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Félix de Athayde: Ah!mérica e Come e dorme



Félix Augusto de Athayde era “um intelectual não-acadêmico”, como ele mesmo costumava dizer. Jornalista e poeta, Athayde integrou os movimentos democráticos e populares de nosso País durante a tumultuada década de 1960. Seus poemas e escritos serviram como verdadeiras trincheiras para o nosso povo: contribuíram com o Centro Popular de Cultura da UNE (União Nacional dos Estudantes) e com as revistas Civilização Brasileira e Tempo Brasileiro.

Dedicou boa parte de teu fôlego criativo ao estudo da poética de seu camarada (e conterrâneo) João Cabral de Melo Neto. O estudo saiu dividido em duas obras, incontornáveis para quem deseja compreender melhor o autor de “Morte e Vida Severina”: “Idéias Fixas de João Cabral de Melo Neto” e “A Viagem ou Itinerário Intelectual que fez João Cabral de Melo Neto: do Racionalismo ao Materialismo Dialético”.

Ademais tivera profícua carreira como jornalista, trabalhando como articulista em grandes jornais brasileiros, como o “Última Hora”, a “Tribuna da Imprensa, “O Pasquim” e o “Jornal do Brasil”.

Seu filho, João de Athayde, mantém um blog onde disponibiliza gratuitamente boa parte da obra de Félix de Athayde.

Reproduziremos abaixo duas de suas poesias, retiradas dos “Cadernos do Povo Brasileiro – Poemas para a Liberdade. Violão de Rua (Volume II)”.

AH!MÉRICA

América do Norte: América rapina.

América da morte: América Latina.

América do Norte: América que come.

América de carga: América que paga.

América do Norte: América do muito.

América do povo: América do polvo.

América do Norte: América do tudo.

América sugada. América do nada.

América do Norte: América padrão.

América do pobre: América sem pão.

América do Norte: América patrão.

América Latina: Começa a dizer NÃO.


COME E DORME

O pobre lavra a terra (o seu dia é enorme) lavra a fome, a miséria: o rico come e dorme.


O pobre brita a pedra, (pedravida enorme) brita a fome, a miséria: o rico come e dorme.


O pobre amassa o pão. (a sua fome é enorme) Mas, quem que come o pão? O rico. Come e dorme.


Há fome no Brasil (a miséria é enorme) o pobre morre de fome: o rico come e dorme.


O rico faz a guerra (esse lucro enorme) o pobre come bala: o rico come e dorme.


O pobre pede pão (esse crime enorme) o rico dá cadeia: se benze, come e dorme.


O rico come e dorme. O rico dorme e come. Come a comida do pobre. O pobre dorme com fome.


A fome come o pobre porque a fome não dorme. O rico diz: foi Deus. Depois, come e dorme.


O sono cristão: enorme.

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