiakovski, proveniente da vertente futurista, é considerado um dos mais grandes artistas do século XX, declarou:” Para mim não foi levantada a questão de aceitar a revolução ou não aceitá-la. A revolução é minha”. Em janeiro de 1918, os artista mais destacados como os criadores da corrente pictórica do “suprematismo” Kasimir Malevich, Kandinsky, Vladmir Tatin, o principal fotógrafo da vanguarda e grande pintor Alexander Rodchenko, A. Drevin, entre outros assumiram a presidência do recém formado Departamento de Artes Plásticas do Comissariado do Povo (que é como chama a revolução, seus novos ministérios) de instrução pública. De 1920 a 1930, Rodchenko, é um dos organizadores das faculdades artesanais na Escola Superior Artística Técnica, em Moscou. Maiakovski e Rodchenko criaram um sistema de periódicos murales feitos a mão e fundam uma agência publicitária, a serviço da construção de uma nova sociedade.

As mulheres pintoras também, se colocaram a serviço da revolução. Alexandra Exter, começa a desenhar cenografias dos Ballets de Moscou e trabalha no teatro do povo, Liubov Popova, fez cerâmicas e decorados teatrais, desenhos estampados e desenhos para vestidos, Natalia Goncharova, aclamou a revolução desde Páris e etc. Esta vanguarda produziu um cineasta universal que forneceu inovações explosivas para a linguagem do cinema: Serguei Eisenstein, cujo os filmes A olga(1924),O encouraçado Potemkin(1924) e Outubro(1927), entre outros, fascinam os diretores de Hollywood, que se baseiam nelas para fazer seus próprios trabalhos.

Se produz um debate na direção revolucionária sobre a conveniência de não criar uma cultura proletária e oficial do estado. O Comissariado do povo, para instrução pública de Lunacharsky, Bogdanov e Bukharin, defendem esta tese, enquanto que Lenin e Trotsky se opõe. Lenin se opõe a criação de uma cultura proletária de laboratório e é partidário de considerar e valorizar, o patrimônio artístico acumulado pela sociedade. Mesmo, contra as manifestações extremistas que proporcionaram a destruição do patrimônio cultural anterior à revolução, por ser considerado “burguês”, o partido comunista declara, a partir de 1924, que é contrário a essa “ atitude leviana e desprezível contra a velha herança cultural”. A revolução põe em contato pela primeira vez a massa operária e campesinos analfabetos com as demonstrações da melhor arte universal.

O realismo socialista

No decorrer dos anos de 1920 uma vanguarda artística completou suas experiências e deu lugar a uma nova linguagem artística que combina o novo com o tradicional. Durante os anos de 1930, se cria uma arte produzida na URSS, com a denominação ampla, “Realismo socialista”. O intelectual marxista e argentino Anibal Ponce, defende que uma definição para essa corrente é:

O realismo socialista é a descrição verídica e historicamente concreta da realidade em seu desenvolvimento revolucionário; descrição capaz de entusiasmar o leitor e educá-lo, no espírito da luta e na edificação do socialismo [8].

O dramaturgo comunista Bertold Brecht defende dessa maneira o realismo socialista:

Realista quer dizer: que revela-se na causalidade completa das relações sociais, que denuncia as ideias das classes dominantes, como ideias da classe dominante; que escreve sob o ponto de vista da classe que dispõem de soluções mais completas para as dificuldades maiores que estão em debate na sociedade dos homens, o que ressalta o movimento de evolução sobre todas as coisas, que são concretas no todo, facilitando assim, o trabalho de abstração [9].

Theodorakis defende também, que o realismo socialista:

Em verdade, quanto mais realista for a representação da realidade objetiva, quanto mais se harmoniza com as leis da beleza, maior é seu significado estético e maior é a projeção de seu tempo. Não é o acaso que as maiores obras da antiguidade nos emocionam até hoje, porque em uma obra autenticamente artística, vemos as expressões das contradições artísticas do próprio artista, com seu dinamismo e seus conflitos, seus valores e seus ideias [10].

Contra essa concepção vai se levantar um ex dirigente soviético, Trotsky, que para caluniar a arte produzida na URSS, se dedica a defender a ''liberdade plena do artista” sem se curvar a nenhuma diretiva externa”, e ”tudo é permitido na arte” [11]. É lamentável essa concepção contra o compromisso revolucionário, que também obviamente é muito bem exequível com a vocação individualista e vaidosa, que por vezes está por trás do artista. Além do que, essa posição é um rechaço para a necessidade de se criar uma teoria que sirva de quadro geral para o trabalho dos artistas.

A concepção antagônica ao conceito de arte independente e não comprometida, submissa e apolítica, comercial e acrítica, que defendia a burguesia é defendida pelo compositor soviético Prokofiev quando o mesmo disse que um” criador-poeta, escultor ou pintor deve servir a humanidade e ao povo. E esse tem o dever de embelezar a vida do ser humano e defendê la. Ele tem a obrigação frente a tudo, de manter seu espírito cívico em sua arte, a glorificar a vida e conduzir o homem à um futuro luminoso” [12].

O realismo socialista, influência muitas correntes artísticas e muitas obras em todo mundo: está presente de uma maneira ou outra nas novelas, Tungsteno do peruano César Vallejo, Los albañiles do mexicano Vicente Lañero, a trilogia Los subterrâneos de la libertad e a novela Carlos Prestes,Cavaleiro da esperança do brasileiro Jorge Amado,Camarada de Humberto Salvador, a Escola Mexicana de Muralistas de David Alfaro Siqueiros, José Clemente Orozco, Diego Rivera e Rufino Tamayo, a escola cubana de painéis e cartazes, a Nova Canção Chilena, a obra de teatro El Camarada oscuro de Alfonso Sastre, o filme Novecento de Bernardo Bertolucci, a série de 4 volumes El don Apacible do prêmio nobel de literatura em 1965, Mikhail Sholokhov…

O impacto internacional do realismo socialista

Sob influência do realismo soviético e o compromisso da arte com a revolução socialista, surgem diversas escolas e correntes da arte revolucionária.O período republicano espanhol é particularmente intenso: O grande pintor e cartunista valenciano, Josep Renau, militante do partido comunista da Espanha( PCE, não confundir com o penoso organização social democrata que atualidade ostenta essa mesma sigla) funda em 1933, a União dos Escritores e Artistas Proletários(UEAR) juntamente com A.Gaos, F.Carreño e outros. Um poeta militante também do PCE, Rafael Alberti e a poeta Maria Tereza León, publicam no 1° de maio de 1933 em uma revista “Octubre” que inclui textos de César Arconada, Manuel Altolaguirre, Ramón Sender,entre outros, além do Alberti mesmo. Os artistas revolucionários buscam o contato e a comunicação direta com os operários, como ocorre na URSS. No Ateneo de Madrid, Alberti e seu grupo organizaram uma exposição de pintores Cristóbal Ruiz Arteta, Barral, Alberto, Dario Carmona, Miguel Prieto, convidando expressamente os grupos de operários à vir para contemplar-los. Desta relação surgirá o que estes pintores vão produzir em seus futuros cartazes das organizações operárias revolucionárias e os desenhos para suas publicações. Em Madrid se cria uma outra Associação de Escritores Revolucionários, que organiza corais e orquestras operárias. Quando se estoura a revolta fascista contra a república, um poderoso movimento cultural se compromete militantemente em sua defesa.

A União Soviética, é o destino de intelectuais e artistas progressistas do mundo, ansiosos para conhecer o novo mundo que se estava construindo. Uns dos poucos exemplos: O poeta francês, Louis Aragon se casa com uma escritora soviética, Elsa Kagan. O poeta turco Nazim Hikmet, que conhece nos anos 20, poetas como Maiakovski, Esenin e Bragristsk. Depois de passar muitos anos em uma prisão na Turquia, morreu perto de Moscou, em 1950. Em 1922, o pintor alemão Grosz, visita a URSS durante 5 meses representando a associação “Ajuda Internacional dos Trabalhadores” criada por comunistas alemães para combater a fome causada pela guerra civil, lançada pela contra revolução russa. O pintor hispano-francês, Pablo Picasso, desenha nos anos 20, vestuários para o ballet russo. Em 1945, declarou em um periódico “Sou comunista e minha pintura também o é”. O músico alemão Hans Eisler viaja para a URSS para fazer a música de um filme Joris Ivens. Rafael Alberti e Maria Tereza León, também viajam para a URSS em várias ocasiões e o escritor católico e antifascista José Bergamín o faz em 1928 e 1937. Se manteve revolucionário e pró soviético até sua morte em Donostia. César Vallejo, viaja para a URSS em 1923 e conhece Maiakovski e em 1931, volta ao país revolucionário depois que escreve Rusia en 1931. Reflexiones al pie del Kremlim [13]. Em abril de 1931 é convidado para visitar o país o inventor da técnica de fotomontagem, o grande artista alemão John Heartfield, militante do Partido Comunista Alemão (KPD) desde 1918. Dirigente da oficina de agitação e propaganda do partido, colaborador da revista Socorro operário internacional AIZ. Se estádia por um ano e de novembro de 1931 a janeiro de 1932 se organiza em Moscou uma exposição de suas obras. Em fevereiro de 1931 o comitê central do PCUS havia aprovado uma resolução sobre a agitação gráfica, a propaganda e as fotomontagens de Heartfield, elas estão no centro do debate. Em 1931, Louis Aragon visita a URSS e em janeiro de 1934, assiste o primeiro congresso de escritores soviéticos em companhia André Malraux. Em 1936 volta a visitar a URSS e assiste o funeral do escritor soviético Maxim Gorki, que descreverá em sua novela La mise à mort(1965). Em 1935 o intelectual argentino Aníbal Ponce visita a URSS. Morre em Moscou, nesse mesmo ano o novelista francês Henri Barbusse, depois de ter escrito seu último livro que tinha o título de: Stalin. Um novo mundo através de um homem. O futuro prêmio nobel de literatura Pablo Neruda escreve o Canto de amor a Stalingrado. Em 1942, a pintora mexicana Frida Khalo e Pablo Picasso, dedicaram um de seus retratos ao dirigente soviético Stalin.

A luta de classes no terreno da arte e da cultura

Agora se conhece com detalhes a contra ofensiva lançada pelo imperialismo e seus serviços secretos, para neutralizar a enorme influência nos povos do mundo que conquistou a concepção estética marxista dos artistas comprometidos. Foi descoberto que o serviço secreto britânico financiou o escritor trotskista, George Orwell, antigo policial colonial em Birmânia, que em maio de 1947 fez parte em Barcelona de combatentes contra o PSUC e as forças republicanas e se tornou famoso com seus livros, the animal farm e 1984. A Information Research a serviço da Foreign office (Ministério de assuntos exteriores britânico), foi quem te apoiou para escrever artigos anticomunistas e elaborar listas periodistas e intelectuais comunistas para denunciá-los [14].

A CIA norte americana, investiu muitos milhões dólares para financiar artistas reacionários defensores da concepção burguesa de mundo, e ansiosos para servir seus amos capitalistas. Foi este serviço de espionagem que financiou um chamado “Congresso da liberdade cultural” ativo de 1950 a 1967, e a artistas como o pintor abstrato Jackson Pollock, o músico Nicolas Nabokov, o escritor Arthur Koestler, o filósofo Isaiah Berlin, o historiador republicano espanhol exilado Salvador de Madariaga e o compositor Igor Stravinsky [15]. A grande burguesia não hesitou em expressar seus gostos estéticos em função de seus interesses de classe. Assim Nelson Rockefeller, definiu a corrente artística de Pollock como “a melhor que representa a liberdade de empresa”.

A CIA, financiou revistas como o Mundo Nuevo editada em Paris, para o mundo latino americano,Encuentros para o mundo anglo saxão o Preuves na França, organizou conferências, concebeu prêmios, manipulou infrutiferamente para evitar a concessão do prêmio nobel de literatura para o escritor comunista chileno Pablo Neruda, promoveu medíocres como o Arthur Koestler. Toda essa contra revolução cultural evidencia a grande importância que a burguesia imperialista atribui a frente cultural.

Segundo Mario Benedetti:

O imperialismo está preocupado com a liberdade do artista, porque está preocupação lhe sai barata. Não se preocupa com a liberdade da classe operária, nem dos estudantes, nem muito mesmo do povo todo, porque essa preocupação sairia cara. A liberdade do escritor é um bom negócio, para conseguir neutralizá-lo; para ele os Estados Unidos investem ínfimos saldos de sua célebres fundações em becas, prêmios e congressos [16].

Evoluções da arte comprometida

A dissolução da internacional comunista e o revisionismo que se instalou na URSS, levaram ao fim o realismo socialista mas não ao fim do compromisso anticapitalista de numerosos artistas e trabalhadores da cultura, que têm se realizando grandes contribuições para a causa da revolução socialista, ou pelo menos a da humanidade ameaçada pelo imperialismo e suas derivações como a guerra e o fascismo. Mesmo nos EUA estão trabalhando em difíceis condições cantores comunista como Woody Guthrie que defendia com suas canções os pobres,oprimidos e os campesinos arruinados, o militante do partido comunista norte americano Paul Jarrico que foi candidato ao oscar pelo roteiro do filme “Tom. Dick e Harry” em 1941, o escritor e roteirista de cinema Dashiell Hammett foi encarcerado por vários anos. Hoje escreve nesse país o poeta, novelista e dramaturgo Amiri Baraka que afirma: “ Eu me tornei militante comunista mediante a luta, a intensidade de uma paixão concretizada… Continuo considerando a arte como uma arma da revolução. Mas hoje defino a revolução no sentido marxista”.

Graças às revoluções nacionais e antifascistas que tiveram lugar na Europa central e do Leste de 1944 a 1948, surgiram uma série de países socialista que puseram em prática as concepções marxistas de arte e cultura. Em 1948, se celebrou em Wroclaw( Polônia) o congresso de intelectuais, em que participaram Pablo Picasso, Irène Joliot-Curie, Aimé Césaire, Paul eluard, Jorge Amado, Ilya Ehrenburg, Jaroslaw Iwaszkiewicz e outros cidadão destacados de 43 países. A preocupação do congresso era prevenir uma guerra lançada contra nascente bloco socialista.

O papel dos artistas comunistas nas lutas de libertação nacional segue sendo sendo fundamental, ainda que haja medidas imperialistas que trabalhem sistematicamente para ocultar tal realidade: são comunistas como o grande poeta nacional palestino Mahmoud Darwich, o grande cantor popular libanês Marcel Jalifa, o principal novelista argelino Rachid Boudjedra, o maior cineasta da Turquia falecido em 1984 Yilmaz Güney, o poeta nacional cubano Nicolás Guillén, e o escritor Fernández Retamar, o principal escritor gallego, Xosé Luis Méndez Ferrín, que opina sobre a queda da URSS: “ Enquanto cai o escudo soviético, aumenta, como um rompimento de um dique onde estivesse contido, o fascismo e a direitização em geral.”; o dramaturgo solidário com a Esquerda Abertizale e a luta do povo, Basco Alfonso Sastre. O cineasta basco Antxon Ezeiza, que em um estupendo filme “ Buenos dias Tovarich”, protagonizada pelo desaparecido autor comunista Paco Rabal, expressava seu repúdio e rechaço da restauração burguesa na antiga URSS; o grande combatente chileno Victor Jara, que apesar de haver sido barbaramente assassinado por militantes fascistas em 1973 ainda exerce influência em seu país; o compositor,cantor e comandante das FARC- Exército do Povo da Colômbia Julián Conrado; as bandas musicais “Banda Basotti” e “Rage Against the Machine”; o mais famoso arquiteto do Brasil e um dos mais famosos do mundo, construtor de Brasília,Oscar Niemeyer que disse no ano de 2001, sua posição política comunista frente a este mundo injusto, é para ele, muito mais importante que a arquitetura e milhões de cineastas, escritores, fotógrafos, cantores e escultores e outros criadores do mundo todo.

Hoje, o conjunto das lutas democráticas e revolucionárias que se enfrentam a um sistema capitalista mais reacionário e agressivo que nunca, requer a participação ativa e entusiasta dos artistas e dos trabalhadores da cultura e de seu ofício. É necessário opor-se a cultura imperialista e burguesa

A arte viva, a arte progressista, que tem sua origem no povo e está ligada a ele, que contribui com o desenvolvimento cultural das massas em uma direção antiimperialista e anti monopolista, e constitui um importante fator na luta pela transformação socialista de toda a sociedade [17].

Mas as organizações revolucionárias que devem canalizar e orientar esta luta cultural, ou tem sido liquidadas, ou são incapazes de levar o desenvolvimento de um ativo trabalho cultural. É uma grande tarefa pendente que teremos que abordar.

Notas

[1] Mikis Thedorakis, “Por un arte al servicio del progreso”, Revista Internacional, nº 1, 1984, Praga, p. 28.

[2] Pepe Rei, El periodista canalla, 2001, Miatzen SARL, pp. 320 e 321.

[3] Lenin, Obras Completas em francês, Tomo X, pp.37-43.

[4] José Carlos Mariátegui, “EL artista y la época” publicado na compilação Marxistas de América”, Editorial Nueva Nicaragua, Managua, 1985, p. 128.

[5] Theodorakis, idem.

[6] Citado por Mario Benedetti no El escritor latinoamericano y la revolución posible, Latinoamericana de Ediciones, 1977, Caracas, p. 11.

[7] “Juan Antonio Bardem: O cinema pode ajudar a fazer revolução”, Revista Internacional, nº 11, Praga, p.93.

[8] Aníbal Ponce, “Notas sobre el realismo socialista”, no Marxistas de… op. cit., p. 268.

[9] Citado no seminário Solidaire, nº 7, fevereiro 1996, Bruxelas.

[10] Theodorakis, op.cit., p. 29.

[11] Trotsky, Literatura y revolución, Juan Pablos editor, México D.F., 1973, pp. 235 e 236.

[12] Theodorakis, idem

[13] Texto que se pode ler no livro de C.H. Cobb La cultura y el pueblo. España 1930-39, junto a outros autores da época como Cipriano Rivas Chérif “La literatura rusa después de la revolución”, César Arconada, Max Aub, etc.

[14] Diario belga Le Soir, 5 de agosto de 1996.

[15] “Un libro desvela la trama cultural de la CIA contra el comunismo”, El País, 21 de outubro de 2001.

[16] Mario Benedetti, op. cit., p. 12.

[17] Theodorakis, op.cit., p. 28

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José Antonio Egido

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