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Cem anos depois, prossegue a luta dos comunistas e a derrocada inevitável do imperialismo


No último dia 11/03, a Carta Capital, revista autointitulada “progressista” e “democrática”, reproduziu em sua página de internet o artigo “O que sobrou do comunismo?”, do veículo de comunicações alemão Deutsche Welle. Dizem eles que “cem anos após a Revolução Russa, sistema e suas ideologias e estruturas sobrevivem em diversas expressões”. O veículo se esforça por colocar o socialismo e o comunismo no mesmo balaio que “fantasias de poder” que “constroem estátuas a si mesmas”, ao mesmo tempo em que dá a entender que para o socialismo e o comunismo não restaria espaço além dos museus – construídos naturalmente por empresas ligadas às forças do anticomunismo, para quem tais “museus” nada mais serviriam de meio para denegrir e fazer confusões em torno da imagem dos comunistas.


Para quem se arroga a querer especular sobre este panorama tão complexo de qual seria o espaço a ser ocupado pelo socialismo e o comunismo nos dias de hoje, a Deutsche Welle comete em seu artigo uma inconsistência histórica terrível. Diz-se que o comunismo foi um “projeto” de poder “iniciado” com a Revolução Russa de fevereiro de 1917. O autor do artigo parece não ter a menor familiaridade com os fatos históricos que antecederam a construção do socialismo na Rússia e posteriormente na União Soviética. A revolução russa de fevereiro nada teve de comunista, ainda que contasse sim com a honrosa participação e apoio ativo dos mesmos. Essa fora uma revolução de caráter democrático-burguês, que agregou um escopo enorme de forças políticas, até mesmo forças políticas burguesas, liberais e anticomunistas, na derrubada do odioso regime da dinastia burguesa-feudal czarista, que na época tinha a sua frente o rei Nicolau II. A reunião desse raio tão grande de forças políticas com visões, concepções e programas tão diferentes entre si não seria possível sem que estivesse explícito já há muitos anos o caráter anti-povo deste regime. O regime czarista foi responsável pelo massacre de milhares de operários e manifestantes durante a Revolução russa de 1905, num episódio até hoje lembrado amargamente como o “Domingo Sangrento” do czarismo. Em sua vã ambição de expandir o imperialismo russo para o Extremo Oriente e converter a Coreia numa colônia sua, a Rússia foi simplesmente esmagada pelo Japão – uma potência imperialista muito mais avançada e que recebia ajuda logística e militar das potências imperialistas ocidentais, como a Inglaterra – na Guerra Russo Japonesa de 1904-1905. Para a Rússia sobrou nada mais que indenizações bilionárias de guerra – as quais, para conseguir honrar, teve de tomar empréstimos de banqueiros estrangeiros e aumentar impostos diretos e indiretos que massacravam duramente a classe operária e o campesinato – e a perda de sua soberania em parte de seu território, as Ilhas Sakhalina. Além de incapaz de desenvolver profundamente a própria industrialização no país, o czarismo permitia aos grandes latifundiários massacrarem o pauperizado campesinato através de formas medievais, que pouco se diferenciavam da mais odiosa escravidão. Não bastando isso, o regime czarista cumpriu seu papel de cão de guarda dos imperialistas ingleses e colocou o país na Primeira Guerra Mundial, para que os soldados russos, os operários e camponeses, servissem como bucha de canhão para garantir os lucros dos capitalistas ingleses e franceses. É de se observar que a derrubada do czarismo, que mantinha a Rússia como o “cárcere dos povos”, teve um caráter profundamente popular, tratando-se de uma demanda de muitos anos das amplas camadas do povo russo. Ao cunhar a revolução russa de fevereiro de 1917 de forma pejorativa, como um início “projeto de poder dos comunistas”, a Deutsche Welle apresenta de forma implícita sua tentativa de conciliar nostalgicamente com os velhos czaristas, verdugos do povo russo.


O comunismo não é uma “fantasia autocrática de poder”, tampouco se iniciou em 1917. O comunismo é nada mais que a expressão – fundamentada teoricamente – da luta de classes real, que se desenvolve de forma concreta e palpável desde os primórdios do capitalismo, entre os operários e os capitalistas, que já era latente séculos antes de 1917. Os comunistas não baseiam seu programa político em desejos pessoais, no que melhor “poderia ser” a sociedade segundo seus próprios conceitos internalizados. O comunismo não “inventa” ou tira da própria cabeça uma sociedade ideal e a melhor possível – ao contrário, o comunismo estuda a sociedade capitalista em seu processo de nascimento, desenvolvimento e decadência, identifica corretamente que todas as formas de sociedade pelas quais a humanidade já passou são dependentes de leis gerais que se desenvolvem independentemente da vontade consciente do homem, e conclui que, tal como no passado o feudalismo e a escravidão passaram a se constituir como entraves ao desenvolvimento das forças produtivas, nos dias de hoje são as relações de produção capitalistas aquelas que representam o principal e crônico entrave ao avanço das forças produtivas, ao progresso da humanidade. O capitalismo amargura sua própria contradição antagônica, inerente a si, que é o antagonismo entre a produção que sob o capitalismo assume um caráter cada vez mais social, e a apropriação privada, pelos capitalistas, de seus frutos, o que por sua vez engendra as crises de superprodução e faz do regime burguês o mais poderoso empecilho para o progresso. Gerando suas crises de superprodução e destruindo a si mesmo, o capitalismo porém não gera apenas as condições objetivas para a sua superação, mas também a força mais revolucionária de toda a sociedade, a mais interessada na destruição de toda exploração e opressão, que é a classe operária, que sob o capitalismo apenas cresce e se desenvolve incessantemente. À classe operária cabe a missão histórica de colocar as relações de produção da sociedade em ressonância com o caráter do desenvolvimento das forças produtivas, isto é, colocar toda a produção que sob o capitalismo assume um caráter crescentemente social, sob uma forma de propriedade que também seja social, de todo o povo, adequando as relações de produção às forças produtivas, abrindo para estas uma capacidade ilimitada de desenvolvimento que não é impedida pelas chagas inerentes ao capitalismo, como a superprodução, o desemprego, a miséria e a pobreza. Longe assim de ser uma fantasia, ao contrário, o princípio do comunismo é partir da concretude para a formulação de programas políticos consistentes e para construir um partido que esteja altura das tarefas impostas pela realidade.


Respondendo já à provocação contida já no título do artigo, “o que sobrou do comunismo” cem anos após a vitória da revolução socialista de outubro? Que espaços o mundo de hoje reserva ao comunismo?


Para os comunistas, é reservado o lugar histórico de vanguarda das lutas de libertação nacional em países do Terceiro Mundo nos tempos atuais. Cabe citarmos alguns casos de maior relevo: a partir do ano de 1996, o Partido Comunista do Nepal (Maoísta) dirigiu uma imensa guerra popular de libertação neste país, chegando a colocar 80% do território do Nepal sob o poder político vermelho, ainda que sob a traição dos revisionistas este tenha capitulado no ano de 2006. Não obstante, é de suma importância mencionar a guerra civil no Nepal. Os comunistas lograram derrubar a retrógrada monarquia feudal e lacaia do rei Gyanendra, traidor nacional, e estabeleceram aí uma república federativa democrático-burguesa. Na Índia semicolonial e semifeudal, tida pelo anticomunismo como a “maior democracia do mundo”, o Partido Comunista da Índia (Maoísta) dirige também, desde 1967, uma imensa guerra popular de libertação que já possui como ganhos políticos um terço do território nacional (o famoso “Corredor Vermelho”) como área de operação do Exército Guerrilheiro de Libertação do Povo (EGLP), dirigido pelo Partido Comunista, que já mobiliza neste mesmo exército um contingente de cerca de 100 mil soldados e, através do mesmo, já estabeleceu seu governo democrático-popular numa área onde atualmente vivem mais de 50 milhões de pessoas, contingente este superior à população de países inteiros. É bastante curioso que um movimento cujo lugar não se situa além do nostalgismo e dos museus seja capaz de uma mobilização tão ampla, e de ser considerado pelas forças reacionárias indianas como a “principal ameaça à segurança interna do país”. Nas Filipinas, o Partido Comunista também está à frente do processo de libertação nacional que dirige desde o ano de 1969, comandando o Novo Exército Popular com um efetivo de 10 mil soldados. O Partido Comunista das Filipinas já se apresenta como a principal força política do movimento popular a nível, mobilizando milhões de operários e camponeses para a guerra popular e impondo sobre o exército fascista filipino duros golpes, que de duros que são, mesmo a imprensa reacionária local não é capaz de escondê-los. Nas Filipinas, as forças revolucionárias dirigidas pelos comunistas marcham a passos largos para uma situação de equilíbrio estratégico com o governo, tendo em vista a futura passagem para a ofensiva estratégica da guerra popular, quando se coloca em questão a tomada do poder nas principais cidades do país. A realidade demonstra assim que o comunismo, longe de ser relegado aos museus, à “cultura pop”, às “ideologias e estruturas”, é uma força política de grande relevância para o mundo atual que, graças aos instrumentos dados pelos grandes teóricos Marx, Engels, Lenin, Stalin e Mao, quer dizer, o materialismo dialético, a economia política proletária e o socialismo científico, é capaz de enxergar para muito além da visão estreita de pretensos “especialistas” e concluir que não haverá saída para as massas trabalhadoras fora da revolução proletária. Se já se pode afirmar com toda a certeza acerca da enorme relevância dos comunistas, pode-se afirmar com ainda mais certeza que, para se converterem em força hegemônica no movimento popular de diversos países, não passa de questão de tempo.


“O que restou do comunismo” foi o mesmo servir como bússola que aponta – cem anos após a grande Revolução – o caminho da humanidade para sua inevitável libertação. A queda da União Soviética e dos países do bloco democrático-popular do Leste Europeu, em que pesem ter sido um enorme golpe sobre a revolução proletária no mundo, não foram mais que breves desvios geralmente inevitáveis de acontecer na trajetória da luta revolucionária de qualquer povo. De qualquer forma, não há quaisquer dúvidas de nossa parte: o imperialismo norte-americano será derrotado, o comunismo será construído e os povos do mundo serão vitoriosos.

Alexandre Rosendo

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