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O imperialismo norte-americano move suas peças no Golfo Pérsico

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • 17 de jun. de 2017
  • 4 min de leitura

No dia 05 de Junho diversos veículos de informação pelo mundo noticiaram o rompimento diplomático de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, com o Catar. Além disso, os países mencionados suspenderam as rotas terrestres (sendo que 90% dos produtos importados da Arábia são por essas vias), as comunicações marítimas e aéreas com o Qatar, afetando em cheio uma das maiores companhias aéreas do mundo, a Qatar Airways, que foi banida de alguns dos seus maiores mercados de atuação. Posteriormente Líbia, Iêmen, Maldivas, Comores e Mauritânia também somaram ao bloqueio diplomático. Como se não bastasse tais retaliações, o Catar foi excluído da coalização de múltiplas nações da região que intervém no gravíssimo conflito no Iêmen.


Os pequenos do Golfo, Kuwait e Omã, procuraram não intervir como a Turquia, aliada do Catar que se mantém em silêncio. Uma grande parte dos investimentos estrangeiros na Turquia vem do Catar. Os dois países possuem um acordo de defesa, em que Istambul promete proteção em caso de agressões externas ao Catar. Além de haverem as ligações pútridas no apoio a Al Qaeda e outros grupos takfiris no conflito da Síria.


Quais foram as motivações? Liderados pela Arábia Saudita, esses países acusam o Qatar de financiar terroristas e desordenar o cenário no Oriente Médio. Existe ironia maior? O último país que deveria apontar o dedo em direção a Doha e levantar acusações sobre apoio aos terroristas, é a monarquia disfuncional e retrógrada da casa de Saud. Somos mais do que cientes – e abundam provas neste sentido – do papel desse paraíso da ideologia Wahhabi no amparo do terrorismo no Iraque, Síria e em tantas outras nações.


Os atritos, na verdade, remontam a tempos anteriores. Faz tempo que existem divergências entre Riad e Doha, principalmente na questão energética. O petróleo saudita compete com o gás natural do Catar na região do Oriente Médio e fora dela; choques entre grupos, tribos e famílias cataris e sauditas também existem a tempos, de modo que podemos definir o cenário regional como uma briga de compadres. De outro lado temos a qatarenses poderosa Al Jazeera, uma das maiores emissoras do mundo, exercendo grande influência na região.


A mola propulsora do isolamento diplomático foi a visita de Trump à Arábia Saudita. O presidente norte-americano deixou bem claro que a Arábia Saudita é a manda chuva do mundo árabe e bastião maior dos Estados Unidos na região.


Os sauditas gastaram 100 bilhões de dólares assinando um tratado de armas com os Estados Unidos, o que irá consumir a maior parte das reservas financeiras do país [1]. O presidente americano foi direto aos sauditas para que consigam mais dinheiro, para mais apoio militar estadunidense.


E por qual via conseguir esse dinheiro? Pilhando o seu vizinho. O funcionamento da Arábia Saudita desde a sua fundação em 1932 se baseia no roubo e no saque. No presente momento, os sauditas têm como meta dois planos de atuação no Golfo Pérsico: primeiramente submeter Doha aos seus anseios, como fez com o Iêmen, para depois obter as reservas de dinheiro qatari. E, além disso, as abundantes reservas de gás natural do Catar também estão em jogo.


Após apontar a visita de Trump e as claras intenções dos Estados Unidos no local, devemos nos deter a questão do Irã. O racha diplomático entre as nações do Golfo Pérsico e o Catar foi gerado pela notícia de uma mídia qatari, que publicou uma suposta declarações do emir do Catar, Tamim Bin Hamad al Thani, a favor da normalização das relações com o Irã. Prontamente o Ministério das Relações Exteriores do Catar afirmou que o discurso era falso, culpando hackers que haviam atacado o site da agência. A estória não foi aceita pela Arábia Saudita e seus aliados do Golfo. O estopim teria sido um resgate de bilhões de dólares aos funcionários de segurança iranianos e a um grupo afiliado à rede terrorista Al-Qaeda para libertar 26 membros da família real qatari, que foram capturados quando estavam caçando com falcões no sul do Iraque. Uma das mais vitais motivações dos ianques é impedir que os países estabeleçam relações com o soberano Irã, a tarefa da hora é ilhar cada vez mais este que é seu possível próximo alvo direto do Oriente Médio.


As questões estratégicas também estão em cena, o exército dos Estados Unidos tem grandes interesses no Catar e nos outros países do Golfo Pérsico. A sua base de Al-Udeid, no Catar, é a maior base aérea dos Estados Unidos no Oriente Médio.


Outro ponto chave é o conflito no Iêmen. Existe um lobby pela Arábia Saudita e Emirados contra o Catar, onde se insere esse conflito. Os sauditas apoiam o governo fantoche de Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi no Iêmen e lutam há dois anos contra os Houthis, no Norte, ao lado de outros estados do Golfo, entre eles, o Catar. Acusam sem fundamento os Houthis de estarem recebendo apoio iraniano.


Não podemos perder de vista que o Catar não é o mocinho do Golfo Pérsico, que está sofrendo com as más intenções dos vilões. O país apoia grupos extremistas como a Frente Al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria, desde os princípios do conflito neste país.


O Catar é um fracasso democrático, já que as últimas eleições foram realizadas em 1970 e os partidos políticos são proibidos. A Copa do Mundo FIFA de 2022 também vem gerando danos aos direitos humanos nos locais de obras para o certame.


Podemos concluir de todas essas facetas que os Estados Unidos e seu refém no Oriente Médio, a Arábia Saudita, não vão aceitar dissidências ou inclinações ao Irã, um dos integrantes do bloco econômico eurasiático. Os lucros dos monopólios não podem oscilar. Qualquer voz que se oponha aos interesses da monarquia Saudita na região, deverá ser esmagada com a benção dos Estados Unidos. A Arábia Saudita, com apoio americano, desencadeou uma campanha para finalmente subjugar o Catar até a condição de estado cliente.


As sanções econômicas contra o Catar vão ter consequências graves, o Irã já se dispôs a fornecer água e alimento ao país agredido [2] e os diálogos com Moscou em busca de amparo já se iniciaram [3].


A Arábia Saudita está se preparando para invadir o país [4] e, em resumo, o cenário para o Catar é desolador. O curso das coisas caminham a passos largos para a pilhagem e consequente destruição de mais um país do Oriente Médio.


Notas

[1] http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKBN1812AT-OBRWD

[2]https://oglobo.globo.com/mundo/qatar-negocia-fornecimento-de-agua-alimentos-com-turquia-ira-21445649

[3]https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/201706108617347-qatar-moscou-lavrov-chanceler-encontro-crise/

[4]https://br.sputniknews.com/opiniao/201706078587495-arabia-saudita-preparando-invadir-qatar/

André de Lucas

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