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"Um Manifesto aos povos do Oriente"


Em 1 de Setembro de 1920, na cidade de Baku, a capital do Azerbaijão, um Congresso de Representantes dos Povos do Oriente ocorreu. No nosso congresso participaram 1891 delegados dos seguintes países: Turquia, Pérsia, Egito, Índia, Afeganistão, Baluchistão, Kashgar, China, Japão, Coreia, Arábia, Síria, Palestina, Bucara, Khiva, Daguestão, Cáucaso Norte, Azerbaijão, Armênia, Geórgia, Turquestão, Ferghana, a Região Autônoma de Carmúquia, a República Tártara e o Distrito do Extremo Oriente.

O Congresso dos Povos do Oriente foi convocado pela Internacional Comunista. Todo camponês, todo operário precisa saber o que é a Internacional Comunista. É uma união de trabalhadores e camponeses, dos comunistas de todo o mundo, que assumiu para si o objetivo de destruir o poder dos ricos e trazer a completa igualdade de todos. No Segundo Congresso Mundial da Internacional Comunista, realizado em Moscou em Agosto de 1920, os seguintes países foram representados: EUA, Grã-Bretanha, França, Áustria, Itália, Espanha, Polônia, Boemia, Iugoslávia, Hungria, Suíça, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Bulgária, Turquia, Pérsia, Índia, China, Japão, Coreia, Indochina, Geórgia, Azebaijão, Armênia, Khiva, Bucara, Afeganistão, Argentina, Rússia, Ucrânia.

A Internacional Comunista quer pôr um fim não apenas ao poder dos ricos sobre os pobres mas também ao poder de alguns povos sobre outro. A este propósito os operários dos EUA e Europa devem se unir aos camponeses e outros elementos trabalhadores dos povos do Oriente.

O Congresso dos Representantes dos Povos do Oriente chama a estes povos a realizar esta unidade, que é necessária para a libertação de todos os oprimidos e todos os explorados.

POVOS DO ORIENTE

Seis anos atrás, explodiu na Europa uma carnificina colossal e monstruosa, uma guerra mundial onde 35.000.000 vidas humanas se perderam, centenas de grandes cidades e milhares de aldeias destruídas, países europeus devastados e todos os povos foram submetidos à tormenda de uma pobreza desconhecida e uma fome sem precedentes.

Até o momento atual, esta guerra colossal foi levada a cabo na Europa, afetando apenas parcialmente a Ásia e a África.

Esta guerra foi travada pelos povos europeus e os povos do Leste participaram relativamente pouco nela; apenas as forças de centenas de milhares de camponeses turcos que foram enganados pelos seus governantes e liderados por capitalistas alemães, e de dois a três milhões de indianos e negros – escravos, comprados pelos capitalistas ingleses e franceses, e como escravos, lançados à morte nos longínquos campos de batalha estrangeiros da França, em defesa aos interesses estrangeiros e ininteligível para eles, de banqueiros e industriais franceses e ingleses.

Ainda que os povos do Oriente tenham se mantido alheios a esta gigante guerra, embora tenham participado de maneira insignificante nela, não obstante a isto, esta carnificina foi levada a cabo, não para os países da Europa, não para os países e povos do Ocidente, mas para os países e povos do Oriente.

Foi travada pela partilha do mundo inteiro, e principalmente pela partilha da Ásia, pela partilha do Leste. Foi travada a fim de determinar quem irá controlar os países asiáticos, de quem os povos do Oriente serão escravos.

Foi travada a fim de determinar precisamente quem, os capitalistas ingleses ou alemães, esfolará os camponeses e operários indianos, egípcios, turcos, persas.

Os quatros monstruosos anos de carnificina terminaram em vitória para a Inglaterra e a França. Os capitalistas alemães foram esmagados, e junto a eles, todo o povo alemão foi igualmente esmagado, destruído, e condenado à morte pela fome. A vitoriosa França, onde a guerra quase aniquilou toda a população adulta e destruiu todas as áreas industrializadas, se feriu na luta e após a vitória permaneceu completamente impotente. E como resultado, da carnificina bárbara e colossal, a Inglaterra imperialista emergiu do solo como mestre toda poderosa da Europa e da Ásia. Ela, sozinha, em toda a Europa foi capaz de reunir força suficiente, porque travou a guerra com mãos estrangeiras dos povos que ela escravizou, indianos e negros, e às custas de suas colônias oprimidas.

Tendo surgido o vitorioso e completo mestre e dono de metade do mundo, o governo inglês começou a realizar os objetivos para os quais esta guerra foi desencadeada: começou a consolidar seu domínio sobre todos os países asiáticos e trazer a completa escravidão de todos os povos do Oriente.

Com nada a impedindo e temendo a ninguém, a junta dos capitalistas e banqueiros insaciáveis à frente do governo inglês aberta e descaradamente deixou de lado todo o pudor e começou a subjugar pela escravidão os camponeses e operários dos países do Oriente.

Povos do Oriente! Vocês sabem o que a Inglaterra fez na Índia; vocês sabem como ela transformou as milhões de massas de camponeses e operários indianos em animais submissos e sem privilégios.

O camponês indiano é obrigado a dar ao governo inglês tanto de sua colheita que o restante não é suficiente para ele nem por alguns meses. O operário indiano deve trabalhar na fábrica dos capitalistas ingleses por uma miséria tamanha que ele não consegue comprar nem o punhado de arroz necessário para sua subsistência diária. Milhões de Indianos morrem de fome anualmente. Todo ano, milhões de indianos morrem nos pântanos e selvas por conta do trabalho rígido, empreendido pelos capitalistas ingleses para seu enriquecimento próprio.

Milhões de Indianos, fracassando em conseguir seu pão diário em sua própria terra natal, fértil e muito rica, são forçados a entrar no exército inglês e ir para longe, a fim de ganhar a vida na difícil existência de soldado, pelo resto de suas vidas, e travar intermináveis guerras em todos os cantos do mundo com todos os povos do mundo, estabelecendo a brutal dominação inglesa onde quer que estiverem. Comprando com suas vidas e sangue, um aumento interminável de riqueza para os capitalistas ingleses, assegurando-lhes enormes lucros, luxo e prosperidade, os próprios Indianos não gozam de quaisquer direitos humanos; os poderes, ou seja, os funcionários ingleses, filhos insolentes da burguesia inglesa que engordou em cima de cadáveres indianos, não os reconhece como pessoas.

Os indianos não ousam sentar na mesma mesa com um inglês, usar o mesmo alojamento, viajar no mesmo ônibus, estudar na mesma escola. Aos olhos da burguesia inglesa, todo indiano é um Pariah, um escravo, um burro de carga, que não ousa vivenciar quaisquer sentimentos humanos, não ousa fazer qualquer exigência. A cada revolta provocada pelos camponeses e operários indianos, os ingleses retaliam com desumanos disparos em massa. As ruas destas aldeias indianas que se revoltaram se revestem de centenas de cadáveres e aqueles que continuam vivos são obrigados pelos funcionários ingleses, para seu próprio divertimento, a rastejarem e lamberem as botas de seus escravistas.

Povos do Oriente! Vocês sabem o que a Inglaterra fez para a Turquia. A Inglaterra ofereceu à Turquia uma paz sob a qual três quartos da Ásia Menor, habitada exclusivamente por Otomanos, incluindo todas as cidades industriais, foram para a França, Inglaterra, Itália e a Grécia; e no restante das terras turcas, taxaram impostos tão pesados que os Otomanos faliram permanentemente, e tem que pagar tributos eternamente à Inglaterra.

Quando o povo turco se recusou a aceitar uma paz tão desastrosa, os ingleses ocuparam Istanbul, sagrada para os muçulmanos, fecharam o Parlamento Turco, prenderam todos as lideranças populares, fuzilaram os melhores deles, e exilaram centenas de outros para a Ilha de Malta, onde eram encarcerados nas masmorras escuras e úmidas de uma antiga fortaleza. Agora os ingleses reinam em Constantinopla. Roubaram dos turcos tudo que poderiam pegar. Tomaram dinheiros, bancos, fábricas e fundições, ferrovias e navios, e cortaram todos os acessos à Ásia Menor. Não existe um fragmento de material e nem um fragmento de metal na Turquia. O camponês turco é forçado a trabalhar sem camisa e ele deve arar a terra com um arado de madeira.

Os ingleses, com a ajuda do exército grego, ocuparam a vilayet de Smyrna; com a ajuda dos franceses, Adana; e com os colonos, Bursa e Izmit. Eles cercaram os turcos de todos os lados e estão se movendo constantemente para o interior do país, tentando trazer o completo esgotamento do povo turco, que fora isso, foi atormentado e devastado por dez guerras ininterruptas. E nas regiões turcas já ocupadas pelos ingleses, estes últimos, fiéis à suas tradições, zombam e fazem pouco sem tolerância do povo turco. Em Constantinopla, eles ocuparam todas as escolas e universidades para fazerem seus próprios quartéis, proibiram educação turca, fecharam jornais turcos, destruíram organizações operárias, encheram as cadeias de patriotas turcos, e entregaram toda a população à jurisdição incontrolada da polícia inglesa, que consideram ter o direito, sem qualquer pretexto, de bater na cabeça de uma pessoa que usar um fez, em plena luz do dia nas ruas de Constantinopla. Para a burguesia inglesa, aquele que usa um fez, que é um turco, é uma criatura de espécie inferior, um pariah, um escravo, que pode ser tratado como um cachorro.

Nas localidades turcas ocupadas, os ingleses realmente tratam os turcos como cachorros, os enviando para trabalho forçado, e os punindo batendo neles com um bastão. A cada fraude, infâmia e compulsão, eles tentam transformar a Turquia em um país conquistado, e obrigam as massas populares turcas a trabalhar para seu enriquecimento.

Povos do Oriente! O que a Inglaterra fez para a Pérsia? Reprimindo o levante camponês contra o Xá e os latifundiários, fuzilando e enforcando milhares e milhares de camponeses persas, os capitalistas ingleses novamente restauraram o poder do Xá e dos latifundiários que haviam sido derrubados pelo povo, privaram os camponeses das terras que haviam tomado dos latifundiários, e mais uma vez relegaram seu papel ao papel de escravos, novamente o diminuindo a rayalis e escravos sem privilégios de mulkadars.

E então, subornando o corrupto governo do Xá, os capitalistas ingleses, a partir de um tratado traiçoeiro e vil, conseguiram completa posse de toda a Pérsia, com todo o povo persa. Se apoderaram de toda a riqueza persa, colocaram em todas as cidades persas guarnições compostas de Indianos enganados e Sipais, trazidos para a escravidão, e começaram a governar a Pérsia como um país conquistado, tratando o povo persa independente (nominalmente) como um povo sujeitado à servidão.

Povos do Oriente! O que a Inglaterra fez para a Mesopotâmia e à Arábia? Sem razão nenhuma, ela declarou que estes países muçulmanos independentes eram suas colônias, expulsou de suas terras os antigos donos, os árabes, os privaram dos vales mais férteis de Tigres e Eufrates, os privaram dos melhores pastos, indispensáveis à sua subsistência, se apoderaram dos ricos recursos em petróleo em Mosul e Baçorá, assim privando os árabes de todos os meios para subsistência, contando com a fome para torná-los seus escravos.

O que a Inglaterra fez à Palestina, onde, primeiramente, para agradar os capitalistas Anglo-Judaicos, ela removeu os árabes de suas terras para transferi-las para os colonos judaicos, e depois para fornecer uma saída para o descontentamento dos Árabes, ela os jogou contra os assentamentos judaicos que ela própria havia estabelecido, semeando discórdia, hostilidade e ressentimento entre as diversas tribos, enfraquecendo ambos os lados, para que ela mesmo pudesse dominar e governar.

O que a Inglaterra fez para o Egito, onde toda a população nativa já pela oitava década suspira sob o pesado jugo dos capitalistas ingleses, um jugo ainda mais pesado e mais ruinoso para o povo do que o jugo passado dos faraós egípcios, que com o trabalho de seus escravos construíram as enormes pirâmides.

O que a Inglaterra fez para a China, este enorme país que ela, junto de seu parceiro, o Japão imperialista, a transformou em uma colônia sua, explorando e envenenando com ópio 300.000.000 de pessoas; e com a ajuda dos japoneses e de suas próprias forças, reprime com atrocidades jamais vistas o fervor revolucionário que está começando. Ao restaurar os velhos déspotas derrubados pelo povo, ela dá seu máximo para manter esta população de milhões sob o jugo do despotismo, opressão e pobreza, para conseguir explorá-los.

O que a Inglaterra fez para a Coreia? A este país próspero com uma cultura milenar? Ela a deu de bandeja para ser devorada pelos capitalistas japoneses, que agora a ferro e fogo subjugam o povo coreano ao capital inglês e japonês.

O que a Inglaterra fez ao Afeganistão, onde, ao subornar o governo do Emir, mantém o povo oprimido, e na pobreza e ignorância, tentando fazer deste país algo semelhante a um deserto, e por meio deste deserto, isolar a Índia, que ela oprimiu, de qualquer contato com o mundo exterior.

O que a Inglaterra está fazendo na Armênia e na Geórgia onde, com seu ouro, mantém as massas dos camponeses e operários sob o jugo dos odiados e corruptos governos de Dashnak e dos Mencheviques que aterrorizam e oprimem seus próprios povos e os desviam para combater os povos do Azerbaijão e da Rússia, libertados da dominação da Burguesia.

Mesmo no Turquestão, Khiva, Bucara, Azerbaijão, Daguestão, e no Cáucaso Norte, o Imperialismo inglês penetra; seus agentes enfiam seus narizes em tudo, distribuem com uma mão generosa o ouro inglês conquistado com o sangue e suor dos povos oprimidos, e em todo lugar tentam apoiar tiranos e déspotas, khans e latifundiários, para combater o nascente movimento revolucionário, e a qualquer custo deixar os povos na opressão, ruína, pobreza e ignorância.

A opressão e a ruína, a pobreza e ignorância dos povos do Oriente servem como fonte de enriquecimento para a Inglaterra Imperialista.

Povos do Oriente! A vocês pertencem as terras mais ricas, mais férteis, mais extensas de todo o mundo; estas terras, que já foram o berço da humanidade, não poderiam alimentar apenas seus próprios habitantes, mas também a população de todo o mundo; mesmo assim, todo ano 10.000.000 operários e camponeses turcos e persas agora não encontram para eles nem uma casca de pão e nem emprego em suas terras mais férteis e mais espaçosas, e são obrigados a deixar sua terra nativa e buscar subsistência em países estrangeiros.

Eles são obrigados a fazer isso porque em sua terra nativa tudo - terras, dinheiro, bancos, fábricas e comércio -, está nas mãos dos capitalistas ingleses. Eles são forçados a fazer isso porque não detém a soberania pela sua própria terra nativa e não ousam dar nenhuma ordem; pelo contrário, os estrangeiros – os capitalistas ingleses – mandam neles. Tal era a situação anteriormente, antes da guerra, quando a Inglaterra imperialista ainda tinha rivais como os predatórios Alemanha, França e Rússia imperialistas, quando ela ainda não se atrevia a colocar suas patas em todos os países do Oriente, temendo que poderia receber retaliações em suas extensas patas de algum rival de rapina.

Mas agora, que a Inglaterra imperialista esmagou e enfraqueceu todos seus rivais, agora que ela se tornou a completa mestra da Europa e da Ásia, agora seus capitalistas dirigentes irão dar lugar a seu feroz apetite e sem barreiras, sem pudor, irão fincar suas garras e patas de rapina no corpo sangrento dos povos do Leste.

O capital inglês está estreitado na Europa, cresceu, falta oportunidade, e os operários europeus, elucidados pela consciência revolucionária, igualmente se tornaram maus escravos; já se recusam a trabalhar por nada, exigem bons salários, boa comida. Para que o capital tenha espaço, possa produzir um bom lucro, e possa ser capaz de jogar migalhas para os operários para impedir o crescimento de seus ânimos revolucionários, para que consigam subornar os principais líderes das massas operárias, o capital precisa de novas terras e novos trabalhadores - escravos sem privilégios e sem direitos.

E os capitalistas ingleses encontraram estas novas terras nos países orientais, e os operários escravos sem privilégios e sem direitos nos povos do Oriente.

Os capitalistas ingleses estão tentando se apoderar da Turquia e da Pérsia, Mesopotâmia e Arábia, Afeganistão e Egito, a fim de roubar a terra dos camponeses nestes países, comprando por uma bagatela todas as colheitas daqueles que estão arruinados profundamente endividados; destas terras compradas, eles pretendem criar enormes fazendas e plantações, e conduzir os camponeses orientais sem-terra para elas como mãos de obra pra fazenda e escravos. Na Turquia, Pérsia e Mesopotâmia eles querem, por via de mão de obra barata, com as mãos vazias dos famintos pobres árabes, persas e turcos, construir fábricas e fundições, construir ferrovias, e trabalhar nas minas. Eles querem, a partir da produção barata de produtos industriais, destruir comércios nacionais e milhões de oficinas artesãs locais das quais as cidades orientais estão repletas, e jogá-los igualmente nas ruas, nas fileiras do proletariado que apenas vende sua força de trabalho.

Os capitalistas ingleses querem proletarizar os povos do Oriente, arruinar a economia de todos os camponeses, de todos os artesãos, de todos os comerciantes, e jogá-los em suas plantações e em suas fábricas, fundições, e minas como escravos famintos. A partir daí, pelo trabalho braçal, por salários de fome, eles querem espremer destes povos orientais escravizados tanto o suor como o sangue. E transformar este suor do trabalho, este sangue camponês, em mais valor, em lucro, em puro ouro, em dinheiro puro.

É este o tipo de futuro que a Inglaterra Imperialista tem reservado para os povos do Oriente!

A Inglaterra com uma população de apenas quarenta milhões, dos quais apenas um quarenta avos constitui um grupo de opressores e exploradores, e o resto dos 39 milhões pertencem aos oprimidos e aos operários e camponeses explorados, quer manter na servidão 800 milhões de trabalhadores orientais. Um capitalista burguês inglês que já compele 39 operários ingleses para trabalhar para ele, da mesma forma quer forçar mais 2000 operários e camponeses da Pérsia, Turquia, Mesopotâmia, Índia e Egito para trabalhar para ele. Dois mil e quarenta pessoas torturadas e famintas que não gozam de nenhuma das bênçãos da vida, devem trabalhar por todas as suas vidas por um parasita que nada faz - um capitalista inglês. Um milhão de tais parasitas e exploradores, banqueiros e industriais ingleses, querem reduzir à servidão 800 milhões de proletários do Oriente! E deve ser dito que eles sabem como atingir este objetivo, não tem nem vergonha, consciência, ou medo, não tem nada a não ser uma cobiça selvagem e sede ilimitada de lucro. Ruína, fome, sangue, tormenta, os lamentos de 800 milhões de pessoas, não significa nada a eles. Tudo o que conta é lucro, tudo o que conta é benefício.

E, em busca destes lucros e benefícios, os imperialistas ingleses tem uma garra bem apertada na garganta dos povos do Oriente, e os prepara para um futuro sombrio: completa ruína, escravidão eterna, ausência de direitos, opressão e exploração sem limites. É isso que reserva os povos do Oriente, se o atual governo inglês se manter no poder, se a Inglaterra imperialista continuar com sua força e consolidar sua dominação sobre os países do Oriente.

Um punhado deplorável de banqueiros ingleses irá devorar centenas de milhões de camponeses e operários do Leste.

Mas isto não irá acontecer!

Diante dos capitalistas ingleses, as classes dirigentes da Inglaterra imperialista, se levanta a força organizada dos camponeses e operários dos povos do Oriente, unidos sob a bandeira vermelha da Internacional Comunista, sob a bandeira vermelha da união dos operários revolucionários, que colocaram como seu objetivo a libertação de todo o mundo, de toda a humanidade, de qualquer exploração e qualquer opressão.

O primeiro Congresso dos Povos do Oriente em todo o mundo proclama bem alto aos capitalistas que governam a Inglaterra: ISTO NÃO IRÁ ACONTECER!

Vocês, cachorros, não devem devorar os povos do Leste, seu deplorável punhado de opressores não deve reduzir à eterna servidão centenas de milhões de camponeses e trabalhadores orientais! Vocês pegaram uma fatia muito grande, comeram mais do que podem mastigar, e irão engasgar com isso.

Os povos do Oriente por muito tempo estagnaram na escuridão e ignorância sob o jugo despótico de seus próprios governantes e tiranos, sob o jugo de conquistadores e capitalistas estrangeiros. Mas o clamor da carnificina mundial, o trovão da revolução operária russa, que removeu do povo russo do Leste, as correntes centenárias de servidão capitalista, os despertou, e agora, despertos do sono de vários séculos, eles estão se levantando.

Eles acordam e ouvem um chamado para uma guerra sagrada, uma gazovat. Este é nosso chamado!

Este é o apelo do primeiro Congresso de Representantes dos Povos do Oriente, unidos com o proletariado revolucionário do Ocidente sob a bandeira da Internacional Comunista.

Somos nós - os representantes das massas trabalhadoras de todos os povos do Leste - Índia, Turquia, Pérsia, Egito, Afeganistão, Baluchistão, Kashgar, China, Indochina, Japão, Coreia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Daguestão, Cáucaso norte, Arábia, Mesopotâmia, Síria, Palestina, Khiva, Bucara, Turquestão, Fergan, Tamaria, Bascortostão, Quirguistão, etc., unidos em uma união inquebrável entre nós e com os operários revolucionários do Ocidente. Nós convocamos nossos povos a uma guerra sagrada.

Nós dizemos:

Povos do Oriente! Várias vezes vocês ouviram de seus governos os chamados para uma guerra sagrada, vocês marcharam sob a bandeira verde do Profeta; mas todas estas guerras sagradas eram enganadoras e falsas, e serviram aos interesses de seus governantes egoístas; mas vocês, camponeses e operários, mesmo após estas guerras continuaram na servidão e destituição; vocês conseguiram as bênçãos da vida para outros, mas vocês mesmos nunca gozaram de nada delas.

Agora nós chamamos vocês para a primeira genuína guerra sagrada sob a bandeira vermelha da Internacional Comunista.

Chamamos vocês para uma guerra sagrada para seu próprio bem-estar, para sua liberdade, para a sua vida.

Inglaterra, o último bandido imperialista poderoso que resta na Europa, estende a suas asas negras sobre os países muçulmanos do Oriente, tentando reduzir os povos do Leste a escravos seus e sua presa.

Escravidão, apavorante escravidão, ruína, opressão e exploração, é isso que ela traz aos povos do Oriente. Salvem a si mesmos, então, povos do Oriente!

Então, se rebelem, pela luta contra este saqueador!

Rebelem-se, todos vocês, como um homem só, por uma guerra sagrada contra os conquistadores ingleses!

Rebele-se, Indiano, exausto pela fome e pelo pesado trabalho escravo!

Rebele-se, camponês anatoliano, esmagado pelos impostos e usureiros!

Rebele-se, rayah persa, estrangulado pelo mulkadar!

Rebele-se, operário armênio, jogado para as montanhas improdutivas!

Rebele-se, Árabes e afegãos, perdidos nos desertos arenosos e isolados de todo o mundo pelos ingleses!

Rebelem-se, todos vocês, pela luta contra o inimigo comum – a Inglaterra Imperialista!

Balancem alto a bandeira vermelha da guerra sagrada!

Esta é uma guerra sagrada pela libertação dos povos do Oriente, de maneira que a humanidade não mais seja dividida em opressores e oprimidos, pela completa igualdade de todos os povos e tribos, independentemente da linguagem que falam, independentemente da cor de sua pele, não importa a religião que professe!

Uma guerra sagrada para por fim à divisão de países em avançados e atrasados, dependentes e independentes, metrópoles e colônias!

Uma guerra sagrada pela libertação de toda a humanidade do jugo da escravidão imperialista e capitalista, pela eliminação de qualquer opressão de um povo por um povo, e qualquer exploração do homem pelo homem!

Uma guerra sagrada contra a última fortaleza do capitalismo e Imperialismo na Europa, contra o ninho de ladrões no mar e na terra, contra o eterno opressor de todos os povos do oriente, contra a Inglaterra Imperialista!

Uma guerra sagrada pela liberdade, independência e felicidade de todos os povos do Leste, todos os milhões de operários e camponeses escravizados pela Inglaterra!

Povos do Oriente! Nesta guerra sagrada, todos os operários revolucionários e camponeses oprimidos do Ocidente estarão com você. Eles irão te ajudar. Irão lutar e morrer com vocês.

É o primeiro Congresso dos Representantes dos Povos do Oriente que fala a vocês.

Viva a união de todos os camponeses e trabalhadores do Oriente e do Ocidente, a união de todos os operários, de todos os oprimidos e explorados!

Viva seu corpo militante – a Internacional Comunista!

Que a guerra sagrada dos povos do oriente e os operários de todo o mundo possam queimar com um fogo insaciável a Inglaterra Imperialista!

Membros honorários do Presidium

Radek (Rússia), Bela-Kun (Hungria), Rosmer (França), Quelch (Inglaterra), Reed (EUA), Steinhart-Gruber (Áustria), Janson (Holanda), Shablin (Federação Balcânica), Yoshiharo (Japão). Zinoviev, Presidente do Congresso

Membros do Presidium:

Ryskulov, Abdurashidov, Karriev (Turquestão), Mustala, Subhi (Turquia), Van (China), Karid (Lidisi), Mulabekdzhan, Rakhmanov (Khiva), Mukhamedov (Bucara), Korkmasov (Daguestão), Digurov (Região de Terek), Aliev (Cáucaso Norte), Kostanyan (Armênia), Narimanov (Azerbaijão), Yenikeyev (Tartaristão), Amur-Sanan (Calmúquia), Makharadze (Georgia), Haidar Khan (Pérsia), Aga-Zade (Afeganistão), Narbutabekov (Tashkent), Makhmudov (Fergan), Takhsim-Baarri, Khaavis-Mahomed (Anatolia), Kuleyev (Transcaspia), Niyas-Kuli (Turcomenistão), Kari-Tadzhi (Samarcanda), Nazyr-Sedyki (Índia), Sidadzhedin, Kardash-Ogly (Daguestão), Yelchiev, Musayev (Azerbaijão), Azim (Afeganistão), Abdulayev (Khiva).

Internacional Comunista

20 de dezembro de 1920

Tradução de Gabriel Duccini

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