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Ho Chi Minh e o seu legado revolucionário

O Tio Ho
Nascido em 19 de maio de 1890, Nguyen Sinh Cung se tornaria o lendário revolucionário Ho Chi Minh (Aquele Que Ilumina) como forma de driblar a repressão, tanto na Indochina (colônia francesa) como na própria França onde foi operário e trabalhou como garçom entre 1917 a 1923. Seu estilo de vida, com uma disciplina espartana, era simples e despertou a confiança, primeiro, dos mais próximos, depois, da grande maioria do povo vietnamita que vivia subjugado pelo colonialismo francês.
Ho, durante os sete anos que viveu em Moscou, realizou cursos superiores de marxismo-leninismo e se tornou quadro da Internacional Comunista. Um militante do recém-criado Partido Comunista do Brasil, Rodolpho Coutinho, durante sua estadia na capital soviética, também quadro da Komintern, foi amigo de Ho e dividiu quarto com o líder indochinês. Em 1930, ainda como agente da Internacional, em Hong Kong, junto a Pham Van Dong e um grupo de indochineses exilados, funda o Partido Comunista da Indochina, clandestino. A guerra revolucionária pela independência seria vitoriosa após 15 anos de luta e milhões de perdas humanas. As lutas revolucionárias haviam entrado em um novo patamar. Nasceria, em 2 de setembro de 1945, com o fim da colônia francesa Indochina, a república Democrática do Vietnã (sua parte Norte ficaria sob controle das forças de libertação, lideradas pelo Partido Comunista do Vietnã).
A parte Norte do Vietnã, onde mais de 80% da população era camponesa e pobre, logo após a vitória da Frente de Libertação sobre os franceses e a declaração de Independência, passou por uma reforma agrária radical, projetada pelo dirigente comunista Truong Chinh, deu-se o “cumprimento de duas tarefas unidas entre si: a de continuar a revolução democrático-popular e a de realizar a revolução socialista”. Era claro a proximidade de Ho com o Pensamento Mao Tsé-tung.
Depois da vitória sobre os franceses, veio a luta agora seria para unificar o país. Mas os Estados Unidos não deixariam o povo vietnamita soberano e interviria no país, provocando uma agressão sem precedentes no mundo. Desde fevereiro de 1965, quando os norte-americanos começaram a agressão, foram milhões de toneladas de bombas jogadas sobre o Vietnã do norte, destruindo fábricas, refinarias de petróleo, rodovias, ferrovias, pontes, prédios e matando milhões de vietnamitas. Como estratégia de defesa, o presidente Ho decidiu transferir a indústria para locais subterrâneos ou cavernas, fugindo, assim, das bombas e continuando a produção no país. Entre 1945 a 1975 (ano da unificação do país), o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto vietnamita chegou a 6,1% e a produção industrial aumentou aproximadamente 150%. Já em 1960 o analfabetismo, que chegava aos 95% da população até a libertação, em 1945, foi erradicado graças aos esforços do Partido e das políticas avançadas de desenvolvimento nacional, assim como o número de universidades no país passou de 3 para 35 (com 90 mil universitários) neste mesmo período. Este cenário, de crescimento e desenvolvimento, mesmo com a luta revolucionária e a guerra antiimperialista contra os Estados Unidos, é o legado deixado por Ho.
A morte de Ho
Ho Chi Minh “morreria” pelo menos três vezes. Em 1933, quando ainda estava em Hong Kong, fora preso e internado numa enfermaria do presídio com tuberculose, dado como morto pelas autoridades inglesas, mas conseguira fugir. A outra “morte”, por prisão e execução pelos japoneses, aconteceu em 1942, pouco tempo depois da fundação da Frente de Libertação do Vietnã (Viet Minh) e vivendo na China ocupada pelo Império japonês. Tudo não passaria de outro engano, graças a uma tradução mal feita de um comunicado, feito pelo intérprete da FLV. A prova de que estaria vivo seria um poema escrito pelo líder vietnamita:
As nuvens abraçam os montes.
As serras estreitam as nuvens.
Solitário, de coração mudo.
Sigo sondando ao longe o céu do Sul:
Eu penso nos meus amigos.
A verdadeira morte do grande líder revolucionário e símbolo da luta dos povos contra o imperialismo aconteceria, de fato, em 2 de setembro de 1969. Milhões de vietnamitas, que o amavam, choram até hoje a perda do Tio Ho.
Por Clóvis Manfrini
Referências:
Artigo do professor Nguyen Viet Thao: O socialismo no Vietnã: de 1945 até a atual renovação